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Equipes disputam 24 horas de revezamento de esteira no topo do Pão de Açúcar

A final do Red Bull 24 Horas levou as equipes finalistas ao limite físico e mental, em disputa acirrada

Por Helena Saigh
6 dez 2025, 18h00
Red Bull 24 Horas
Equipes disputam 24 horas de revezamento de esteira no topo do Pão de Açúcar. (Fabio Piva/Divulgação)
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O Red Bull 24 Horas levou ao Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, a final nacional do maior desafio de revezamento em esteira do país. Durante 24 horas consecutivas, sob sol forte, calor intenso e vento variando ao longo do dia, os corredores se revezaram sem interrupção para acumular a maior quilometragem possível. O cartão postal carioca virou arena esportiva e acompanhou um esforço coletivo de resistência e concentração.

A disputa reuniu duas equipes formadas por algumas das principais crews de corrida do Brasil. De um lado, a união paulista entre Stab e Inimigos do Pace. Do outro, o grupo mineiro formado por AfroVelozes e Bairros BH. Cada equipe levou 16 corredores, que se alternaram ao longo das 24 horas dentro de uma estrutura que exige precisão, leitura de desgaste, estratégia de descanso e organização nas trocas.

Red Bull 24 Horas
Do lado esquerdo atleta da equipe paulista, e do lado direito atleta da equipe mineira. (Fabio Piva/Divulgação)

Um formato que exige estratégia e constância

A ultramaratonista Fernanda Maciel acompanhou a final e explicou, em entrevista à Boa Forma, que o Red Bull 24 Horas desafia os participantes de uma maneira única. “É uma prova individual, mas em equipe. Você precisa correr muito rápido na esteira, puxar o seu ritmo, mas também precisa de resistência, porque são 24 horas. Se você não conhece estratégia de sono, nutrição e recuperação, pode dar errado”, afirma.

Fernanda, acostumada a provas de 100 km e 100 milhas, descreve o evento como uma ultra concentrada, na qual explosão e constância precisam coexistir. Ao longo do dia, ela orientou as crews sobre uso consciente de cafeína, controle de dores e organização entre blocos de corrida. Correr em um dos cenários mais emblemáticos do país deixou a experiência ainda mais simbólica. “Correr no Pão de Açúcar é uma oportunidade única.”

Red Bull 24 Horas
Fernanda Maciel conversando e motivando atleta da equipe mineira. (Fabio Piva/Divulgação)

O impacto do calor, da madrugada e das mudanças de clima

O calor intenso marcou as primeiras horas da prova. O sol forte aumentava a sensação térmica e exigia ventilação improvisada, hidratação constante e pausas rápidas para resfriar o corpo. Com a noite, a temperatura caiu e o vento aumentou, mudando novamente as condições de corrida.

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Fernanda explica que a madrugada é decisiva. “Das oito da noite às oito da manhã aparecem os guerreiros. É ali que quem tem a parte mental mais trabalhada se destaca.” Entre sono acumulado, desgaste muscular e o desafio de manter a coordenação entre as trocas, a madrugada foi silenciosa, intensa e crucial para definir o ritmo final.

Red Bull 24 Horas
Atletas da equipe paulista durante a madrugada do desafio. (Fabio Piva/Divulgação)

Bastidores da equipe paulista durante o revezamento

A equipe vencedora da final foi formada pela união das crews paulistas Stab e Inimigos do Pace. O grupo mostrou desde o início que estratégia, organização e cooperação seriam tão importantes quanto o preparo físico para sustentar as 24 horas de prova.

Entre as atletas que mais se destacaram no time estava Nicole Rauen, explicou em entrevista à Boa Forma como o planejamento do grupo funcionava na prática. “A gente tinha bem organizado o quanto cada um precisava entregar. Toda vez que alguém subia na esteira, a meta era completar três quilômetros. Se alguém não atingisse, o próximo compensava.”

Red Bull 24 Horas
Atleta Nicole Rauen correndo enquanto o restante da equipe torce por ela. (Fabio Piva/Divulgação)
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O time dividiu a prova em blocos de quilometragem e horário, o que ajudou a manter o ritmo constante ao longo das 24 horas. Nicole contou que o apoio entre os integrantes foi essencial. “A gente ficava ali torcendo, trazendo água, abanando quem estava com calor. Esse cuidado fez diferença.” Ela também ressaltou o desempenho das mulheres da equipe. “As meninas entraram voando, com pace abaixo de 4. Foi surreal.”

Durante a prova, Nicole correu 42,92 quilômetros ao todo, praticamente o equivalente a uma maratona completa dentro do revezamento. Ela disse que percebeu isso apenas no final. “Eu senti que tinha rodado muito. O pulmão sente, o corpo sente. A gente estava dando o máximo.”

Contribuições individuais que fortaleceram o time campeão

Uma das histórias mais marcantes veio da atleta Nayara Berracozo, também da equipe paulista, que enfrentou dois grandes desafios no mesmo dia. Antes da final, participou do Hirox, prova de corrida com obstáculos, onde conquistou o terceiro lugar. Horas depois, estava no alto do Rio para contribuir com o desempenho da equipe.

“Eu não pensei em cancelar um evento ou outro. Coloquei na cabeça que ia conseguir fazer os dois”, conta, em entrevista à Boa Forma. Nayara levou o troféu do Hirox para motivar os colegas. “Queria dar um gás. O troféu é simbólico, mas faz diferença. Todo mundo almeja ganhar alguma coisa.”

Mesmo cansada, ela entregou intensidade. “Eu sabia que precisava me doar nos dois lugares. Aqui, eu tinha uma responsabilidade com a equipe.”

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Red Bull 24 Horas
Atleta Nayara Berracozo participando do Red Bull 24 Horas. (@correnaay/Reprodução Instagram)

Maturidade, evolução e confiança

Para Nayara, a diferença desta edição veio do preparo e da evolução coletiva. “Na segunda participação, a gente estava mais focado. Todo mundo tinha treinado mais”, afirma. Ela diz que entrou na final com confiança. “Eu já estava segura de que a gente ia ganhar.”

Ainda assim, o final da prova trouxe desafios físicos e mentais. “O pulmão sente, a mente sente. Você só pensa: quero que acabe logo.” Ver os colegas dando o máximo ajudou a sustentar o ritmo: “Quando você vê que o outro está se doando, você pensa: eu não posso decepcionar a equipe.”

Red Bull 24 Horas
Equipe paulista comemorando a vitória. (Fabio Piva/Divulgação)

O balanço técnico da final

A final também marcou ajustes importantes para esta edição, especialmente no formato de revezamento e na dinâmica das equipes ao longo das 24 horas. A organização destacou que a prova apresentou melhora no desempenho geral em relação ao ano anterior, com trocas mais consistentes e estratégias mais estruturadas durante os blocos de corrida.

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Para Fernanda, a experiência ultrapassa o resultado. “Aqui você extrapola seus limites. E isso dá uma experiência muito importante para as futuras provas individuais.”

Somando todas as equipes, mais de 678 quilômetros foram percorridos durante a final. No alto do Pão de Açúcar, entre calor, vento, madrugada e esforço contínuo, o que se viu foi a coordenação de estratégias e o esforço contínuo dos corredores. No fim, os 343 quilômetros das campeãs representaram mais do que distância. Representaram planejamento, cooperação e a certeza de que ninguém correu sozinho.

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