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Claudia Raia e Rita Ora já congelam óvulos. O que saber antes de aderir

Antes de seguir a tendência atual e buscar pelo congelamento, é preciso incluir em seu planejamento todos os fatores envolvidos no procedimento

Por Maria Claudia Amoroso e Larissa Serpa
Atualizado em 20 dez 2021, 13h57 - Publicado em 20 dez 2021, 12h23

O congelamento de óvulos tem se tornado um procedimento cada vez mais procurado. Celebridades nacionais e internacionais, como Claudia Raia, Rita Ora, Thelma Assis, Emma Roberts e Sarah Andrade, já congelaram optaram pelo procedimento, que consiste na criopreservação dessas células em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C.

E elas não são as únicas. “Principalmente com a pandemia, a sociedade está priorizando e repensando sobre alguns planos. E as mulheres têm a ciência ao seu favor com o congelamento de óvulos, já que proporciona mais autonomia para suas escolhas. Esse aumento nos procedimentos realizados só prova ainda mais isso”, diz Nilo Frantz, diretor técnico da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, clínica que até o mês de novembro deste ano, teve um crescimento de 72% no procedimento de congelamento de óvulos, em relação ao ano de 2020.

MOTIVOS PARA CONGELAR OS ÓVULOS

Muitas mulheres têm seguido o mesmo caminho pelos mais diversos motivos. “Até pouco tempo atrás, as mulheres buscavam o congelamento de óvulos principalmente por motivos médicos, como antes de tratamentos oncológicos, que podem causar danos aos ovários, ou em casos de doenças que podem provocar falência ovariana prematura. Mas esse já não é mais o caso. É cada vez mais comum que as mulheres cheguem ao consultório buscando pelo congelamento dos óvulos por motivos pessoais, seja devido à carreira, falta de condições no momento, por ainda não se sentirem prontas ou por não terem encontrado o parceiro certo”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

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Essa maior busca pelo congelamento de óvulos é inclusive encorajada pelos especialistas de reprodução humana para qualquer mulher que quer ter filhos, mas prefere deixar os planos para o futuro. “Isso porque há uma queda na fertilidade feminina após os 30 anos, que se acentua após os 35, pelo fato de a mulher já nascer com todo o estoque de óvulos que será utilizado durante a vida reprodutiva. Consequentemente, ao longo do tempo, há uma queda da quantidade e da qualidade dos óvulos, com mais erros genéticos, dificultando a gestação e aumentando o risco de abortos espontâneos. Por isso, o congelamento de óvulos é uma boa estratégia para quem deseja adiar a gravidez, mas não quer correr o risco de perder a fertilidade”, explica o médico.

No entanto, antes de sair correndo para a clínica, é importante levar alguns pontos em consideração, que Rodrigo listou abaixo:

7 COISAS QUE VOCÊ DEVE CONSIDERAR ANTES DE CONGELAR OS ÓVULOS

Não é uma garantia definitiva

Ao contrário do que muitas mulheres pensam, o congelamento dos óvulos não é uma garantia definitiva de gestação. “Isso porque existe uma série de fatores que podem interferir na viabilidade do óvulo durante todo o processo. Por exemplo, alguns óvulos podem não sobreviver ao degelo, enquanto outros podem não ser fertilizados com sucesso. A idade do congelamento também é importante, visto que, apesar dos óvulos estarem congelados, a mulher continua a envelhecer e, consequentemente, terá que enfrentar as realidades da gravidez na idade que possui”, afirma o médico. “Mas, felizmente, já evoluímos muito nesse sentido e, hoje, taxas de descongelamento de óvulos e de fertilização de 75% são esperadas em mulheres de até 38 anos de idade.”

