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Espiritualidade prática, com Debora Pivotto

Espiritualidade e autoconhecimento conectados com a nossa saúde física e mental, com o coletivo e com a vida prática
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Por que o contato com a Natureza nos faz tão bem?

Por Debora Pivotto
Atualizado em 14 jul 2021, 20h56 - Publicado em 2 jun 2021, 20h01

Neste último fim de semana, eu estive na praia em Bertioga (SP). Fazia tempo que não tinha a oportunidade de sair de São Paulo e, nossa, como me fez bem! Poder caminhar na areia, ver o mar, tomar sol. Passar uns dias “com mais tempo”, num ritmo mais tranquilo e com menos tarefas a cumprir.

Voltei pra casa bem melhor, mais feliz mesmo. E fiquei pensativa sobre o que acontece dentro de nós quando estamos em contato mais direto com a Natureza. Sinto que é algo que vai muito além de um descanso ou relaxamento. Afinal, por que essa conexão é tão transformadora? Compartilho aqui nesta coluna alguns palpites e percepções.

Natureza interna e externa

Sempre que decido ir à praia ou visitar lugares especiais para mim no campo ou na montanha, sinto que estou atendendo a um pedido de pausa que vem do corpo, da mente e da alma. Ou seja, pra mim, essa imersão na Natureza tem muito a ver com autocuidado. Na parte física, sinto que passo por um processo de regeneração da minha energia, que me traz mais vitalidade e geralmente até durmo melhor. Mentalmente, percebo que tenho mais facilidade de acalmar meus pensamentos, consigo meditar mais profundamente e, frequentemente, tenho inspirações e boas reflexões durante uma caminhada ou um mergulho no mar. E também sinto que fico mais atenta aos meus sentimentos e ao que está acontecendo no meu mundo interno. Ou seja, o contato com a Natureza externa aprofunda muito a conexão com a nossa natureza interna.

Eu tenho sensações parecidas quando vou ao Parque do Ibirapuera, por exemplo. Eu sempre saio mais calma, consigo refletir melhor e frequentemente tenho insights sobre os motivos de uma irritação ou de uma vontade de chorar. Aliás, como nem sempre temos tempo nem dinheiro pra dar uma escapada em viagens rápidas, procurar parques, praças ou qualquer “bolha” com terra, grama e árvores ajuda muito a trazer essas sensações de bem-estar!

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Quando estou muito cansada, costumo procurar um desses pequenos espaços de terra e caminho por um tempo descalça. É impressionante o efeito que este hábito simples nos traz. A energia da terra é muito forte e funciona como um imã que nos ajuda muito a descarregar a energia que está em excesso no nosso campo e que não nos serve mais e, ao mesmo tempo, nos fornece uma energia renovada de muita vitalidade. A mesma força que nutre as raízes das árvores. Sei que pode parecer papo de bicho-grilo, mas sugiro que você experimente e depois me conte como se sentiu!

Sentir a força da terra, ver a beleza de um nascer ou um pôr-do-sol e até o simples fato de poder observar um horizonte e não ficar sempre entre quatro paredes são coisas aparentemente tão simples que subestimamos a importância que elas têm na nossa saúde física, mental e espiritual.

 

Relaxamento: "Quando estou muito cansada, costumo procurar um desses pequenos espaços de terra e caminho por um tempo descalça. É impressionante o efeito que este hábito simples nos traz", afirma Debora
Relaxamento: “Quando estou muito cansada, costumo procurar um desses pequenos espaços de terra e caminho por um tempo descalça. É impressionante o efeito que este hábito simples nos traz”, afirma Debora (Hatham on Unsplash/BOA FORMA)

Precisamos de tudo o que é vivo e orgânico.

É curioso como nos separamos de tudo o que é natural. Falamos que precisamos de mais contato “com a Natureza” como se nós, seres humanos, fôssemos robôs ou ETs, ou seja, como se pertencêssemos a uma categoria diferente da tal Natureza, e geralmente, precisamos percorrer longas distâncias para encontrá-la. Na verdade, nós fazemos parte da Natureza tanto quanto a árvore ou o mar. Escolhemos viver num mundo  urbanizado cheio de concreto, tecnologias e praticidades, mas esse distanciamento total da Natureza tem um custo físico, emocional e ambiental muito alto. E sinto que parte do bem-estar que sentimos quando estamos imersos em árvores, rios ou montanhas é porque inconscientemente sentimos que estamos voltando para casa de alguma forma, encontramos um lugar interno que é de pertencimento.

Achei muito simbólico que, nesta pandemia, a venda de plantas e flores aumentou muito em todo o país. Não acho que é só porque as pessoas estão entediadas em casa – afinal, netflix e outros serviços de streaming estão aí pra isso. Sinto que a razão mais profunda desse aumento é uma busca pela conexão com a vida. Estamos vivendo tempos difíceis, com muitas notícias de mortes e lutos. E cuidar de uma planta, vê-la crescer, criar raízes, frutificar, nos lembra que também há muita vida ao redor e que ela pode ser cultivada. Acompanhar este ciclo vital ajuda a trazer mais esperança. Mais uma demonstração do poder transformador da Natureza em nós.

Sou Debora Pivotto, jornalista, escritora e terapeuta. Trabalhei por 13 anos em grandes redações do país até descobrir que os assuntos que mais me interessavam estavam dentro – e não fora – das pessoas. Apaixonada por autoconhecimento e comunicação, faço uma espécie de “reportagem da alma” com a terapia de Leitura de Aura, ajudo as pessoas a reconhecer e manifestar os seus dons e talentos facilitando um processo de autoconhecimento chamado Jornada do Propósito, e estou me especializando em Psicologia Análitica Junguiana. Adoro compartilhar meus aprendizados em textos, vídeos e workshops. Para saber mais, me acompanhe pelo instagram @deborapivotto.  

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