Alimentação

Cervejas funcionais: opções sem glúten, sem álcool, low carb…

A bebida já virou paixão nacional faz tempo. E tem tudo a ver com o calor e as comemorações da época (em casa, viu?)

por Amanda Panteri | Ilustração de Ligia Agreste Atualizado em 12 fev 2021, 18h54 - Publicado em 9 fev 2021 09h00

Praia, bloquinho, churrasco com amigos e família… Não importa qual o compromisso social do Carnaval, parece que todos eles combinam com a tradicional “gelada”. Contudo, em 2021 provavelmente ficaremos sem as folias típicas graças ao novo coronavírus. Mas não sem a bebida! E se a época pede comemorações mais leves e tranquilas, por que não trazer isso também para o cardápio e apostar nos lançamentos de cervejas funcionais?

Nos últimos anos, as principais marcas e até as cervejarias menores começaram a investir em linhas que prejudicam menos o corpo e prometem trazer alguns benefícios. Mas antes de conhecer as novidades, vale aprender mais sobre o líquido que muitos brasileiros amam:

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O que é a cerveja

A bebida fermentada existe há milhares de anos, e teve papéis muito importantes para diversas civilizações. Como exatamente ela surgiu é um mistério, mas a teoria mais plausível é que a “invenção” da cerveja tenha acontecido de forma acidental, a partir da fermentação espontânea de massas e pães. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor do líquido no mundo.

A grande maioria das receitas leva apenas quatro ingredientes: água, cereais, lúpulo e levedura. Cada um garante características como gosto, textura, sabor, cor, aroma e espuma.

A grande maioria das receitas leva apenas quatro ingredientes: água, cereais, lúpulo e levedura

A água, por exemplo, chega a atingir aproximadamente 90% da composição da bebida alcóolica. Já os cereais podem ser cevada (mais utilizado), trigo, centeio, arroz, aveia e milho; ou então uma mistura deles. “São fontes de açúcar, matéria-prima da fermentação que gera álcool e gás carbônico”, diz Alex Moraes, sócio da Fábrica ICB – Cervejaria Escola, do Instituto da Cerveja Brasil.

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Além de dulçor, os cereais garantem cor, textura, corpo e turbidez, dependendo da escolha. “Se eu utilizo o trigo, produzo um aroma que remete ao pão. O milho, por outro lado, já é mais neutro”, complementa.

As leveduras nada mais são do que fungos capazes de transformar o açúcar dos carboidratos em álcool e gás carbônico. Mas também podem gerar subprodutos. “Aroma de banana, por exemplo. Sem contar que, geralmente, as leveduras não conseguem consumir todo o açúcar do líquido, deixando o gosto mais docinho.”

Já o lúpulo fica responsável por trazer amargor e cheiros que remetem a especiarias (flores, ervas e frutas). Isso sem falar no seu poder de conservação. Fácil de entender, não?

MAS E O MALTE?

Provavelmente você já ouviu falar nele. Alex explica que, apesar de muito associado à cevada, a malteação é um processo que pode ser feito com qualquer cereal. “Facilita a retirada do açúcar. Consiste em germinar a planta para ela chegar ao ponto de quebrar o açúcar, mas não de florir.”

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(Juliana Pereira/Reprodução)
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Glúten, carboidratos e calorias = o trio da pesada

Tem gente que não apoia a cerveja, e até a chama de “pão líquido”, dadas as quantidades de calorias e carboidratos presentes em uma latinha (cerca de 140 kcal e 39g de carboidratos em 350ml). Mas de onde vêm esses componentes?

Uma lata de cerveja de 350ml possui cerca de 140 kcal e 39g de carboidratos

O especialista do ICB diz que os carboidratos estão basicamente naquele açúcar residual dos cereais que as leveduras não conseguiram comer (geralmente de cadeias mais longas). “Se eu quero fabricar um produto low carb, por exemplo, preciso reduzir essa sobra da fermentação. Colocar menos açúcar para as leveduras conseguirem quebrar tudo é uma saída. Mas aí provavelmente você fará uma bebida mais seca e menos doce.”

