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Alimentação

Bodega Pepito: cozinha inquieta de Oscar Bosch encontra o boteco

Chef estrelado Oscar Bosch une o espírito das bodegas espanholas com a alma dos botecos brasileiros em novo endereço descontraído de Pinheiros

Por Larissa Serpa
27 dez 2025, 20h00 •

Em um canto movimentado de Pinheiros, onde o burburinho da rua se mistura com o aroma convidativo de comida, o chef Oscar Bosch inaugura seu mais novo e despretensioso projeto: a Bodega Pepito. Mais do que um restaurante ou um bar, a casa é uma síntese vibrante do conceito que o chef catalão batizou de “cozinha inquieta”, fundindo a alma das tradicionais bodegas espanholas com a informalidade calorosa dos botecos brasileiros.

Aberto desde o início de dezembro, o Pepito é um desdobramento natural da trajetória de Bosch – que comanda o premiado Tanit –, mas com um espírito decididamente mais solto. “É para ser um lugar leve, descomplicado, sem apego rígido à tradição”, define o chef. A proposta é servir “pedidas para qualquer hora do dia”, em um ambiente que convida ao convívio prolongado no balcão, nas mesas internas ou junto aos janelões abertos para a rua.

O cardápio é o verdadeiro retrato dessa inquietude. Parte de bases ibéricas e se lança em releituras afetivas e globais. Os petiscos de “botecagem” são estrelas à parte: as Croquetas Forrest Duck (R$24 a dupla) trazem recheio de pato com mayo de tucupi; o Tataki de Torresmo (R$35) ganha contraponto ácido e picante com chutney de abacaxi e pimenta dedo-de-moça; e a Empanada de Língua (R$20 a unidade) surpreende com um interior cremoso de cebola caramelizada e cerveja preta.

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Para dividir, há opções generosas e complexas. O Crudo de Atum (R) vem com leche de tigre de milho e furikake, enquanto a clássica Tortilla de Batata (R) é elevada com aioli e cecina de wagyu. Nos pratos principais, dois monumentos: o robusto Arroz de Pato (R0 para duas pessoas), com chorizo e pato confit, e a inventiva Fregola Moquecada (R9), que une polvo na plancha, o cereal sardo (fregola) e uma manteiga de camarão.

No almoço, o executivo promete ser uma atração à parte, com pratos como o frango no estilo “TV de cachorro”, dourado e assado, uma homenagem caseira com acabamento refinado. A carta de bebidas segue a mesma vocação eclética, com clássicos bem feitos, criações autorais, uma seleção de vinhos com foco em brancos e um toque especial: o vermute de produção própria, que reforça o caráter artesanal da casa.

A decoração acerta em cheio ao materializar o conceito. Piso hidráulico, azulejos nas paredes, muita madeira e iluminação aconchegante criam um ambiente que é, ao mesmo tempo, retro e contemporâneo, familiar e sofisticado. “É uma casa para qualquer ocasião, seja um almoço de trabalho, uma happy hour ou mesmo um jantar”, conclui Bosch.

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Para um chef com passagem por templos como El Bulli e El Celler de Can Roca, e à frente de empreendimentos de alta gastronomia em São Paulo, a Bodega Pepito representa um feliz retorno às origens – não às geográficas, mas às emocionais. É a celebração do prazer simples de boa comida, boa bebida e boa companhia, servida sem cerimônia, mas com a mão de um mestre que sabe que inquietude, na cozinha, é sinônimo de alma.