Dieta glúten-free: menos 3 kg em 10 dias!

BOA FORMA convida para um teste: ficar sem glúten por alguns dias. E já adianta o resultado: você emagrece, enxuga medidas, sente-se menos estufada e mais alerta. E isso tudo colocando muito mais comida no prato

Por Sibelle Pedral (colaboradora)
Atualizado em 21 out 2024, 19h20 - Publicado em 22 jun 2014, 22h00
Tinatin1/ThinkStock/Getty Images
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O glúten é uma proteína difícil de digerir e está presente no trigo, no centeio, na cevada e, em menor quantidade, na aveia. Até há pouco tempo, deixar de consumi-lo era obrigatório apenas para celíacos, portadores de uma doença autoimune desencadeada pelo glúten que interfere intensamente na absorção de nutrientes pelo organismo. No entanto, nos últimos anos, não são poucos os médicos e nutricionistas que vêm sugerindo a retirada dessa proteína do cardápio em dietas para a perda de peso. Sabe-se hoje que o organismo não consegue quebrar o glúten. Ok, então ele seria simplesmente eliminado pelas fezes sem causar problemas, certo? “Errado”, observa a nutricionista Gisela Savioli, de São Paulo, autora de Tudo Posso, Mas Nem Tudo Me Convém (Edições Loyola).

“Estudos recentes mostram que o glúten favorece a permeabilidade intestinal, deixando que fragmentos não digeridos dessa proteína passem para a corrente sanguínea. Isso desencadeia uma resposta inflamatória, contribuindo para a obesidade e agravando-a, já que o próprio peso em excesso é uma doença inflamatória.” Com base nesse raciocínio, Gisela propõe a seus pacientes uma dieta sem glúten que, dependendo da necessidade de perda de peso, pode enxugar até 3 quilos em dez dias ao combater as inflamações causadas pela ingestão exagerada de glúten. É essa dieta que você encontra nas próximas páginas para afinar suas medidas.

Há muitos paradoxos na questão do glúten. Por um lado, nenhum alimento consumido tal como foi entregue pela natureza contém essa proteína, que se revela no processo de industrialização do trigo e faz o cereal render mais. “É o glúten que faz a massa crescer e ficar fofa”, explica Gisela. Por outro, nunca se consumiu tanto glúten como atualmente. “Nas últimas quatro décadas, o trigo sofreu um aprimoramento genético para se tornar mais produtivo, o que resultou num aumento significativo na quantidade de glúten”, afirmou a nutricionista Denise Carreiro durante o 4º Glúten-Free, evento realizado em São Paulo para debater o assunto. Em 2011, cada brasileiro consumiu em média 60 quilos de trigo, 27 deles no pãozinho francês, segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Em contrapartida, a quantidade de frutas e hortaliças no prato não para de cair, representando hoje, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), menos de 1/3 do que deveria segundo bons padrões nutricionais.

Nesse quadro de desequilíbrio alimentar, a dieta elaborada por Gisela Savioli oferece sabe o quê? Comida (muita comida!): cerca de 1200 calorias diárias de arroz, feijão, carne, frango, peixe, verduras e massas sem glúten. Você provavelmente vai olhar o cardápio e pensar: não consigo comer tudo isso. Mas vale fazer o teste por uma semana e observar as reações do seu corpo. É bem possível que se sinta menos estufada, mais alerta (o organismo gasta muita energia na tentativa de quebrar o glúten, energia essa que deixa de ir para o cérebro!) e apresente uma surpreendente perda de medidas. Talvez até descubra que se sente melhor sem essa proteína.

“Atualmente, estima-se que cerca de 35% da população mundial tem alguma sensibilidade ao glúten. Alguns pesquisadores falam até em 60%”, afirma Denise Carreiro. Mas, com exceção dos celíacos, ninguém precisa riscar o glúten da dieta para sempre. Controlar a quantidade é suficiente. “Ao trazer de volta essa substância ao cardápio, é importante equilibrar melhor o que se come. Reduzir o glúten não é uma dieta da moda: é a evolução do conhecimento”, enfatiza Denise.

Arroz e feijão quase todo dia
A nutricionista Gisela Savioli sugere opções de refeições intercambiáveis para que você possa combiná-las a gosto com a garantia de ficar sempre perto das 1200 calorias. Siga o cardápio por dez dias e depois volte gradualmente a comer alimentos com glúten até estabelecer uma quantidade menor que a habitual para manter a perda de peso e um melhor equilíbrio alimentar. Ao longo do dia, beba 1 litro de água. “O restante de líquido pode vir dos alimentos, daí a importância dos legumes, das verduras e das frutas”, diz Gisela.

