Equilíbrio

O que é lipedema? Descubra como melhorar sintomas e qualidade de vida

Especialistas explicam doença que atinge principalmente mulheres

Por Maraísa Bueno
Atualizado em 22 jul 2025, 10h34 - Publicado em 21 jul 2025, 18h00

O lipedema é uma doença, que provoca o acúmulo anormal e desproporcional de gordura, principalmente nos membros inferiores, como coxas, pernas e, em alguns casos, nos braços. Muitas questões envolvem a doença e, entre elas, se ela possui ou não cura.

Pesquisas mostram que, no Brasil, cerca de 12,3% das mulheres já apresentaram sintomas compatíveis com o lipedema. Mas, o que muitos acham, a doença não possui ligação com sobrepeso ou obesidade.

“O lipedema acontece por uma disfunção na forma como o tecido adiposo se comporta, com características inflamatórias e alterações na drenagem linfática local. O que chama atenção no lipedema é que o acúmulo de gordura é simétrico (dos dois lados do corpo) e desproporcional ao tronco”, explica a Cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Dra. Aline Lamaita.

A profissional conta que muitas pacientes relatam que, mesmo fazendo dieta e atividade física, não conseguem reduzir o volume nas pernas, o que frequentemente gera frustração e sofrimento emocional. “É uma condição que afeta majoritariamente mulheres e tem forte relação com alterações hormonais, podendo surgir na puberdade, após a gestação ou na menopausa”, ressalta.

Sintomas do Lipedema

A cirurgiã plástica e autora do livro “Lipedema: uma abordagem além da superfície”, Dra. Heloise Manfrum, listou a seguir os principais sintomas do lipedema:

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“Além do aumento da gordura no local, há também dores nos membros acometidos, sensação de inchaço, roxos espontâneos e fibrose. Muitas vezes a pessoa tem uma sensação de esfriamento no local”.

A Dra. Aline completa: “Muitas pacientes também relatam uma sensação de “endurecimento” da gordura e limitação na mobilidade conforme a doença avança. Em fases mais avançadas, o lipedema pode se associar à insuficiência linfática, levando à formação de linfedema, o que chamamos de lipolinfedema”.

De acordo com as profissionais, esses sintomas afetam não só o corpo, mas também a autoestima e a qualidade de vida, porque há uma percepção constante de que o corpo está “fora de proporção” e que os esforços para controlar o peso não têm o resultado esperado.

Lipedema tem cura?

A Dra. Aline afirma que o lipedema é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, mas tem controle. “Isso significa que, com o tratamento adequado e acompanhamento contínuo, é possível estabilizar a progressão da doença, reduzir os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida”.

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É fundamental que a paciente entenda que o objetivo do tratamento não é apenas estético, embora a melhora visual do contorno corporal aconteça como consequência, mas sim funcional. “Quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado, melhores os resultados. A ausência de cura não significa que a paciente está fadada à piora: pelo contrário, com o manejo correto, muitas retomam sua rotina sem limitações e com auto estima restaurada”, destaca a profissional.

Tratamento melhora qualidade de vida e evita progressão da doença

Conforme confirmado anteriormente, o lipedema não tem cura, mas seu tratamento é fundamental não apenas para evitar a evolução da doença, como também para melhorar a qualidade de vida da paciente.

“O tratamento pode ser cirúrgico em 20% dos casos, mas ele é sempre clínico e conservador. Então, ele envolve hábitos de vida, tanto alimentação anti-inflamatória, quanto atividade física, gestão do sono e estresse, tudo relacionado à vida saudável, é o que faz com que não se desenvolva e, quando isso acontece, não deixamos ele progredir”, explica a Dra. Heloise Manfrum.

Vale ressaltar que o tratamento é sempre individualizado, envolvendo todas as essas mudanças no estilo de vida. Além dos hábitos já citados pela Dra. Heloise, a Dra. Aline complementa sobre o uso de roupas de compressão, algo muito importante:

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“Elas ajudam a reduzir o inchaço e o desconforto, principalmente ao final do dia, além de ter papel importante na melhora inflamatória da gordura. Além disso, alguns medicamentos podem ser utilizados para melhorar a microcirculação, controlar a inflamação e aliviar os sintomas”.

Há também outros tratamentos como a fisioterapia vascular, com técnicas de drenagem linfática e terapias descongestivas, que possuem um papel importante, principalmente em fases mais sintomáticas.

“Em alguns casos, após compensação com tratamento clínico, o tratamento cirúrgico com lipoaspiração especializada pode ser indicado para melhora tanto funcional como estética, e sempre deve ser feita por equipes treinadas. O objetivo é reduzir o volume, aliviar a dor e melhorar a mobilidade e, quando bem indicada, pode trazer uma grande transformação na vida da paciente”, explica Dra. Aline.

A médica ressalta que, apesar de não existir um equipamento específico para o lipedema, alguns tratamentos estéticos podem ser realizados com o objetivo de melhorar a gordura, textura da pele e flacidez. “Mas é preciso ter em mente um olhar na fisiopatologia da doença, pois alguns equipamentos utilizados rotineiramente para estética não são bem indicados no lipedema, podendo causar prejuízo no tratamento, por isso mesmo para tratamentos estéticos é importante estar numa equipe focada em tratamento de lipedema”, finaliza.

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