– Não tem idade certa, mas existe a idade ideal

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De acordo com o especialista, não existe uma idade que contraindique o congelamento de óvulos, mas o ideal é que seja realizado até os 35 anos, pois, quanto mais jovem a mulher no momento do congelamento, maiores serão as chances de o óvulo gerar um bebê. “Mas é possível congelar os óvulos até 41 ou 42 anos. Já após os 43 anos, a probabilidade de o óvulo gerar um bebê é muito reduzida, então talvez não valha muito a pena”, afirma. “De qualquer forma, vale o ditado: ‘antes tarde do que mais tarde’. Por exemplo, para mulheres que já possuem 39 anos e não tem previsão de gravidez a curto prazo, o recomendado é congelar os óvulos o quanto antes. É melhor ter de 15 a 20% de chance de gerar um bebê do que deixar passar o tempo sem fazer nada e, quando houver possibilidade de gestação aos 43 ou 45 anos, acabar com chance de gravidez de 1%. Resumidamente, o ideal é congelar os óvulos até os 35 anos, mas recomenda-se que qualquer mulher que possua o desejo de engravidar a longo prazo congele os óvulos mesmo que tenha uma idade avançada, até os 43 anos. A partir dos 44 anos já não é mais recomendado.”

– O processo não é tão simples quanto parece

Emilija Manevska
É necessária uma intensa estimulação hormonal antes (Emilija Manevska/Getty Images)

Engana-se quem acredita que basta chegar na clínica para coletar os óvulos e congelá-los. Na verdade, todo o ciclo de congelamento de óvulos leva cerca de três semanas. “Além de uma bateria de exames para verificar a qualidade dos óvulos, a mulher, inicialmente, deve fazer uso de pílulas anticoncepcionais por uma a duas semanas para desativar temporariamente os hormônios naturais. Em seguida, realizamos injeções de hormônios por cerca de 10 dias para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos. É só após amadurecerem adequadamente que os óvulos são coletados, o que é realizado sob efeito de sedação por meio de uma pequena agulha que é inserida na vagina e é guiada por um transdutor até os ovários para que os óvulos sejam aspirados e congelados imediatamente,” explica o Dr Rodrigo.

– Tem a opção de congelar o óvulo já fertilizado

Caso você já tenha um parceiro, pode ser interessante considerar o congelamento de embriões ao invés de óvulos. “Os embriões nada mais são que os óvulos já fertilizados com o sêmen do parceiro. A vantagem no congelamento dos embriões é que, por serem estruturas celulares mais complexas e bem desenvolvidas, têm maiores chances de sobreviverem ao descongelamento em comparação aos óvulos. Mas, no final das contas, essa é uma decisão muito individual, pois é preciso levar em consideração uma série de fatores, incluindo o que acontecerá com o embrião caso o relacionamento atual acabe”, diz o médico.

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– O custo é alto

O congelamento de óvulos não é um procedimento barato. Os valores podem variar de clínica para clínica [e o Conselho Regional de Medicina não permite divulgar esse valor em matérias], mas é preciso colocar no planejamento os custos de todo o processo, incluindo as medicações, o procedimento em si, o armazenamento dos óvulos e, claro, a fertilização in vitro para quando a mulher estiver finalmente pronta para engravidar.”

– Pode ter efeitos colaterais 

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De modo geral, o congelamento de óvulos é um procedimento muito seguro. Mas cada corpo pode reagir de maneira diferente. Logo, certos efeitos colaterais são esperados. “Devido ao uso dos hormônios necessários para estimulação ovariana a mulher pode apresentar sintomas como dor de cabeça, instabilidade emocional, inchaço, náusea e dor muscular. Mas esses sintomas, que são muito similares com aqueles apresentados durante a TPM, passam com o fim da estimulação hormonal e podem ser aliviados com o devido acompanhamento médico”, diz o expert.

– É preciso considerar quantos filhos você quer ter

No final das contas, um bom planejamento é o fator mais importante para que o procedimento ocorra com segurança e seja bem-sucedido. “Um bom planejamento deve incluir desde a escolha de um médico experiente e especializado em reprodução humana até a decisão de quantos filhos você quer ter ao longo da vida, o que vai influenciar diretamente na quantidade de óvulos que deverão ser coletados e quantos ciclos serão necessários para alcançar esse número. No geral, recomendamos que 10 ovos sejam armazenados para cada tentativa de gravidez, sendo que a maioria das mulheres com 38 anos de idade ou menos pode esperar colher de 10 a 20 óvulos por ciclo. Por isso, planeje-se de antemão e conte com a ajuda de seu médico para passar por todo esse processo com tranquilidade”, finaliza o Dr Rodrigo Rosa.

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