Explorador Interior
“Ué, mas você voltou a tomar café?” “Voltei, estou fazendo um estudo.”
Achei curioso esse jeito de falar da Gabi. Fazendo um estudo? Mas estudo do que? Na minha cabeça científica já achei que ela estava participando de uma pesquisa. E não deixava de ser.
A Gabi me contou que estava fazendo um estudo de como é que se sentia ao tomar café. Ela tinha parado por um tempo, mas sentiu vontade de voltar. Então estava observando quais sensações o café trazia, como o corpo reagia, como ficava o ritmo dos seus pensamentos após tomar café.
Quando temos algum desconforto, físico ou emocional, corremos pedindo socorro. Médico, psicólogo, terapeuta, um remédio por favor. Já imaginou que maravilha seria se ao invés de correr para fora a gente corresse para dentro? Exercitar um olhar curioso sobre o efeito que coisas e situações provocam dentro de nós?
Os pesquisadores, ao fazer um estudo científico, geralmente têm uma hipótese do que acham que vai acontecer e fazem testes para averiguar se aquela hipótese se confirma. Fiquei pensando, depois da conversa com a Gabi, que essa poderia se tornar uma prática diária. Fazermos hipóteses do que pensamos que possa acontecer conosco, e testá-las, senti-las.
O que será que acontece se eu dormir um pouco mais cedo? Como eu fico no dia seguinte? E se eu mudar os horários das minhas refeições, será que meu humor muda? Se ao invés de gritar eu respirar fundo e falar com calma, será que o comportamento da outra pessoa se transforma? Fico com mais vitalidade se comer uma fruta ou um hamburguer? Tantas investigações possíveis que nem uma enciclopédia de 10 volumes seria suficiente para nos publicar!
Quando não nos estudamos perdemos a relação com a nossa intimidade, deixamos de saber quais nossas reais necessidades, o que nos equilibra e o que está em excesso. Passamos a ser conduzidos por opiniões externas, protocolos, generalizações. Queremos usar o remédio que o vizinho tomou, o chá que a internet falou, o exercício que a televisão recomendou. Ouvimos mais ao outro do que à Sabedoria própria do nosso Ser. Quando olhamos para dentro apuramos o sentir.
Meu convite hoje é para que você comece a se tornar um estudioso de si mesmo! Um explorador interior, com olhar curioso e gentil para os ricos ensinamentos que vem de dentro!