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Como manter a mente jovem?

Por Larissa Serpa
18 set 2021, 12h50

Você deve estar pensando agora: então nosso cérebro envelhece? Sim, ele envelhece, e isso é inevitável. Somos responsáveis por garantir que este envelhecimento seja da forma mais natural possível.

O tempo modifica praticamente todos os nossos processos biológicos normais, e acredite, envelhecer não gera alterações previsíveis ou homogêneas no nosso corpo, ou em cada órgão. Somos únicos até nisso.

Tenho plena convicção de que você culpou, em algum momento da sua vida, sua genética, seja por algo que não gosta em você, ou a velocidade na qual algum sinal da idade surgiu. Mas não menospreze fatores como exposição a um determinado ambiente, suas escolhas durante a vida, sua alimentação, sua capacidade funcional durante os exercícios físicos e o investimento nas diversas áreas de conhecimento como línguas, arte, música e por aí vai. Não desanime, sei que você pode estar pensando que já é tarde, simplesmente pelo fato desta matéria ter te chamado a atenção, mas garanto que sim, ainda existe muito a ser feito pelo seu cérebro, independente do momento que você optou por tomar esta iniciativa.

Quando envelhecemos, principalmente após os 65 anos, normalmente perdemos cerca de 7cm de volume a cada ano, principalmente em regiões chamadas lobos frontais e temporais.

É mais comum perdermos a chamada substância branca do cérebro, do que a cinzenta (famosa região onde ficam nossos neurônios). O fluxo de sangue para o cérebro pode reduzir em 5 a 20% por culpa de mecanismo que compensam o fluxo cerebral. Diversos transmissores (chamados de neurotransmissores) são reduzidos, dentre eles a acetilcolina e a dopamina. Os campos cognitivos que geralmente acabam afetados pelo envelhecimento normal são: capacidade de memória do tipo episódica (memórias de um momento específico, como uma memória de um almoço, um aniversário de 6 anos etc), memória de trabalho (um tipo de memória que usamos para realizar uma série de tarefas em sequência com um designado objetivo final), velocidade de processamento de informações, funções executivas e atenção. Parece assustador, não? Mas nosso cérebro é simplesmente incrível, e podemos envelhecer de forma muito saudável.

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Dos casos de demência no mundo hoje, podemos culpar o Alzheimer em 60 a 80% de todos os casos! Logo, prevenir a demência passa a ser essencial para manter nosso cérebro jovem.

COMO PREVENIR O ENVELHECIMENTO DA MENTE

Neste tópico temos que apontar já de cara a necessidade de investirmos no nosso conhecimento de forma geral: aprenda uma nova língua, saia da sua zona de segurança, amplie sua rede social, aprenda um instrumento musical, adquira cultura e leia mais.

Evite informações passivas (televisão), e tenha fome por informações ativas (que você decide absorver), como livros, jornais, navegar pela internet.

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Evite ser uma ótima pessoa no multitasking (quem consegue fazer muita coisa ao mesmo tempo), geralmente isso gera uma dificuldade de manter o foco, pode dificultar uma memória de curta duração virar uma memória de longa duração, assim como te torna superficial em diversos assuntos.

Somos o que comemos? Sim! Hoje ainda é extremamente difícil para a ciência associar uma mudança de hábito alimentar específica com o risco de demência e outras doenças, justamente por ser algo muito difícil de quantificar ou controlar, então não espere encontrar aqui certezas absolutas sobre o que comer para evitar um declínio cognitivo. Parece que tudo nos leva a crer que uma dieta próxima da mediterrânea, retirar refrigerantes (sejam com ou sem açúcar), reduzir substancialmente o consumo de fast foods (se não totalmente), reduzir o consumo de farinha branca e massas em geral pode prevenir o adoecimento cerebral. A suplementação de vitaminas até o momento não se provou eficaz em prevenir demência, mas isso ainda é amplamente estudado nos pacientes já com diagnóstico de demência.

Em sumo, coma de forma saudável (e peça ajuda para isso, vá ao nutricionista, nutrólogo e no endocrinologista, se necessário), se exercite de forma regular (num ritmo saudável, respeitando o seu tempo e o seu corpo), aprenda uma língua (ótima desculpa para finalmente aprender inglês ou francês, não?), reduza o tempo na televisão e leia mais.

RESPONDIDO POR:

GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).

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