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Transtornos alimentares, por Valeska Bassan

Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares, pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein

Por que não devemos recompensar as crianças com comida?

Descubra os riscos do hábito de recompensar crianças com comida

Por Valeska Bassan
Atualizado em 11 dez 2024, 21h26 - Publicado em 12 out 2024, 20h00
Descubra os riscos do hábito de recompensar crianças com comida
Descubra os riscos do hábito de recompensar crianças com comida | (freepik/Freepik)
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Uma das práticas mais comuns entre pais e cuidadores é usar a comida como uma forma de recompensa ou consolo para as crianças. Frases como “se você se comportar, ganha sorvete” ou “não fique triste, aqui está um chocolate” parecem inofensivas e até eficazes em situações pontuais.

No entanto, esse hábito pode ter impactos negativos para o desenvolvimento emocional e para a relação das crianças com a alimentação a longo prazo.

Quais os riscos desse hábito?

Ao oferecer comida como uma forma de consolo ou prêmio, a criança aprende a associar emoções — como tristeza, frustração ou ansiedade — ao ato de comer. Isso pode levá-la a buscar alimentos como forma de aliviar sentimentos desconfortáveis, desenvolvendo o que chamamos de comer emocional.

Esse padrão, criado na infância, pode persistir na vida adulta, contribuindo para comportamentos alimentares desordenados, como compulsão alimentar, e aumentando o risco de obesidade.

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Além de interferir na regulação emocional, a prática de recompensar com comida pode confundir a percepção de fome e saciedade. Quando o alimento é usado como prêmio ou forma de consolo, a criança pode não estar com fome, mas come para agradar ou para receber a recompensa.

Isso desvia o foco da alimentação como uma necessidade fisiológica e a transforma em uma resposta emocional, o que pode levar a hábitos alimentares desequilibrados ao longo da vida.

É natural que pais e cuidadores queiram incentivar bons comportamentos e confortar as crianças em momentos difíceis. No entanto, é possível fazer isso de forma saudável e eficaz, sem envolver comida.

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O que fazer?

Recompensas emocionais, como elogios, tempo de qualidade ou brincadeiras, podem ser tão eficazes quanto (ou até mais) do que oferecer um doce.

Dedicar atenção, contar histórias ou realizar atividades em família são formas de mostrar à criança que ela é valorizada e amada, sem criar associações negativas com a alimentação.

Outro ponto importante é a educação emocional. Ensinar as crianças a identificarem e expressar suas emoções de maneira saudável desde cedo é essencial para o seu desenvolvimento.

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Em vez de oferecer um doce para aliviar a tristeza, que tal ajudá-las a entender e verbalizar o que estão sentindo? Ao longo do tempo, isso as ajudará a lidar melhor com suas emoções sem recorrer ao comer emocional.

Para que essa mudança aconteça, é importante que os próprios pais reflitam sobre a forma como lidam com suas emoções e com a alimentação. Muitos adultos também recorrem à comida como forma de compensação emocional, seja após um dia difícil de trabalho ou para lidar com o estresse cotidiano.

As crianças aprendem muito observando o comportamento dos pais, e, por isso, é fundamental que os adultos também busquem uma relação mais equilibrada com a comida e com as próprias emoções. Em casa, criar um ambiente onde a alimentação é vista como algo positivo, sem estar associada a prêmios ou castigos, faz toda a diferença no desenvolvimento da criança.

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Ao entender desde cedo que os alimentos servem para nutrir o corpo e proporcionar prazer, e não para lidar com sentimentos, as crianças terão mais chances de desenvolver uma relação saudável tanto com a comida quanto com suas próprias emoções.

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