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Como pegar sol durante a quarentena

O sol é importante para a nossa saúde física e também mental. Saiba como driblar a falta dos raios solares durante o isolamento

Por Claudia Garcia
Atualizado em 4 Maio 2020, 16h10 - Publicado em 4 Maio 2020, 07h00

Em condições normais, estaríamos muito mais preocupados em proteger a pele do sol do que aproveitar seus benefícios. A exposição excessiva aos raios UV é o principal fator de risco para o câncer de pele, além de acelerar o envelhecimento cutâneo. Porém, é importante procurar uma maneira de tomar sol durante a quarentena, já que com o isolamento social – necessário durante a pandemia de Covid-19 – a diminuição ou até mesmo a falta da luz solar por períodos prolongados pode afetar a saúde física e mental.

Um estudo realizado pela Universidade de Illinois, dos Estados Unidos, em 2014, mostrou que pessoas que contam com janelas em seu local de trabalho – ou seja, estão mais expostas à luz do sol – têm mais qualidade de sono e um melhor bem-estar geral, se comparados aos trabalhadores que passam o dia todo em ambientes fechados.

 

A importância da Vitamina D

Considerada um hormônio multifuncional, a vitamina D atua, entre outras funções, no funcionamento do sistema imunológico, auxilia na absorção de cálcio e tem um papel importante no equilíbrio do açúcar no sangue.

A falta desse nutriente está relacionada ao risco de problemas cardíacos, osteoporose, alguns tipos de câncer, doenças autoimunes como esclerose múltipla e diabetes, gripes e resfriados. Além disso, está associada a um aumento de até 75% no risco de depressão em pessoas com idade acima de 50 anos, de acordo com um estudo realizado na Irlanda e publicado no Journal of Post-Acute e Long-Term Care Medicine, em 2018.

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No entanto, várias pesquisas mostram que pessoas que vivem em ambientes urbanos são mais carentes desse micronutriente. Isso acontece porque elas passam grandes períodos em locais fechados e não se expõem ao sol – de longe, o melhor meio para a formação da vitamina D.

“A alimentação representa cerca de apenas 10% do total dos níveis sanguíneos dessa vitamina”, explica o especialista Renato Leça, oftalmologista, nutrólogo, pesquisador sobre vitamina D e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

Óleo de fígado de bacalhau, óleo de salmão, salmão selvagem, arenque fresco, sardinha enlatada com azeite e leite fortificado estão entre os alimentos mais ricos em vitamina D. Porém, sozinhos, não conseguem suprir a dosagem necessária.

Sol X Coronavírus

Há uma vantagem extra em tomar sol em tempos de Covid-19. “Em níveis adequados, a vitamina D ajuda a manter a resistência do organismo em dia. E vale salientar que, como não temos ainda anticorpos contra esse vírus, a principal linha de ataque do organismo acontece pela imunidade inata, que é modulada pela vitamina D. Daí sua grande importância para a defesa do nosso organismo”, diz Renato.

No Brasil, estudos mostram que 77% da população têm deficiência de vitamina D – ou seja, níveis abaixo de 20ng/ml. A dose ideal depende de cada indivíduo, por isso a importância do exame e do acompanhamento médico para saber se existe a necessidade de se fazer uma suplementação via oral, já que o excesso da vitamina pode causar danos aos rins, desidratação, fadiga e confusão mental.

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Como tomar sol com segurança durante a quarentena

Para que a vitamina D seja ativada, os especialistas recomendam, no mínimo, 15 minutos de exposição solar, pelo menos três vezes por semana, com os braços ou as pernas descobertos. E Renato explica que, mesmo que a recomendação da OMS seja do uso de protetor em exposição prolongada, o ideal é deixá-lo de lado durante esses 15 minutos (e se expor entre 11h e 13h, quando a incidência dos raios é maior), já que ele atrapalha a ativação das vias metabólicas de formação de vitamina D.

Para quem não tem quintal ou varanda em casa, é preciso encontrar algum local onde o sol possa entrar pela janela, que deve ficar sempre aberta, pois o vidro bloqueia a radiação UVB necessária para ativar a vitamina. Em último caso, uma volta rápida no quarteirão – sempre respeitando as regras de distanciamento e o uso de máscara –, pode ser uma alternativa.

É bom lembrar de evitar o sol por períodos prolongados em horários de maior incidência de raios UVA e UVB. Se vai passar bastante tempo sob os raios, o Ministério da Saúde indica sempre o uso de proteção solar e afirma que os horários mais seguros são até às 10 da manhã e a partir das 16 horas.

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