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Vacina contra aids será testada na África do Sul em grande estudo

O país tem um dos maiores índices do mundo da doença

Por Luiza Monteiro
30 nov 2016, 13h20

A ciência está mais perto de encontrar uma arma contra o vírus HIV: uma vacina será testada, em breve, em 5 400 homens e mulheres da África do Sul. O país apresenta um dos maiores índices de infecção pelo micro-organismo, com 1 mil novas pessoas contaminadas todos os dias. Daí porque um grupo de empresas farmacêuticas e entidades científicas, o P5, decidiu aplicar na nação africana o estudo HVTN 702, que investiga a eficácia de uma nova versão do único imunizante que já mostrou alguma proteção contra o agente infeccioso causador da aids.

O medicamento que será estudado nos sul-africanos é baseado em uma vacina que já foi testada na Tailândia. Os achados dessa pesquisa saíram em 2009 e mostraram que o imunizante poderia prevenir a infecção pelo HIV. A taxa de proteção do remédio aplicado nos tailandeses foi de 31,2%. Agora, os cientistas adaptaram a medicação para o subtipo do vírus mais comum na África do Sul e esperam obter resultados ainda melhores. A expectativa é que as conclusões sejam divulgadas no fim da década de 2020.

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Inicialmente, os voluntários serão divididos em dois grupos: um receberá a vacina e o outro, um placebo. Mas a ideia é que todos os participantes recebam cinco doses do imunizante ao longo de um ano. O medicamento não tem o vírus HIV na composição, então não oferece risco de contaminação. Mas todos os homens e mulheres serão acompanhados de perto pelos especialistas. Aqueles que contraírem a infecção durante a pesquisa receberão tratamento e informações sobre como se prevenir.

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“O HIV tem tomado uma proporção devastadora na África do Sul, mas agora estamos iniciando uma investigação científica que pode ser uma grande promessa para o nosso país”, afirma Glenda Gray, presidente do Conselho de Pesquisa Médica Sul-Africano e membro do time de cientistas por trás do HVTN 702. “Se for descoberta uma vacina que funcione na África do Sul, isso poderia alterar consideravelmente o curso da pandemia”, avalia.

Aids no Brasil

O Ministério da Saúde divulgou, nesta quarta-feira (30), o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS referente ao ano de 2016. O documento mostra que a taxa de detecção de aids no país tem apresentado estabilização na última década, com uma média de 20,7 casos a cada 100 mil habitantes.

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Analisando os dados de homens e mulheres, nota-se que os casos de mulheres soropositivas têm caído nos últimos dez anos: em 2006, a incidência era de 15,8 casos a cada 100 mil habitantes; em 2015, esse número ficou em 12,7. Já no sexo masculino a tendência é de crescimento – em 2006, a taxa era de 24,1 casos a cada 100 mil habitantes; em 2015, o índice foi de 27,9.

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O boletim mostra ainda que a maior concentração de brasileiros com o vírus do HIV está nas pessoas com idades entre 25 e 39 anos – em ambos os sexos. Entre as mulheres, essa faixa etária corresponde a 49,4% do total de infectadas; entre os homens, já é maioria: 53%.

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