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Adenomiose: o problema ginecológico que causa sangramento excessivo

A condição causa sangramento excessivo e fortes dores pélvicas, mas dispõe de diversos tipos de tratamento

Por Larissa Serpa
17 abr 2021, 09h00

A adenomiose é um problema ginecológico que não é muito conhecido pelas mulheres e por vezes confundido com outras doenças similares. Apesar disso, ela é comum e pode acometer uma em cada dez mulheres no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estima-se que 150.000 novos casos sejam registrados anualmente.

ADENOMIOSE: O QUE É

A condição ocorre quando existe a presença de tecido semelhante ao endométrio na camada muscular do útero – o miométrio –, onde ele não deveria existir. O ginecologista e obstetra César Patez explica: “Surgindo na forma de glândulas ou estromas, o tecido endometrial ectópico cresce para dentro do músculo uterino ao invés de crescer para fora, o que causa aumento no volume do útero. A doença pode acontecer de forma difusa, ocupando parte ou todo o miométrio e tornando o músculo uterino mais irregular e amolecido, ou focal, quando está localizada em alguma região específica”, aponta.

ADENOMIOSE: CAUSAS

A adenomiose pode afetar qualquer mulher, mas é mais comum em pacientes que tiveram um maior número de gestações, aparecendo entre os 20 e 30 anos. As causas da doença ainda não são totalmente conhecidas, mas pesquisadores suspeitam que ela tenha relação com traumas anteriores no útero.

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“O desenvolvimento do problema pode estar ligado, por exemplo, a múltiplas cirurgias no útero, retirada de muitos miomas, diversas gestações em sequência, principalmente por cesáreas, entre outras situações”, lista Patez.

SINTOMAS

Em muitos casos, a doença não apresenta sintomas, o que dificulta a sua identificação e faz com que muitas vítimas nem saibam da existência do problema. Porém, os mais comuns são a forte dor pélvica e o sangramento excessivo.

Cerca de um terço das mulheres com adenomiose são assintomáticas

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“Cerca de um terço das mulheres com adenomiose são assintomáticas. Porém, quando sentem os sinais, eles costumam ser dolorosos. No ciclo menstrual, os sintomas se acentuam porque as células incrustadas na parede uterina são estimuladas, causando dores e sangramentos mais intensos”, alerta Patez.

Outras manifestações incluem sangramento fora do período menstrual, dor durante o sexo, prisão de ventre e alterações gastrointestinais. Nos quadros mais graves, pode até mesmo gerar infertilidade, sendo necessária a retirada do útero.

DIAGNÓSTICO

Para diagnosticar a doença, é necessário realizar exames clínicos e exames de imagem, como a ultrassonografia endovaginal, ressonância da pelve ou a histeroscopia, para analisar o interior do útero.

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“A dosagem do CA-125, um marcador tumoral observado no sangue, também pode ajudar a detectar a adenomiose. As mulheres com a doença apresentam um valor bastante elevado desse marcador, apesar de uma dosagem padrão não excluir essa possibilidade”, acrescenta o ginecologista.

TRATAMENTO

O tratamento mais indicado vai depender da gravidade e outras especificidades de cada caso. Isso, é claro, sempre estando alinhado a bons hábitos de saúde, como a prática de atividades físicas e uma alimentação balanceada.

Para casos simples

Se o desconforto for mais simples, anti-inflamatórios e analgésicos já dão conta do recado, pois diminuem a dor – em especial no período menstrual. Alguns métodos contraceptivos também se mostram eficazes em controlar os sintomas, de preferência os contínuos, isto é, aqueles que suspendem a menstruação. Pílulas anticoncepcionais orais e DIU de progesterona, por exemplo, são duas alternativas possíveis.

Para casos mais graves

O ginecologista Rodrigo Ferrase indica o implante de nestorone, um hormônio que bloqueia o pico de estrogênio e androgênio. “O implante é um pequeno tubo que mede de três a cinco centímetros, preenchido por hormônios que gradativamente (de forma controlada e segura) são liberados na corrente sanguínea e agem no tratamento para doenças como endometriose, adenomiose e miomatose uterina.” Como essas doenças dependem desses hormônios para evoluir, o implante impede que elas se agravem.

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Patez também comenta outra possibilidade de tratar a adenomiose grave: a laparoscopia. “Essa cirurgia é minimamente invasiva e retira apenas a lesão que acomete o útero”, acrescenta.

Para quem não deseja engravidar

Para esses casos, existem ainda mais dois tratamentos possíveis. A embolização e, em último caso, a histerectomia, ou seja, a remoção parcial ou completa do útero.

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“Durante a embolização, um tubo é colocado em uma artéria principal na virilha e injeta pequenas partículas na área afetada pela adenomiose. Isso impede que o suprimento de sangue atinja a área afetada, reduzindo os sintomas”, continua.

“É importante lembrar que o desejo da mulher, seja ele o de ser mãe, de ter qualidade de vida ou até de manter o útero no organismo, deve ser sempre respeitado. Além disso, a experiência e o conhecimento do médico indicarão o melhor caminho”, completa.

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