O cardápio também prioriza alimentos funcionais (orgânicos, sempre que possível) para que o processo de desinflamação aconteça por completo. Pela mesma razão, a nutricionista sugere trocar o leite de vaca pelo de ovelha e o queijo comum pelo de búfala. A biomassa de banana verde é opcional, mas você tem ótimos motivos para experimentar (veja a receita abaixo).

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Veja também: Alinne Moraes: – 20kg com dieta sem glúten e lactose

Quem deve, quem pode
Nem todos os nutricionistas gostam da ideia de retirar o glúten do cardápio. No final de 2011, o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3) considerou que essa prática havia se disseminado de forma indiscriminada. Lançou, então, um parecer técnico orientando seus profissionais a adotar a medida apenas em determinados casos, como doença celíaca e diagnóstico clínico de sensibilidade ao glúten, que só caberia ao médico. “Mais importante do que cortar o glúten, é melhorar a qualidade das calorias ingeridas e, se for preciso perder peso, reduzir a quantidade”, diz Patricia Cruz, nutricionista do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

A dieta que BOA FORMA sugere atende a essa necessidade e tem o aval do cardiologista Roque Marcos Savioli, médico supervisor da Divisão Clínica do Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Além disso, propõe que você siga o cardápio por apenas dez dias.

Este cardápio de 1200 calorias tem pão e até macarrão (sem glúten, claro!). Desincha, desinflama e emagrece 3 quilos (ou mais!) em dez dias. Faça o teste!

Dieta glúten-free

Café da manhã

Opção 1: Suco verde: 4 folhas de couve e 2 maçãs pequenas com casca passadas na centrífuga (se usar o liquidificador, acrescente um pouco de água) e batidas com 1 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional – receita abaixo) + 1 fatia de bolo de cacau sem farinha (receita abaixo) + Café (ou chá) com adoçante à base de stévia (opcional)

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Opção 2: Suco verde: 4 folhas de couve, 2 cenouras com casca passadas na centrífuga (se usar o liquidificador, acrescente um pouco de água) e batidas com 1 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional) + 1 copo (200 ml) de leite de arroz batido com café (ou cacau em pó) + 1 ovo mexido com 1 col. (café) de óleo de coco

Opção 3: Suco verde: 2 folhas de couve batidas com 1 kiwi, 1 maçã verde com casca, 1 pepino com casca, 1 copo (200 ml) de água de coco e 1 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional) + 1 xíc. de chá de camomila + 1 falso pão de queijo (receita abaixo) com 1 fatia de mussarela de búfala (ou queijo de ovelha)

Opção 4: Suco verde: 2 folhas de couve batidas com 1 pepino com casca, 1 pedaço (2 cm) de gengibre, 1 copo (200 ml) de água de coco e 1 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional) + 5 biscoitos de arroz com 2 col. (sopa) de homus (pasta de grão-de-bico com tahine) + Café (ou chá) com adoçante (opcional)

Opção 5: Suco verde: 2 folhas de couve batidas com 1 fatia de abacaxi, 1 pedaço (2 cm) de gengibre, 1 punhado de hortelã, 1 copo (200 ml) de água e 1 col. (sopa) de biomassa de banana verde + 1 tapioca com 2 fatias de mussarela de búfala, 1 fio de azeite e orégano + Chá-verde com adoçante à base de stévia (opcional)

Lanche da manhã

Opção 1: 1 fatia de melão com 1 col. (sopa) de amaranto (ou quinua em flocos) + 1 castanha-do-pará

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Opção 2: 1 fatia de melancia + 1 castanha-do-pará

Opção 3: 1 pote de iogurte natural + desnatado com frutas vermelhas

Opção 4: 1/2 papaia

Opção 5: Fruta (1 goiaba, 1 maçã, 1 fatia de melancia) + 2 amêndoas + 2 macadâmias

Almoço

Opção 1: 4 col. (sopa) de salada de legumes com tofu em cubos temperada com 1 col. (chá) de azeite extravirgem e 1 col. (sobremesa) de aceto balsâmico e pouco sal + 3 col. (sopa) de arroz integral polvilhado com cúrcuma + 2 col. (sopa) de feijão carioca (ou azuki) + 2 col. (sopa) de batata-doce (ou batata yacon) sautée + 1 filé pequeno (80 g) de frango grelhado

