
Ainda persiste a ideia equivocada de que o consentimento é apenas uma palavra dita antes do sexo. Na verdade, ele é uma linguagem viva, que se expressa pelo corpo, pelos gestos, pelo olhar e, principalmente, pelo desejo. Compreender essa dinâmica é essencial para construir relações mais saudáveis, respeitosas e prazerosas.
O consentimento não é apenas a ausência de um “não”, mas a presença ativa de um “sim”. Um sim que não surge por obrigação, medo ou culpa, mas que nasce do desejo genuíno. E o “não”?
Ele é tão importante quanto: é o limite que protege, que afirma a autonomia e que comunica — “aqui não é confortável para mim”.
E isso deve ser respeitado sem negociação. Como aponta o ensaio Consentimento e Autonomia na Busca por Relacionamentos (Pereira, 2020), o consentimento deve ser contínuo, voluntário e livre de coerção — especialmente em contextos de desequilíbrio de poder.
Consentimento é uma prática diária. É perguntar: “Você está confortável com isso?” ou “Quer continuar?”, sem receio de parecer vulnerável.
É reconhecer que o corpo também fala — e que um silêncio pode significar um não. É criar um ambiente onde ambos se sintam livres para expressar vontades, limites e fantasias sem julgamento.
Segundo uma revisão publicada em Temas em Psicologia (Silva & Amaral, 2013), embora a sexualidade seja um dos temas mais estudados nos relacionamentos amorosos no Brasil, ainda há escassez de dados sobre como o consentimento é praticado no cotidiano dos casais — o que reforça a importância de trazer esse debate para o centro da conversa.
Quanto ao desejo, muitos acreditam que, dentro de um relacionamento, ele deveria ser automático, quase mágico — como se amar alguém significasse desejar sempre, a qualquer momento e em qualquer circunstância.
Mas o desejo é fluido: é afetado por cansaço, estresse, autoestima, ciclos hormonais e até pela qualidade da conexão emocional. O segredo está em cultivar o espaço para que ele floresça — sem pressão, sem cobrança.
Desejo não se impõe, se convida. E o convite começa com respeito, com presença, com afeto. É entender que o “sim” de ontem não garante o “sim” de hoje. E que isso não é rejeição — é humanidade.
No fim das contas, consentimento e desejo são como uma dança: precisam de ritmo, sintonia e liberdade para que cada passo seja prazeroso para os dois.
Quando essa dança é guiada pelo respeito, ela se transforma em conexão profunda — daquelas que fazem o corpo vibrar e o coração sorrir.
Acompanhe o nosso WhatsApp
Quer receber as últimas dicas e matérias incríveis de Boa Forma direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.