Por que todo mundo deveria conhecer as fazendas de ostras no Nordeste

A colunista Cacá Filippini viajou a Alagoas para conferir a produção local de ostras e conta como foi a experiência

Por Cacá Filippini
Atualizado em 21 out 2024, 17h28 - Publicado em 3 ago 2018, 19h13
Por que todo mundo deveria conhecer as fazendas de ostras no Nordeste
 (Claudio Paulino/Divulgação)
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A viagem que fiz a Alagoas nesta semana foi muito além de relaxar ouvindo o barulho das ondas do mar e tomando água de coco. Visitei a comunidade Paleteia, no munícipio de Barra de São Miguel, no litoral sul do estado, para conhecer a ostreicultura (cultivo de ostras) da região.

Quem costuma consumir essa iguaria não imagina a simplicidade do local de onde ela vem. Logo que desci do carro, reparei que o cenário predominante é chão de terra batida e casinhas coloridas feitas de barro e galhos, o famoso pau a pique. A alegria reina por lá: crianças brincam de bola na rua e a risada rola solta.

São cerca de 400 pessoas, distribuídas em 120 famílias. Pelo menos metade vive exclusivamente do cultivo de ostras, mas também se destacam a apicultura e a fabricação do própolis vermelho, produto raríssimo que teria efeito anticâncer, segundo estudos.

Minha primeira parada foi o restaurante Paraíso das Ostras, construído, parede a parede, pelas mãos da simpática dona Lurdes. Ela me contou que saiu da comunidade quando tinha 1 ano de idade e voltou aos 36, para ser uma das empreendedoras locais. Sua cozinha tem água encanada, 100% potável, uma geladeira e um fogão quatro bocas de onde sai o famoso caldinho de sururu, um molusco típico da região. O prato é delicioso (de comer de joelhos!) e, de acordo com os moradores, tem propriedades afrodisíacas.

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Cacá Filippini e dona Lurdes, dona do restaurante Paraíso das Ostras. (Claudio Paulino/Divulgação)

 

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Caldinho de sururu. (Claudio Paulino/Divulgação)
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Depois de me esbaldar, segui rumo às fazendas de ostras, como são chamados os locais de cultivo. Logo me deparei com duas mulheres abrindo pequenas conchas com facas de metal – a maneira mais fácil, segundo elas, de retirar o sururu, vendido a R$ 30 o quilo. O trabalho é árduo, mas as moradoras me garantiram que é uma boa terapia.

Me despedi e segui para um mangue, onde embarquei em uma canoa junto com Maria Sebastiana, conhecida como dona Bastinha, que trabalha na área há 16 anos. Navegamos até uma área em que as ostras se reproduzem e comemos, ali mesmo, os mariscos produzidos por ela.

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Dona Bastinha “colhendo” ostras. (Claudio Paulino/Divulgação)

As ostras de manguezais têm um sabor mais adocicado em relação àquelas que vêm do mar, e os acompanhamentos também são diferentes: dona Bastinha serviu limão, pimenta biquinho e mel produzido na região. Segundo ela, há turistas que levam vinho branco ou espumante para o passeio – imagine o banquete!

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Toda essa experiência foi transformadora. Quando a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo e a Secretaria de Desenvolvimento e Turismo de Alagoas me convidaram para essa viagem, não imaginava quão grata me sentiria de estar ali, em meio a pessoas que vivem com tão pouco e, mesmo assim, não reclamam, estão sempre de bem-humoradas e prontas para conversar e compartilhar o que a vida tem de melhor.

Por isso, convido você a fazer o mesmo: sair do automático, valorizar as relações, respeitar o meio ambiente e fazer cada vez menos do mesmo.

Confira como foi a experiência neste vídeo:

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Nos vemos na próxima semana…

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