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Ultraprocessados: redução de longevidade e outras consequências do consumo

Doces, sucos de caixinha, refrigerantes, salsicha e refeições prontas são exemplos desses alimentos, que prejudicam várias estruturas do organismo

Por Larissa Serpa
26 set 2021, 13h31

Bolachas, miojo, refrigerantes, embutidos e salgadinhos. Você sabe o que esses alimentos tem em comum? São alimentos ultraprocessados, que, apesar de extremamente populares por serem práticos, de baixo custo e altamente palatáveis, podem causar sérios prejuízos a saúde.

MAS AFINAL, O QUE SÃO ULTRAPROCESSADOS?

“Alimentos ultraprocessados são formulações industriais fabricadas a partir de substâncias extraídas ou derivadas de outros alimentos (sal, açúcar, óleos, proteínas e gorduras) e sintetizadas em laboratório (corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos). No geral, esses alimentos ultraprocessados possuem sabor mais agradável e um grande prazo de validade, mas são pobres nutricionalmente e ricos em calorias, gorduras e aditivos químicos, favorecendo então a ocorrência de deficiências nutricionais, doenças do coração, diabetes, colesterol e obesidade”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia.

QUANTO DELES PODEMOS CONSUMIR?

Para se ter uma ideia, estudos apontam que uma dieta composta de apenas 15% de alimentos processados está ligada a um maior risco de morte precoce por todas as causas, principalmente por doenças cardiovasculares. “Cuidado inclusive com produtos ‘fit’, ‘light’, ‘zero’ e ‘diet’, que, apesar de serem vendidos como alternativas saudáveis por terem menos calorias, possuem um maior teor de produtos químicos adicionados”, explica o médico nutrólogo, cardiologista e geriatra Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

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COMO ELES AFETAM O CORPO

A ação desses alimentos no organismo é muito diversa, afetando o bom funcionamento de diversas estruturas. Para entender melhor, consultamos um time de especialistas que explicaram alguns impactos do consumo excessivo desses alimentos. Confira:

  • Aumentam o colesterol ruim:

Por serem ricos em gorduras trans e saturadas, os alimentos ultraprocessados favorecem o aumento do perfil inflamatório e dos níveis de colesterol e, consequentemente, o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. “Se sua dieta for estritamente rica nesses alimentos, seus níveis de colesterol no sangue serão mais elevados, assim como o risco de doenças cardiovasculares também aumentará. Além disso, o ganho de peso favorecido pelo consumo desses alimentos também aumenta o risco dos níveis altos de colesterol”, diz o Dr. Juliano. “O grande problema dos altos níveis de colesterol no sangue está no fato de ser uma intercorrência silenciosa: o colesterol aumentado pode não causar sintoma nenhum, obstruindo as artérias aos poucos. Então, em alguns casos, a primeira manifestação da alta do colesterol é um evento como infarto ou derrame, quando já é tarde para prevenir”, alerta a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

  • Favorecem o inchaço e a hipertensão: 
Gordura abdominal e vitamina D
(DAJ/Thinkstock/Getty Images)

Os alimentos ultraprocessados são ricos em sódio, que está presente mesmo em alimentos doces e sucos para realçar o sabor. E o uso excessivo de cloreto de sódio é o principal fator alimentar que aumenta a prevalência de hipertensão arterial, além de ser ruim para a saúde das veias.  “O excesso de sódio é um vilão porque contribui com o aumento de pressão arterial, que é um fator de risco para a doença aterosclerótica e problemas circulatórios, além de piorar a retenção de líquidos e, consequentemente, o inchaço. Se você tem uma dieta muito rica em sódio, você tem maior tendência a retenção de líquidos no organismo”, destaca a cirurgiã vascular Dra. Aline.

  • Prejudicam o cérebro:

Quanto mais calorias você ingerir, o que não é difícil através do consumo de alimentos ultraprocessados, maiores serão as chances de perda de memória. “A razão não é clara, mas um maior IMC (índice de massa corporal) na meia-idade está relacionado a problemas de saúde do cérebro mais tarde na vida. Como se não bastasse, os alimentos ultraprocessados, por serem mais inflamatórios, também aceleram o processo de oxidação do cérebro”, afirma o médico neurologista e neuro-oncologista Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). “A ferrugem no guidão de uma bicicleta ou em uma maçã parcialmente comida dá uma ideia do tipo de dano que a oxidação pode causar ao cérebro, danificando as células da região”, completa.

