Movimento

Como rebolar: aprenda o passo a passo!

Assim, quando a pandemia acabar, você vai arrasar nos bloquinhos

por Amanda Panteri | Ilustração de Lígia Agreste Atualizado em 8 fev 2021, 21h44 - Publicado em 9 fev 2021 09h00

Não importa o estilo musical carnavalesco que você escolha: funk, axé, samba… Todos eles usam e abusam do rebolado — cada um à sua maneira, é claro. E aquela ideia de que tem gente que já nasce sabendo fazer (e outros não levam jeito para a coisa) está mais que ultrapassada. Afinal, como toda técnica de dança, é possível sim treinar os movimentos e aprender como rebolar! Então, por que não aproveitar o Carnaval de 2021 em casa para descer até o chão?

Rebolado é autoestima e autoconfiança

A bailarina e professora de dança Carol Rocha (@carolrochastiletto), de Juazeiro do Norte, Ceará, que o diga. Ela, que fundou uma escola há 15 anos juntamente com suas outras três irmãs (Júlia Rocha, Beatriz Rocha e Clara Rocha), começou ensinando ballet para crianças gratuitamente, como parte de um projeto social das quatro.

Na época, ela adorava participar de espetáculos. “Eu estava em um relacionamento, e meu namorado disse ‘ou eu, ou a dança’. No dia da apresentação, quando estava no palco, o vi com outra mulher. Desenvolvi depressão, mas a partir disso prometi a mim mesma que ia trabalhar a minha autoestima e o meu autoconhecimento”, conta.

Foi quando conheceu e se apaixonou pela modalidade Stiletto Dance — feita com sapatos de salto. “Fiz o curso e senti de volta o amor próprio. Trouxe para a escola porque resolvi ajudar outras mulheres também. A dança é liberdade — e assim como ela transformou a minha vida, quero que transforme as de outras pessoas.”

Gabbi Chultz (@sensualhipdance), do Rio Grande do Sul, também acredita no poder contestador da dança. “Historicamente, as mulheres foram ensinadas a não se soltar em público, a contrair o corpo (e fechar as pernas). Sensualidade era vista como uma característica pejorativa.”

“As modalidades ocidentais buscam o longilíneo (em direção do céu). Já as africanas vão em direção à terra, por isso geralmente os movimentos são feitos com as pernas afastadas”

Criou, então, a sua própria marca: Sensual Hip Dance. Nela, utiliza técnicas do twerk — muito conhecido no mundo pop, mas com influências e apropriações das danças de matriz africana. “As modalidades ocidentais buscam o longilíneo (em direção do céu). Já as africanas vão em direção à terra, por isso geralmente os movimentos são feitos com as pernas afastadas”, explica. Além disso, Gabbi também combina referências da dança do ventre (principalmente os movimentos de quadril), que pratica desde os sete anos.

As duas bailarinas (com milhares de seguidores) oferecem cursos online, e seus vídeos ensinando como soltar o corpo e como rebolar bombam na internet. Por isso, elas ensinaram o que treinar para atingir o objetivo. Confira:

Publicidade

Como rebolar: anatomia do movimento

Quem pratica corrida costuma amar os exercícios educativos: apesar de o ser humano naturalmente já saber correr, apostar em técnicas para aprimorar a mecânica dos movimentos ajuda a melhorar a performance e evolução no esporte. No rebolado, a lógica é parecida: mesmo sendo algo muito individual (afinal, cada corpo se mexe do seu jeito), um passo a passo pode te ajudar a dominar o requebrado.

Por isso, vale trabalhar diferentes partes do corpo. A começar pela mente. “A dança é uma interpretação dos seus sentimentos, do que você sente quando escuta uma música. Então, se você tem dificuldade em se soltar, treine em casa, onde ninguém está vendo. Assistir coreografias e tentar reproduzi-las do seu jeito é uma forma bem legal de começar”, recomenda a bailarina e atriz Natacha Horana (@natachahorana), que participa do Balé do Domingão do Faustão desde 2015.

