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Como melhorar os relacionamentos na quarentena?

Seja com o parceiro, pais ou filhos, a convivência pode ser mais difícil nesse período. Entenda o que fazer em diferentes situações

Por Amanda Panteri
Atualizado em 16 abr 2020, 15h34 - Publicado em 16 abr 2020, 09h16

Estresse, tensão, insegurança e medo. Muita gente concorda que esses sentimentos estão aparecendo com mais frequência agora, com a pandemia de COVID-19. Infelizmente, as sensações negativas podem não só afetar a nós mesmos, como prejudicar as relações com as pessoas ao nosso redor. “Quando estamos fragilizados e sensíveis, nos deixamos levar mais pela emoção do que pela razão. E, desse modo, ficamos mais suscetíveis a nos comunicar de forma mais ríspida, gerando conflitos”, explica Marie Bendelac Ururahy (@mariebendelac), especialista em Comunicação Não-Violenta (CNV) e empatia.

Contudo, é possível adotar pequenos hábitos para melhorar a convivência. A seguir, confira as dicas de uma especialista e veja o que é possível fazer nas suas relações: 

Como melhorar a convivência com o/a parceiro/a: 

A base para uma boa relação é o diálogo. “Não se feche em si mesmo e nem ignore a presença do outro [isso só piora as coisas]. A convivência se torna mais pacífica e agradável quando há respeito de ambas as partes”, aconselha a psicóloga Deise Iara dos Santos, do Hospital Adventista Silvestre Itaboraí. Ainda de acordo com ela, o casal precisa sentar para refletir sobre três seguintes pontos: como tirar forças e enfrentar o período atual; quais atitudes tomar se as coisas apertarem; e o que cada um pode fazer individualmente para melhorar a situação. 

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O segundo passo seria, então, praticar a empatia e se colocar no lugar do outro. “E entender está difícil não só para uma pessoa. Desse modo, você pode pensar em como agir para não magoar e como expressar melhor o que está sentindo”, continua a psicóloga. 

Depois, crie uma nova rotina, respeitando a divisão de tarefas e entendendo que cada um vai fazer o que for possível dentro de suas próprias limitações (e dada a atual situação, é claro). “Defina o local de trabalho, organize o tempo com os filhos. Fazer exercício físico nunca foi tão importante, pois ajuda muito na saúde mental”, recomenda Rafael Cobra (@metodocobra), palestrante e produtor de conteúdo digital. 

E por que não resgatar um hábito que o casal goste? Fazer uma espécie de clube de leitura à dois, ouvir músicas, dançar, cozinhar, jogar ou assistir filmes. Afinal, de vez em quando é bom esquecer das tarefas e obrigações. 

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Como melhorar a relação com os filhos: 

Nesse caso, tenha paciência e explique quantas vezes for necessário o que está acontecendo. “As conversas devem sempre conter uma linguagem apropriada para a faixa etária das crianças. Assim, haverá compreensão sobre as mudanças repentinas”, diz a psicóloga. 

Mas fique atento. “Mesmo sorrindo e brincando, a criança pode estar vivenciando um luto. Por isso é tão necessário que o pequeno entenda a questão da prevenção, que envolve o afastamento da vida social, dos amigos e da escola: ele precisa ser inserido no contexto, valorizando o seu papel e se sentindo útil no combate à pandemia.” 

Como melhorar a relação com os idosos: 

Mesmo fazendo parte do grupo de risco, muitos têm uma vontade enorme de sair e passear, pois ficam muito solitários. “Faça o idoso compreender que estar em casa significa a preservação da sua vida. Além disso, distraia-o: converse diariamente com ele, relembre os momentos felizes, envolva-o em atividades prazerosas, invista em trabalhos artísticos, culinários, de jardinagem ou até com os pets”, diz Deise.

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Como melhorar a relação com um colega de apartamento: 

Aqui, a convivência pode ser um pouco mais complicada por conta da falta de intimidade. Então vale tentar criar laços com o outro. “Aproveite o período para observar melhor a pessoa com quem você costumava conviver apenas alguma horas por dia. Busque virtudes e pontos positivos, tente começar diálogos e uma aproximação melhor. Tenha em mente que ninguém consegue mudar o outro, mas podemos nos adaptar às situações.” 

Comunicação não-violenta

Marie Bendelac Ururahy sentiu que precisava melhorar as suas relações ao vir morar no Brasil, há 11 anos. A francesa formada em administração se apaixonou então pela psicologia e começou a se interessar cada vez mais pela comunicação não-violenta (CNV). “Hoje, depois de muitos anos e diversas formações nacionais e internacionais, ajudo inúmeros clientes a se expressarem de maneira mais construtiva”, ela conta. 

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O conceito, explica, surgiu nos anos 60 e foi idealizado por Marshall Rosenberg durante o período de segregação racial nos Estados Unidos. “Ele percebeu que alguns padrões de linguagem fomentam a violência, já outros desarmam. E que tudo isso é sistêmico: fazemos parte de uma sociedade onde um sempre quer exercer poder sobre o outro.”

Mas como a violência pode ser demonstrada pela linguagem? O primeiro modo, e o mais óbvio, é por meio do grito. Já outras formas não são tão óbvias, mas igualmente ruins. “Também há a intimidação, indireta e imposição”, diz Marie. 

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Ela nos dá um exemplo: quando falamos “estou muito triste com você porque você nunca arruma seu quarto”, a pessoa se sente compelida a fazer o que você quer por medo, culpa ou até vergonha. Sem contar que há uma generalização — você supõe que o outro nunca arruma o quarto, sem nem refletir se isso realmente é verdade ou não. 

Uma saída então, é reformular a frase para “eu já pedi três vezes para você arrumar o quarto, e você ainda não o fez. Estou cheio de tarefas e preciso da sua ajuda”. Desse modo, você é mais objetivo e traz argumentos reais que defendem seu ponto de vista. 

Mas o que fazer quando o outro é violento no modo de falar? “Procure ouvir, manter a calma e não interrompa a pessoa. Depois, responda com perguntas que mostrem seu lado. Um dos pilares da CNV é a escuta empática.” 

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