E não adianta: o que deixa a cerveja calórica é o álcool. É por isso que muitas empresas andam apostando nos lançamentos 0% dele (ou com redução do componente). “Geralmente as de baixa calorias contêm cerca de 4% de teor alcoólico. Enquanto as médias, 5,5%.”

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Outra tendência do mercado cervejeiro são as linhas sem glúten. A proteína está presente no trigo e na cevada, e por isso muitas das bebidas fermentadas concentram a substância — ou então restos dela. “Mas já existem produtos que diminuem o glúten para que ele fique em níveis seguros para quem possui doença celíaca [reação imunológica à ingestão de glúten]”, afirma Alex.

VOCÊ SABIA QUE NEM TODAS AS CERVEJAS SÃO VEGANAS?

“Algumas das produzidas em larga escala usam aditivos à base de cartilagem de peixe no processo de decantação. Hoje em dia a grande minoria faz isso”, afirma Alex. Mas não custa dar uma checada na sua marca preferida para garantir, não é mesmo?

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Mas não é só em tirar o glúten, as calorias e o álcool que as cervejarias têm investido. A fábrica de Alex Moraes, por exemplo, pretende lançar ainda este ano uma bebida com colágeno. “Já temos três estilos (Witbier, Hop Lager e IPA). Vamos colocar no mercado uma outra Witbier, mas dessa vez com colágeno adicionado. É claro que não recomendo substituir os suplementos por ela, mas acho que será interessante ver esse lado funcional.”

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Afinal, ela faz mal ou não?

Ciclistas e corredores, principalmente, têm uma relação próxima com a cerveja. “Um copo da bebida tem menos carboidratos que um copo de suco de laranja. Sem contar que ela possui sais minerais, e pode ser uma opção de isotônico (quando em pequenas doses, é claro), depois de um treino intenso”, afirma Alex. Mas ele mesmo alerta: cerveja não é remédio, tá?

Por possuir sais minerais, a cerveja pode ser uma opção de isotônico pós-treino

Para o nutricionista Georgi Wayne (@georgiwayne), o grande vilão é o álcool. Ele pode causar inflamações e enfraquecer o sistema imunológico, tornando o corpo mais propenso a doenças. Então mesmo que uma cervejinha possua alguns nutrientes, o álcool presente nela não é o mais recomendado para a recuperação adequada dos músculos depois de um estímulo. “A bebida interfere na força, velocidade e equilíbrio, acarretando em pior desempenho e mais chances de lesões. Apesar de ser um líquido, ele promove também a desidratação”, alerta. Por isso, melhor deixar a gelada para dias mais tranquilos, não é mesmo? Ou então provar as opções sem álcool.

O nutricionista ainda explica que existem truques para beber com moderação e evitar a ressaca no dia seguinte. “É possível consumir a cerveja dentro de uma dieta equilibrada. Lembre-se de deixar a bebida para os fins de semana, tomar água durante seu consumo, não beber em jejum e nem muito rapidamente”, aconselha. “Nada em excesso faz bem, e compreendemos que o consumo moderado possa trazer eventuais benefícios sociais/momentos de lazer.”

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Cervejas funcionais: testamos algumas marcas!

1 – Heineken 0.0 (sem álcool)

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(Heineken/Divulgação)

É composta por ingredientes naturais (água, malte, lúpulo e aroma natural de malte) e pela levedura A. Puro malte, o lançamento não tem adição de outros cereais além da cevada, e conta com apenas 69 calorias por garrafinha (330ml).

