Amor (próprio) sem tamanho, por Amanda Souza

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Filme de terror realista e substancial

Amanda Souza, nossa colunista, revela suas impressões sobre o filme "A Substância"

Por Amanda Souza
5 out 2024, 20h00
Cena de Demi Moore no filme A Substância
Cena de Demi Moore no filme "A Substância" | (Imagem Filmes/Youtube/Reprodução)

Fui ao cinema assistir ao filme de terror “A substância”, onde o tema assustador era a busca pela perfeição. Parece estranho né? Mas acredito que tenha sido realmente uma ótima escolha para um filme, o horror que principalmente as mulheres sofrem diariamente apenas por existirem.

Pode parecer exagero ou dramático, mas viver por tanto tempo em uma sociedade onde as mulheres são punidas – e até se punem – por serem quem são, por seguirem o curso natural da vida, sem receber a devida aceitação social, é realmente assustador.

Demi Moore representa todas nós ao envelhecer e ter que lidar com a continuidade de sua existência num mundo em que esperam que você tenha 23 anos pra sempre, o corpo, o colágeno, as formas…

Quando isso passa, você simplesmente é descartada, as cortinas se fecham e você não é digna de conquistas profissionais, pessoais. Ultrapassada: esse é o termo que usam para te definir a partir desse momento, a idade chega para as mulheres como uma morte antecipada e a corrida para mostrar valor e pelo pertencimento nunca cessa.

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Levaram a objetificação feminina às telas com um horror corporal tão distópico que, aos meus olhos naquela sala, só ilustrava o que o feed mostra diariamente.

Uma ironia visual feita pra chocar, causar um desconforto definitivo que é real não mora na ilusão da produção cinematográfica, mora no subconsciente social, nos hospitais lotados de projetos de melhor versão, cestas de farmácias lotadas de cura visual para satisfazer o telespectador real.

A dismorfia corporal ocupando 90% dos cérebros femininos em busca da tão sonhada perfeição que para além de impossível, não se é possível descrever de tão surreal.

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O que vemos na tela de “A substância” é o desespero feminino para SER o que esperam de nós e que acreditamos que também devemos querer a qualquer custo, a vida banalizada e resumida ao falso glamour do manequim 38 e a pele lisinha, mesmo que nos custe morrer em vida ou literalmente perder a vida.

Para mim, um filme de horror corporal que poderia ter o título de baseado em fatos reais dadas as proporções que a perfeição e a distorção de melhor versão tomaram espaço nas nossas vidas.

Um relato real do quanto nos sujeitamos a máxima da dor e toxicidade para alcançar o “amor” , o “ desejo” a “validação externa” , uma corrida incessante pela perpetuação do EU plástico.

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