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Opção 2: 1 prato (sobremesa) de salada de alface crespa, rúcula e rabanete ralado temperada com 1 col. (chá) de azeite extravirgem e 1 col. (sobremesa) de aceto balsâmico e pouco sal + 3 col. (sopa) de arroz integral polvilhado com gergelim (opcional) + 2 col. (sopa) de feijão-preto + 2 col. (de servir) de espinafre refogado com alho, cebola e um fio de azeiteextra virgem + 1 filé pequeno (80 g) de carne magra (patinho, coxão-mole) grelhada

Opção 3: 1 prato (sobremesa) de salada de alface, escarola, agrião e cenoura ralada temperada com 1 col. (chá) de azeite extravirgem, 1 col. (sobremesa) de aceto balsâmico e pouco sal + 3 col. (sopa) de quinua refogada + 1 col. (de servir) de vagem e cenoura refogadas + 1 col. (de servir) de sardinha assada com pimentões (receita abaixo).

Opção 4: 1 prato (sobremesa) de salada de manjericão fresco e tomate picado sem sementes temperada com 1 col. (chá) de azeite extra virgem, 1 col. (sobremesa) de aceto balsâmico e pouco sal + 1 porção (250 g) de macarrão de arroz com brócolis + 1 filé pequeno (80 g) de carne magra grelhada

Opção 5: 1 prato (sobremesa) de salada de alface americana, rúcula, tomate-cereja e pepino temperada com 1 col. (chá) de azeite extravirgem e 1 col. (sobremesa) de aceto balsâmico e pouco sal + 2 col. (sopa) de arroz integral polvilhado com gergelim (opcional) + 1 col. (sopa) de lentilha + 5 buquês de brócolis cozidos no vapor + 1 filé médio (100 g) de peixe assado

Lanche da tarde

Opção 1: 1 fatia média de melancia + 1 castanha-do-pará

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Opção 2: 1 banana amassada com 1 col. (café) de coco ralado e canela

Opção 3: 4 biscoitos de polvilho (sem gordura trans)

Opção 4: 2 lascas (20 g) de coco fresco (ou seco)

Opção 5: 4 biscoitos doces sem glúten + Café (ou chá) com adoçante (opcional)

Jantar

Opção 1: 1 prato (sobremesa) de salada de grão-de-bico com molho de iogurte + 2 col. (de servir) de brócolis cozido no vapor + 1 filé médio (100 g) de peixe grelhado

Opção 2: 1 prato (fundo) de sopa de couve-flor com cardamomo (receita abaixo) + 1 fatia de pão sem glúten

Opção 3: 1 prato (fundo) de sopa de abobrinha com curry (receita abaixo) servida com 1 peito de frango cozido e desfiado

Opção 4: 1 prato (fundo) de sopa de abóbora com gengibre batida com 2 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional – receita abaixo) + 1 prato (sobremesa) de couve-flor e cenoura refogadas com alho, cebola e 1 fio de azeite extravirgem

Opção 5: 1 prato (fundo) de sopa de mandioquinha e cenoura batida com 2 col. (sopa) de biomassa de banana verde (opcional) + 1 prato (sobremesa) de salada de chuchu com cebola

Ceia

Opção 1: 1 maçã cozida com canela

Opção 2: 1 porção de frutas (2 kiwis, 1 pera)

Opção 3: 1 copo (200 ml) de suco de maracujá

Opção 4: 1 maçã cozida com cravo e canela

Opção 5: 2 amêndoas + 2 castanhas-do-pará

Receita de biomassa de banana verde
1. Lave bem as bananas com casca, preservando os talos para que fiquem bem fechadinhas.

2. Numa panela de pressão, coloque água até a metade e leve ao fogo. Assim que ferver, adicione as bananas, tampe e deixe cozinhar. Quando começar a soltar vapor, abaixe o fogo, aguarde 10 minutos e desligue, mas não abra a panela: deixe a pressão se desfazer naturalmente. Descasque rapidamente (não deixe esfriar, pois endurece) e bata a polpa no liquidificador até formar uma pasta quente. Dura cinco dias na geladeira e três meses no freezer. Use no preparo de receitas e sucos.

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