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10 dúvidas sobre os exames que detectam o câncer de mama

A mamografia é o melhor exame para diagnóstico a doença? Descubra a resposta para esta e outras dúvidas relacionadas à doença

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 06h33 - Publicado em 22 jul 2014, 22h00

Um estudo canadense publicado na conceituada revista científica Brittish Medical Journal questionou a mamografia para o diagnóstico precoce de câncer de mama. Mas os especialistas brasileiros reconhecem a validade dela. Confira as indicações desse e de outros exames e quando começar a se preocupar em avaliar a saúde dos seus seios

1. O que é mamografia?
É o exame-padrão para o diagnóstico de câncer de mama. Permite detectar o tumor em fase inicial, quando mede milímetros e ainda não é palpável. Na mamografia analógica, o seio é comprimido e exposto aos raios X. São tiradas duas chapas (frente e lateral) e as imagens gravadas em um filme. Os equipamentos digitais dispensam os filmes: as imagens são mostradas na tela de computador. No Brasil, a maioria dos aparelhos é analógica.

2. Quando a mamografia de rotina deve ser iniciada?
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) recomenda que ela seja feita a cada dois anos, dos 50 anos aos 69 anos – faixa de maior incidência de câncer de mama. Mas organizações como a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) defendem a mamografia anual a partir dos 40 anos.

3. Antes dos 40 anos, que exames são aconselhados?
O autoexame mensal e a palpação anual pelo ginecologista. Caso se perceba alguma alteração, como presença de caroço, retração de pele não associada à inflamação, mudança no formato, na textura ou no tamanho do seio, inversão do mamilo ou saída de secreção, o médico pode solicitar uma mamografia. Daí não se trata de exame de rastreamento, mas de diagnóstico, em busca de explicações para a modificação observada.

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4. E se houver histórico de câncer de mama na família?
Cerca de 90% das mulheres que desenvolvem esse tumor não têm ninguém na família com o mesmo problema. Só em 10% é hereditário, mas considera-se alto o risco de câncer de mama quando um ou mais parentes em primeiro grau tiveram a doença, em especial se aparecer antes da menopausa. Nesse caso, a indicação é iniciar a avaliação dez anos antes da idade em que o câncer de mama surgiu no familiar. Pode, inclusive, ser indicado o teste genético, em busca de mutações que predisponham ao câncer. De acordo com o mastologista José Luis Esteves Francisco, presidente da Comissão de Imaginologia da Sociedade Brasileira de Mastologia, ele apresenta pelo menos dois inconvenientes: o custo alto e, se der positivo, o risco de o tumor se apresentar pode chegar a 85%, por isso a mulher deve estar preparada para investir em medidas de prevenção e às vezes adotar atitudes mais drásticas, como a mastectomia profilática (retirada das mamas).

5. Por que a mamografia aperta tanto os seios?
“Para separar as estruturas internas e torná-las mais visíveis”, explica a radiologista Selma de Pace Bauab, membro da Comissão Nacional de Mamografia e da Sociedade Brasileira de Mastologia. A sensação dolorosa costuma ser maior no período pré-menstrual porque os seios ficam mais sensíveis. É melhor marcar o exame para depois da menstruação.

6. É verdade que a mamografia não é o melhor exame para quem tem mamas densas?
Segundo Francisco, a pesquisa sempre começa com a mamografia, mas, em mulheres com mamas densas e mais fibrosas, a visibilidade não é boa. Nesses casos, é comum solicitar a ultrassonografia como complementação. Esse exame permite diferenciar nódulos líquidos e sólidos (os últimos podem ser malignos) e ver tumores não observados na mamografia.

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7. A ressonância magnética não seria a melhor opção?
Esse método, que capta imagens tridimensionais dos seios, não é solicitado como rotina. “O exame demora de 30 a 40 minutos, tem custo alto e poucos serviços dispõem da bobina específica para estudar as mamas”, diz o mastologista. Fora isso, a ressonância identifica alterações mínimas que podem levar a biópsias desnecessárias. É indicado quando já há o diagnóstico de câncer para observar mais detalhes e programar melhor o tratamento.

8. A mamografia reduz a mortalidade por câncer?
Há estudos feitos na Suécia que mostram uma queda de 15 a 30% na mortalidade. Já no trabalho publicado no Brittish Medical Journal, a redução foi de apenas 8%. Os pesquisadores canadenses acompanharam 90 mil mulheres entre 49 e 59 anos durante 25 anos e concluíram que um em cada cinco casos de câncer de mama diagnosticados pelo exame durante o estudo não representava uma ameaça à saúde, portanto não precisaria ser combatido com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. É o que os especialistas chamam de “overdiagnose”, isto é, diagnóstico exagerado. “De fato, nem todo câncer descoberto no início evolui de modo lesivo”, diz José Luis Esteves Francisco. “O problema é que não temos um marcador definitivo que nos diga qual vai ficar naquele estágio e qual vai evoluir e destruir a mama. Às vezes, tumores pequenos podem ser muito agressivos. Na dúvida, removemos e tratamos.”

9. É importante a mulher dizer que tem silicone?
Sim. A prótese pode dificultar a visualização de tumores. “Mas existem manobras que aumentam o campo de visão na mamografia”, diz Selma. A primeira parte do exame é igual e, na segunda, o técnico empurra a prótese e comprime apenas o tecido mamário.

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10. O que pode ser feito para a doença ser prevenida?
O principal é manter uma boa qualidade de vida: ter uma alimentação saudável, fazer exercícios regularmente, evitar bebida alcoólica e fugir dos quilos a mais, em especial depois da menopausa. A maternidade protege contra esse tumor se a mulher tiver filhos antes dos 35 anos de idade e amamentá-los.

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