É preciso autoaceitação — entender que todos os corpos podem dançar. E que as pessoas não se moverão exatamente da mesma forma.

Depois, é a vez do quadril. “Ele precisa ter mobilidade, mas lembrando que cada um tem o seu pontecial”, afirma Gabbi. E pode ir esquecendo a ideia de que para um bom rebolado, é preciso um bumbum grande, viu? “Não é o biotipo que define a dança. Tem mais a ver com a anatomia do movimento e com o posicionamento do que com seu corpo”, explica Gabbi.

Continua após a publicidade
-
(Zinkevych/Getty Images)

Mais importante do que o tamanho do bumbum, é você aprender a deixá-lo livre. “Tente manter os glúteos moles. Quanto mais eles se mexerem como uma geleia, mais movimento você terá”, complementa Natacha. É por isso que as especialistas recomendam roupas (shorts ou calças) bem soltinhas na hora de ensaiar, uma vez que elas potencializam o remelexo.

Os joelhos devem ficar flexionados, e as pernas afastadas (e com força suficiente para aguentar um bom tempo na posição). Não esqueça de aprimorar a coordenação motora, a consciência corporal e a concentração! Depois que você dominar tudo, pode tentar algumas variações, que costumam ser mais difíceis. “Tem o rebolado lateral, com as pernas fechadas, descendo até o chão, sem flexionar as pernas…”, diz Carol.

Publicidade
-
(Juliana Pereira/Reprodução)

Como rebolar: passo a passo de quem domina o assunto

-
(Zinkevych/Getty Images)

Tanto Gabbi quanto Carol criaram os próprios métodos de como rebolar. Gabbi, por exemplo, divide o seu em quatro pilares. Ela ensina cada um deles em aulas diferentes, e aconselha você aprender desta forma, separadamente:

1 – Encaixe e desencaixe: “Posição bem conhecida no funk brasileiro, é o famoso bumbum para cima, bumbum para baixo”;

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Gabbi | Empreender com dança (@sensualhipdance)

Continua após a publicidade

2 – Torções: “São os movimentos laterais, como se fossem twists de quadril (os conhecidos quadradinhos). Costumo treinar colocando um pano na parte inferior das costas [vale amarrar uma camisa na cintura] para tentar jogá-lo de um lado para o outro”;

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Gabbi | Empreender com dança (@sensualhipdance)

Continua após a publicidade

3 – Vibrações: “É você sentir, a partir da junção dos outros dois movimentos, a carne do bumbum mexer e vibrar.”

Publicidade

Já a técnica de Carol consiste em dominar dois movimentos:

1 – O movimento circular: “Imagine que você está desenhando círculos com o quadril em uma folha no chão (frente, lado, trás, lado). Depois, repita com as pernas flexionadas e os pés virados para fora, e vá diminuindo a circunferência do círculo aos poucos”;

2 – O movimento linear: “Por fim, trave os ombros, e vá variando as posições — tente descer até o chão, por exemplo.”

Continua após a publicidade

Publicidade

Playlist para aprender em casa

Veja o que cada bailarina gosta de ouvir enquanto treina:

  • Playlist Gabbi Chultz

1 – O Que Cê Quer de Mim – GIA;

2 – Bola Rebola – Tropkillaz, K Balvil e Anitta;

3 – Twerk – City Girls feat. Cardi B.

  • Playlist Carol Rocha

1 – Bandida – Pabllo Vittar e Pocah;

Continua após a publicidade

2 – Fuego – Anitta, DJ Snake, Sean Paul e Tainy;

3 – Modo Turbo – Anitta, Pabllo Vittar e Luísa Sonza;

4 – Movimento da Sanfoninha – Anitta.

Publicidade

Essa matéria faz parte da edição especial de fevereiro de 2020 que tem como tema principal Carnaval – Guia de Como Curtir em Casa. Clique aqui para ver os outros especiais da edição.

-
(Ligia Agreste/BOA FORMA)