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É normal ter um ciclo menstrual longo?

O ciclo normalmente dura de 24 a 35 dias, e seu prolongamento pode estar ligado a diversos fatores

Por Amanda Ventorin
29 nov 2021, 14h00

O ciclo menstrual é composto por 3 fases: fase folicular, fase ovulatória e fase lútea. A fase folicular é onde ocorre a produção do hormônio folículo-estimulante (FSH), que leva os ovários a amadurecerem seus óvulos. O ciclo se inicia com uma menstruação, que é a sinalização de que não houve gestação no ciclo anterior. Ao perceber isso, nosso ovário recebe estímulos hormonais da hipófise, através do FSH, para recrutar seus folículos, que são as estruturas onde estão os óvulos para a fecundação. Durante essa fase o ovário produz mais estrogênio, hormônio que, dentre outras funções, atua no útero para conter o sangramento menstrual e cicatrizar o endométrio que descamou.

Já a fase ovulatória é onde os níveis de estrogênio continuam aumentando e levam o corpo a produzir o hormônio luteinizante (LH), que é responsável por selecionar o óvulo mais maduro e fazê-lo sair do ovário, para que ele seja fecundado por um espermatozoide.  E por fim, a fase fase lútea onde o folículo, deixado pelo óvulo dentro do ovário, começa a produzir progesterona em maior quantidade para continuar preparando o revestimento do útero para o caso de uma possível gravidez.  Essa fase é fixa e dura 14 dias, caso não ocorra gestação, o endométrio estimulado acaba descamando e então uma nova menstruação, dando início a um novo ciclo. 

O período da menstruação varia de 3 a 7 dias, dependendo da mulher, e ciclos menstruais também podem mudar muito de um mês para outro, uma vez que diversos fatores podem interferir no  equilíbrio hormonal. São considerados fisiológicos os ciclos que duram de 24 a 35 dias, mas isso não é uma regra. Muitas mulheres podem apresentar ciclos mais longos que podem estar associado a diversos motivos. Afinal, é normal ter um ciclo menstrual longo?

Ciclo longo: O que significa

Juliana Girotti Sperandio, ginecologista, explica que as secreções hormonais, os ovários e a atuação dos hormônios ovarianos sincronizados são essenciais para que exista um ciclo menstrual regular. Qualquer fator que tenha impacto em uma (ou várias) vias deste processo pode alterar o padrão de sangramento menstrual. E, a causa por trás disso é basicamente a alteração hormonal secundária a estes distúrbios, onde os principais diagnósticos podem ser:

  • Gestação;
  • Alterações hormonais: principalmente alterações da tireóide e aumento da produção de prolactina pelo corpo;
  • Doenças metabólicas: como a obesidade por exemplo;
  • Doenças psiquiátricas: anorexia, ansiedade, depressão;
  • Doenças ginecológicas que alterem o padrão de intervalo menstrual: como a síndrome dos ovários policísticos;
  • Uso e suspensão de medicações: como medicações psiquiátricas, durante o uso ou após suspensão de anticoncepcionais;
  • Outras causas: como déficits nutricionais, excesso de exercícios físicos e estresse.

Apesar desses possíveis diagnósticos, os ciclos longos não necessariamente indicam um problema. “Com a idade, é normal que os ovários comecem a falhar e os ciclos podem ficar mais longos quanto mais curtos. É o chamado climatério, o período de transição para a menopausa. Entretanto, independente do motivo, as alterações do ciclo menstrual devem todas ser acompanhadas pelo ginecologista, não só para afastar doenças que possam estar envolvidas como para diminuir alguns dos sintomas que a ausência de ciclos menstruais pode provocar”, conta a ginecologista Isabella Albuquerque.

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É importante observar o ciclo e seu corpo. Não se tratando de uma gravidez ou menopausa, quando não há menstruação por dois ou três meses ou quando se tem menos de 9 menstruações ao longo do ano, é importante consultar uma especialista, pois a ausência de menstruação pode implicar em diversas alterações hormonais e até metabólicas, aumentando, por exemplo, os riscos de osteoporose e de problemas cardiovasculares. 

Para identificar o que está causando um ciclo prolongado, o médico precisará realizar um exame físico ginecológico. Já para um resultado mais apurado, muitos deles têm o costume de solicitar exames de análise, sendo a colposcopia, o papanicolau e o ultrassom os principais deles. Além disso, exames de sangue são fundamentais para medir os níveis hormonais femininos.

Já ouviu falar de ovário policístico?

A síndrome é um distúrbio hormonal muito comum, caracterizado pela presença de pequenos cistos que podem causar problemas como a irregularidade menstrual, excesso de hormônios masculinos no corpo, que podem causar excesso de pelo e acne até obesidade e infertilidade. “Uma a cada 4 mulheres sofre com essa disfunção em diferentes níveis. A síndrome altera principalmente a quantidade de ciclos e o espaçamento entre eles. Isso acontece porque o folículo que cresce dentro do ovário não cresce o suficiente e não recebe o óvulo, tornando-se um cisto”, explica a ginecologista Taís Calomeny.

Os ciclos mais longos são resultado da presença de anovulação, ou seja, a paciente não ovula e por isso, não menstrua também. O tratamento é feito com a condução do ginecologista guiado para os sintomas específicos, e sempre deve envolver mudanças do estilo de vida como ajustes alimentares, perda de peso e exercícios físicos.

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