A nossa editora-chefe Amanda Maia experimentou a long neck (o produto também pode ser encontrado em lata, com 74 calorias). “O que mais chamou a atenção foi o sabor ser bastante parecido com o da versão original alcoólica, já que, geralmente, costumamos perceber bastante diferença no gosto de diversos produtos que ganham versão zero. Como já esperava, ela também é um pouco mais leve e suave. Perfeita para quem não abre mão de uma cervejinha, mas quer diminuir o consumo de álcool”.

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2 – Alma Cevada, Cervejaria Brüder (low carb)

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(Cervejaria Bruder/Divulgação)

Zero açúcar, baixa caloria (cerca de 64 em um copo de 200ml) e low carb. De acordo com a empresa, a chave para a receita está numa técnica que por muito tempo foi vinculada a cervejas belgas e, recentemente, a norte-americanas conhecidas como Brüt IPA: o uso de enzimas capazes de quebrar as cadeias mais complexas de açúcar oriundas do malte, a única fonte de açúcar da Alma Cevada.

Quem provou ela foi a repórter Amanda Panteri. “Apesar de conter álcool (4,8% vol.), ela é extremamente leve e refrescante! Difícil ficar em um copo só. Ótima opção para quem não curte sabores amargos

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3 – Baixa Gastronomia, Cervejaria Brüder (zero carb)

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(Cervejaria Bruder/Divulgação)

Também zero carb e zero açúcar, foi desenvolvida juntamente com uma personalidade de Minas Gerais (onde está localizada a cervejaria) especialista em descobrir botecos no estado. “É uma Pilsen bem levinha, ótima para consumir com petiscos sem pesar o estômago. Faz lembrar aquele bar tradicional que a gente ama e está sentindo falta“, Amanda Panteri, repórter. 4,8% de teor alcóolico e 64 calorias a cada 200ml. 

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4 – Cerveja sem glúten, Cervejaria Farrapos

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(Cervejaria Farrapos/Divulgação)

A primeira cervejaria do Brasil a produzir uma cerveja sem glúten, hoje eles apostam em três produtos nessa linha: uma Pilsen, uma Malzbier e a APA. “A demanda hoje é grande, não só entre os Celíacos, mas entre as pessoas que não abrem mão da sua cerveja, porém tem um cuidado com a sua alimentação”, conta Nélio Souza dos Santos, gerente comercial da marca. 

“Eu adorei! Além de ser sem glúten, ela é puro malte, então eu não tive nenhum dos pós desagradáveis que costumo ter quando tomo cerveja (problemas intestinais, dor de cabeça…) E, apesar de ser pilsen, não tem aquele gosto e textura aguado, como algumas da categoria, é levinha mas com gosto bem marcante de cerveja mesmo”, Larissa Serpa, editora.

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5 – Golden Ale Sem Álcool, Cervejaria Dádiva 

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(Cervejaria Dádiva/Divulgação)

Ideal para quem ama cervejas artesanais. Possui coloração clara dourada e destaca em primeiro plano os aromas e sabores provenientes do malte e, apesar de timidamente, os traços do lúpulo. Refrescante, ela é uma bebida extremamente fácil de beber e de agradar. A temperatura de serviço ideal fica entre 4 e 6°C.

A editora Larissa Serpa aprovou. “Nem parece que não tem álcool. Acho que muitas vezes com cervejas não-alcoólicas, a gente percebe logo no primeiro gole, mas não é o caso dessa e é uma ótima opção pra quem gosta das mais encorpadas, como as Golden Ale.”

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6 – IPA Glúten Free, Cervejaria Dádiva (sem glúten)

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(Cervejaria Dádiva/Divulgação)

A receita base da IPA Gluten Free é a mesma da tradicional. A diferença é que ela recebe um componente especial: uma enzima capaz de decompor as proteínas do glúten e tornar o consumo da bebida apropriado para celíacos ou adeptos de dietas especiais. E o melhor, mantendo as mesmas características sensoriais do produto original. 6% de teor alcoólico. Tanto ela quando a Golden Ale Sem Álcool são veganas e certificadas pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). 

