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Efeito sanfona psicológico: o que é e será que você tem?

A flutuação não é comum apenas ao peso, mas também aos nossos hábitos e até a forma como encaramos os nossos projetos

Por Marcela De Mingo
25 jul 2022, 00h02
efeito sanfona psicológico
 (Liza Summer / Pexels/Divulgação)
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Se em algum momento você fez uma dieta ou mudou a alimentação em busca de emagrecimento, deve ter ouvido falar sobre o efeito sanfona: o ato de emagrecer, ganhar peso e emagrecer de novo. Agora, você conhece o efeito sanfona psicológico? Pois é, o famoso vai e volta também tem uma versão mental. 

O QUE É O EFEITO SANFONA PSICOLÓGICO? 

“O efeito sanfona psicológico acontece quando a pessoa está insistindo muito tempo na questão de mudar os seus hábitos”, explica Vanessa Gebrim, psicóloga especialista em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

Pense em todas as vezes que você colocou como meta coisas do tipo “estudar mais”, “fazer mais exercícios físicos”, “passar menos tempo nas redes sociais”, e até mesmo “emagrecer”. E, por um período, você se compromete com essas metas e cumpre algumas etapas, mas depois desiste e chega a conclusão que não está conseguindo mudar. 

“Esse efeito acontece quando a pessoa decide mudar radicalmente um hábito, mas pouco tempo depois acaba voltando a se comportar como antes”, continua a profissional. 

Ou seja, a lógica é a mesma com a alimentação, que citamos no começo desse texto: por algumas semanas, você se compromete com uma alimentação regrada, mas logo desiste porque não conseguiu seguir a dieta em uma ou duas ocasiões e conclui que não consegue mudar – e volta aos antigos hábitos alimentares. 

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“Geralmente, as pessoas acabam desistindo do processo porque provocam essas mudanças de uma forma muito radical, e não conseguem manter a constância e a motivação”, explica a especialista. “Quando é uma mudança muito extrema, a pessoa acaba desanimando e voltando à estaca zero.”

Para Vanessa, a pessoa percebe que está passando por esse processo quando têm sensações seguidas de fracasso por conta das tentativas de mudança que foram mal-sucedidas. Muitas vezes, isso provoca uma desistência ainda maior, de planos e projetos de vida. 

COMO QUEBRAR O PADRÃO DO EFEITO SANFONA PSICOLÓGICO?

Considerado um transtorno pela psicóloga, o efeito sanfona psicológico (também chamado ESP), precisa de aconselhamento profissional para ser tratado – por mais que pareça algo “normal” e pelo qual todo mundo passa. 

“O tratamento deve ser feito com psicoterapia, já que o psicólogo ajuda bastante na questão do processo de fazer com que a pessoa mantenha uma constância e encontre uma motivação para não desistir”, esclarece. 

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Outro ponto importante é que as pessoas que sofrem de ESP também mantêm um pensamento polarizado – conhecido como o “pensamento de tudo ou nada”. Sabe o tal do “8 ou 80”? Pois é. Essa é uma distorção cognitiva que acaba prejudicando as pessoas, já que têm uma dificuldade maior de observar as suas próprias vitórias. 

“Ou ela vai para um extremo do lado 0, ou vai para o extremo do lado 100”, continua Vanessa. “Por exemplo, ou ela deixa de fazer o exercício, ou vai e faz de uma forma muito perfeita, mas isso acaba durando pouco tempo. O ideal, dentro de um acompanhamento psicológico, é fazer com que a pessoa consiga se planejar e se organizar, para que a evolução seja feita em micropassos. O psicólogo vai trabalhar o avanço do paciente de pouco em pouco.”

Vivemos em um mundo muito acostumado com o imediatismo e isso, claro, tem consequências. Uma delas é a nossa vontade de ver resultados imediatos, sem considerar que uma mudança gradual e, principalmente, constante, tem muito mais resultados e durabilidade do que mudanças extremas e executadas perfeitamente. 

É importante considerar que o perfeito dificilmente é alcançável, ainda mais quando pensamos no dia a dia e seus imprevistos – as coisas saem do controle e, muitas vezes, mudam os nossos planos. Buscar mudanças que começam pequenas e são possíveis, dentro de uma rotina moderna, é essencial para sair desse ciclo. 

“Dessa forma, fica muito mais fácil para a pessoa não desistir. Muito diferente de mantê-la pensando na possibilidade de ter feitos rápidos e mirabolantes, como a mudança de hábito extremamente rápida, que faz com que acabe desistindo do processo”, finaliza.  

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