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10 mitos e verdades sobre a AIDS

Tire suas dúvidas e saiba se prevenir desse mal que causa estragos há três décadas.

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 00h25 - Publicado em 10 abr 2014, 22h00

Dados demonstram que, só em 2012, foram registrados 39 mil novos casos de AIDS e 12 mil mortes pela doença no Brasil.
Foto: Karine Basilio

1. Sou mulher, heterossexual e não uso drogas. Portanto, não preciso me preocupar com a AIDS.Mito. A AIDS é um problema de todos. Hoje não se fala em grupo de risco, mas em situação de vulnerabilidade, explica a psicóloga Iracema Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Sbrash): “Não usar preservativo na relação sexual é se colocar em condição vulnerável. Cada um de nós precisa assumir a responsabilidade por sua saúde”.

2. Todo portador do HIV tem AIDS.
Mito. Um portador do HIV passa a ser considerado doente de AIDS quando apresenta a deterioração do sistema imunológico. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca os linfócitos CD4, que produzem anticorpos. Os que não têm sintomas nem sinal da doença são chamados soropositivos e podem transmitir o vírus. Uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada e talvez nem saiba.

Segundo o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, o surgimento dos sintomas dependem da saúde do portador. As doenças oportunistas – como herpes, tuberculose e pneumonia – demoram, em média de cinco a dez anos para se manifestar. Durante esse período, a pessoa pode ficar assintomática. Os primeiros sinais podem ser leves (febre, diarreia, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos) ou severos (pneumonias graves, diarreia persistente, emagrecimento intenso, placas de candidíase na língua e na boca, alterações no sistema nervoso).

3. O diagnóstico é feito apenas pelo exame de sangue.
Verdade. Há dois métodos: o exame convencional (Elisa) e o teste rápido em uma gota de sangue. As duas metodologias permitem detectar a presença de anticorpos contra o vírus HIV. Se der positivo ou reagente, é feito outro teste para confirmar o resultado, o Western Blot, que procura fragmentos do HIV, ou o PCR, que localiza material genético do vírus. O exame é solicitado na gravidez e pode ser realizado nos postos de saúde por qualquer pessoa que desconfie de exposição ao vírus (não usou camisinha no sexo com alguém que use drogas, por exemplo).
 

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4. Se der negativo, posso respirar aliviada.
Mito. Pode ser um falso negativo. Os testes aplicados dosam anticorpos contra o vírus. Se o contato for recente, você pode estar no que os especialistas chamam de janela imunológica, período em que a produção de anticorpos contra o HIV é insuficiente para ser detectada. Jean Gorinchteyn recomenda repetir o teste após quinze dias, três meses, seis meses e um ano

5. Para que o tratamento dê certo, é preciso iniciá-lo assim que o exame der positivo.
Mito. Até o ano passado, a terapia antirretroviral só era iniciada quando a contagem de CD4 estivesse abaixo de 500 unidades por milímetro cúbico de sangue ou o portador tivesse a partir de 55 anos de idade. O tratamento foi antecipado pelo Ministério da Saúde com o objetivo de reduzir a quantidade de vírus em circulação, para evitar a queda na resistência e o aparecimento de doenças oportunistas, e também diminuir as chances de transmitir o HIV a outras pessoas. Mas os remédios têm efeitos colaterais, como lipodistrofia (alteração na distribuição de gordura: ela some do rosto e se concentra na barriga) e aumento do colesterol e dos triglicérides, além de náuseas, vômitos e diarreias nas primeiras semanas de uso. “Alguns não toleram esses efeitos e abandonam a medicação. Com isso, o vírus pode se tornar resistente aos remédios”, alerta o infectologista.
 

6. Os novos coquetéis de drogas fizeram da AIDS uma doença crônica como hipertensão.
Mito. Os 21 antirretrovirais disponíveis na rede pública não matam o vírus. Mesmo que a carga viral fique indetectável, isto é, não haja mais indício do HIV no sangue, ele pode ter se escondido no cérebro, nos gânglios e em outros locais a salvo do nosso sistema de defesa e voltar a atacar, daí a necessidade de usar a medicação por toda a vida, informa Jean Gorinchteyn. Apesar da possibilidade de manter o HIV sob controle, o infectologista diz que não dá para comparar essa infecção a outras doenças crônicas porque ela exige cuidados no sexo e na hora de ter filhos e os portadores sofrem preconceitos.
 

7. É preciso haver penetração para transmitir o vírus.
Mito. Atualmente a principal via de transmissão é sexual, portanto o maior cuidado é usar preservativo em todos os momentos da relação, seja ela homo ou heterossexual. “Não apenas para a penetração do pênis na vagina ou do pênis no ânus, mas antes de qualquer contato com mucosa, sêmen e secreção vaginal, inclusive no sexo oral”, recomenda Iracema Teixeira. Outros cuidados importantes: não compartilhar seringas, agulhas e objetos cortantes e escolher com o máximo de critério dentistas, manicures e locais para a realização de tatuagem.
 

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8. Beijo transmite AIDS.
Mito. “O HIV foi achado na saliva, mas a composição dela consegue neutralizá-lo, a menos que a pessoa tenha alguma lesão grave na boca”, responde Iracema Teixeira.
 

9. Toda camisinha é 100% confiável.
Mito. Antes de transar, veja se o produto está dentro do prazo de validade e se tem a certificação do Inmetro. “As fluorescentes e com sabor devem ser usadas apenas como parte da brincadeira”, orienta Iracema Teixeira. “Na hora agá, prefira uma camisinha certificada. Preservativos não testados podem ter microperfurações, por onde o vírus passa.” Não guarde em locais expostos ao sol, como porta-luvas. Não abra a embalagem com os dentes e desenrole com cuidado, segurando na ponta para deixar uma folga para o ar.
 

10. Quem tem uma relação estável pode dispensar o preservativo.
Mito. “Abrir mão da camisinha requer uma conversa muito clara e um alto grau de confiança entre o casal, além da certeza de que ambos não estão infectados.” Para Iracema Teixeira, o foco não pode ser a monogamia. “Traições acontecem. Daí a importância de assumir o compromisso de usar preservativo nas relações extraconjugais para preservar quem se ama.”
 

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