  • Envelhecem a pele:
mulher conferindo rugas
Os hábitos alimentares estão associados ao envelhecimento precoce (Deagreez/Thinkstock/Getty Images)

De acordo com a Dra Marcella Garcez, os alimentos ultraprocessados figuram entre os grandes responsáveis pelo aumento do quadro inflamatório do organismo, além de causarem o estresse oxidativo, que ocorre quando há uma produção exagerada de radicais livres.

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“Ao danificar o DNA das células da pele, o estresse oxidativo causa uma diminuição na atividade celular, redução da produção e qualidade das fibras de colágeno e elastina e menor poder de cicatrização. O resultado é a aceleração do processo de envelhecimento, com surgimento de flacidez, manchas, rugas, linhas de expressão e perda do viço e luminosidade da pele”, destaca a Dra. Beatriz Lassance, cirurgiã plástica membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Esses alimentos, no geral, têm alto índice glicêmico e também colaboram para o processo conhecido como glicação. “Os alimentos de alto índice glicêmico favorecem a ocorrência de uma reação não enzimática entre a proteína do colágeno e o açúcar presente nos carboidratos e isso leva a formação dos chamados produtos de glicação avançada, AGES, que irão acelerar o processo de envelhecimento celular”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos. E nesse caso, será necessário uso de suplementos anti e desglicantes, como é o caso do Glycoxil. “O Glycoxil irá auxiliar na restauração do equilíbrio metabólico da glicose, insulina e dos minerais minimizando o processo inflamatório associado ao envelhecimento. Também irá contribuir na diminuição da formação dos AGES, ação antiglicante, desglicante, que estão intimamente relacionados a alteração e modificação das funções das proteínas, especialmente o colágeno”, completa a farmacêutica.

  • Estimulam a produção de oleosidade:

O consumo de alimentos ultraprocessados é especialmente prejudicial para quem sofre com oleosidade da pele, já que estimula a produção de sebo, favorecendo, consequentemente, o surgimento de cravos e espinhas. “Por serem ricos em gordura, os alimentos ultraprocessados podem levar a hiperinsulinemia, isto é, altas quantidades de insulina no sangue, o que acarreta no aumento de hormônios androgênicos, que, por sua vez, estimulam a produção de sebo pelas glândulas sebáceas”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

  • Aumenta a indisposição e prejudica a vida sexual:
alimentos afrodisiacos
(Dainis Graveris/Pexels/Divulgação)

Como se não bastasse, os alimentos ultraprocessados ainda podem inibir sua capacidade de ter relações íntimas. “Apesar de não existirem alimentos específicos que afetem sua vida amorosa, uma dieta baseada excessivamente em alimentos ultraprocessados com alto teor de sal, gordura e açúcar pode prejudicar o fluxo sanguíneo saudável e os níveis de energia que são importantes para o sexo. Além disso, alimentos pró-inflamatórios, como estes, estão relacionados a sintomas de fadiga, indisposição e cansaço”, explica a ginecologista Dra. Eloisa Pinho, da Clínica GRU.

A DIETA IDEAL

Para prevenir todas essas alterações e manter-se saudável por muito mais tempo, a recomendação é adotar uma dieta balanceada.

“A regra de ouro para uma alimentação adequada e saudável é optar sempre pelos alimentos in natura ou minimamente processados, aqueles obtidos de plantas ou animais que chegam ao consumidor sem terem passado por nenhum tipo de processamento. Nessa categoria se enquadram alimentos como frutas, legumes, verduras, hortaliças, grãos, nozes e ovos. São eles que provêm os nutrientes necessários para o bom funcionamento orgânico, como os ácidos graxos ômega-3, a vitamina C, os polifenóis e os carotenoides.

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Também devemos dar preferência às preparações caseiras e restringir ao máximo o consumo dos alimentos ultraprocessados”, aconselha a Dra Marcella Garcez.

E, caso você tenha dificuldade para deixar os alimentos ultraprocessados de lado, tente seguir a dica do Dr Juliano Burckhardt: “Embora fazer pequenas mudanças ao longo do tempo seja uma estratégia eficaz para resultados duradouros, eliminar alimentos ultraprocessados por um período de tempo (de uma semana a um mês) pode ajudar a redefinir suas papilas gustativas e colocá-lo no caminho mais rápido”, explica o médico.

Mas lembre-se também de comer o que você gosta, pois, caso contrário, dificilmente vai conseguir aderir a mudanças de hábitos. “Não agimos bem quando nos sentimos privados, e se você está comendo comida de que não gosta, está se preparando para o fracasso. Encontre um estilo de alimentação saudável que você adore e que corresponda ao que você goste. Existem muitas opções saborosas e saudáveis demais para se contentar com alimentos que você não gosta”, finaliza o médico nutrólogo.

 

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