“Ela tem o gosto mais forte típico das Indian Pale Ale, mas é levemente menos amarga, talvez por conta do caramelo que tem na formulação. Eu senti que ela me deixou bem menos ‘empapuçada’ que essas cervejas costumam me deixar, sem aquela sensação de cheia. Também não me deixou inchada, provavelmente pela ausência do glúten”, Larissa Serpa, editora. 

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7 – Estrella Galicia 0.0 (sem álcool)

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(Estrella Galicia/Divulgação)

A marca já possuía a versão sem álcool há algum tempo. Mas agora eles lançaram mais dois produtos da mesma linha: a Tostada, que utiliza uma mistura de seis tipos de maltes com diferentes graus de tostagem e lúpulo das variedades Nugget, Perle e Sladek; e a Black, uma cerveja preta de cor escura, com reflexos de cobre e aromas de maltes torrados lembram cacau e caramelo, com notas sutis de madeira e café. 

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8 – Estrella Galicia Sem Glúten

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(Estrella Galicia/Divulgação)

A Estrella Galicia também acaba de anunciar a primeira produção da sua cerveja sem glúten.  O primeiro rótulo a ganhar a nova versão é a Premium da cervejaria tipo Helles Exportibier, com as mesmas características sensoriais da Estrella Galicia Tradicional e teor alcoólico de 5,5%. Ela será importada da espanha e comercializada em longneck de 330 ml em todo território nacional.

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9 – Pilsen Low Carb, Cervejaria NOI

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(Cervejaria NOI/Divulgação)

Com apenas 28 calorias a cada 100 ml e 4% de teor alcoólico, a proposta com a Low Carb é entregar uma pilsen artesanal leve e com alta “drinkability”, para ser consumida em ambientes festivos, na praia e até após a atividade física. O rótulo é o primeiro da marca em lata e sai na versão de 355 ml.

“A Noi Low Carb é composta apenas por água, malte de cevada, lúpulo e levedura, tendo como um de seus principais diferenciais as técnicas de processamento dos carboidratos, visando a sua redução sem a utilização de nenhum aditivo químico. As 28 calorias e os 0,62 carboidratos (por 100 ml) são provenientes apenas do álcool da cerveja e não dos carboidratos. Nós economizamos na caloria para você gastar como quiser”, destaca Guilherme Zanin, mestre cervejeiro da NOI.

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10 – Praya (vegana)

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(Praya/Divulgação)

A Praya é uma Cerveja Artesanal Witbier, 100% natural, vegana e sem aditivos químicos. “Queremos estar em todos os lugares e ser orgulho nacional, a cerveja local do Brasil. Prezamos por ingredientes de qualidade e temos a preocupação de minimizar o impacto ambiental da nossa produção. Buscamos despertar a consciência ecológica em nossa equipe, clientes e público”, diz o comunicado à imprensa deles. A marca também adere a importantes movimentos sociais.

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11 – Stella Artois Sem Glúten

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(Stella Artois/Divulgação)

Não existe diferença nutricional e de calorias entre a versão tradicional e a novidade, que foi lançada em julho do ano passado. Cada porção de 330ml, o equivalente a garrafinha long neck, possui 134kcal.

“Para chegar na versão sem glúten, aplicamos uma tecnologia no processo de produção, preservando o sabor e todas as características da versão original, de modo que a bebida seja considerada um produto sem glúten de acordo com legislação brasileira”, conta Alexandre Levy, mestre cervejeiro e um dos responsáveis pela inovação.

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*Os produtos testados foram selecionados pelo time de Boa Forma e enviados por suas respectivas assessorias, sem envolvimento de cachê

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Essa matéria faz parte da edição especial de fevereiro de 2020 que tem como tema principal Carnaval – Guia de Como Curtir em Casa. Clique aqui para ver os outros especiais da edição.

 

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(Ligia Agreste/BOA FORMA)

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