Você sabe o que é alergia emocional?

A conexão entre mente e físico pode causar diversas interferências na qualidade de vida

Por Amanda Ventorin
Atualizado em 21 out 2024, 16h37 - Publicado em 28 Maio 2022, 10h00
alergia emocional
 (AsiaVision/Getty Images)
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A conexão entre mente e corpo exerce grandes influências no nosso bem-estar. Fisicamente, você pode estar ótimo, mas uma rotina estressante ou um desentendimento podem desencadear um problema de saúde.

“Quando há problemas psicológicos como, por exemplo, stress, ansiedade ou depressão, temos a ativação do sistema nervoso simpático e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA) e com ele, o aumento na produção do hormônio cortisol. Quando não controlado, damos início a uma cascada de efeitos inflamatórios no organismo, que podem ir desde a prejuízos no sono, queda na imunidade, dificuldade na cicatrização de feridas, envelhecimento da pele, desordens intestinais a até problemas metabólicos mais profundos, a depender da duração e intensidade dos eventos psicológicos estressores” conta Gisele Haiek, nutricionista.

ALERGIAS EMOCIONAIS 

De acordo com a profissional, há duas grandes conexões que causam alergias emocionais:

  • Conexão cérebro-PELE/ PELE-cérebro:

“Algumas pessoas possuem pré-disposição genética e/ou relacionada ao seu estilo de vida que contribuem para o desenvolvimento de alterações de pele associadas a estímulos psicológicos, como é o caso da dermatite atópica, psoríase e até mesmo acne e urticária crônica espontânea”. Não são propriamente alergias, mas popularmente acabam sendo consideradas como tal. No caso da dermatite atópica e da psoríase, por exemplo, a cascata inflamatória promovida pelo stress psicológico tem um papel importante em perpetuar e/ou exacerbar os sintomas, como a coceira e a gravidade das lesões.

Carolina Milanez, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), diz que “a pessoa não tem controle dessas manifestações. Os problemas emocionais são gatilhos e não a única causa da doença. Para chegar a esse diagnóstico, as causas orgânicas precisam ser avaliadas, investigadas e descartadas”.

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  • Conexão cérebro-INTESTINO/ INTESTINO-cérebro:

O intestino está conectado com tudo. Não é à toa que ele é chamado de segundo cérebro: quando há desordens em um deles, o outro acaba sofrendo também. Por exemplo, quando há ansiedade ou stress, temos um desequilíbrio da microbiota intestinal (tanto na quantidade, como distribuição dos tipos de micro-organismos ali presentes), causando a chamada Disbiose. Por causa desse desequilíbrio, acabamos diminuindo a produção dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de felicidade e bem estar, como a serotonina e a dopamina, o que agrava ainda mais os fatores emocionais.

“Além disso, nestas condições o intestino pode se tornar permeável: temos dificuldades em absorver nutrientes importantes e as portas para a entrada de toxinas e substâncias nocivas à saúde ficam abertas e, neste momento, podemos ter susceptibilidade a alguns tipos de alergias alimentares, queda da imunidade, sobrecarga hepática, dentre outros transtornos” conta a profissional. “Vale dizer ainda, que um intestino permeável e com disbiose tende a ser menos tolerante, mesmo alimentos consumidos no dia a dia, podem ser um gatilho para sensibilidades alimentares (alergias alimentares tardias, cujos sintomas podem demorar de horas a alguns dias para se manifestar)” finaliza Gisele.

COMO IDENTIFICAR? 

As alergias emocionais muitas vezes aparecem após crises fortes de ansiedade e estresses, como consequência de algum acontecimento que tenha causado uma descarga de emoções.

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No caso de alergias alimentares tardias, como as reações podem acontecer horas ou até mesmo dias após a ingestão do alimento mal tolerado pelo organismo, pode ser mais difícil de associar determinado sintoma ao alimento ingerido. Mas, de acordo com Gisele, há alguns pontos principais:

1 – Constipação não é normal! Nem intestino solto! Então, se há um desses quadros, provavelmente a saúde intestinal não está bem e é necessário investigar com apoio profissional.

2 – Sintomas recorrentes, como náuseas, gases, dores abdominais, azia, vômitos, distensão abdominal, rinite, formação de muco na garganta, coceira ou vermelhidão na pele podem indicar que um processo alérgico está acontecendo e é preciso investigar a fundo a causa, dentre elas fatores emocionais podem estar associados.

3- Exames de sangue alterados: níveis de cortisol altos e alterações nos exames para avaliação da tireoide podem indicar que as emoções podem estar merecendo uma atenção maior e % de eosinófilos (um tipo de células de defesa do nosso corpo) indica que algo no intestino não está bem! Vale a pena ficar de olho e consultar um profissional para ajudar a modular.

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COMO TRATAR?

Carolina Milanez explica que a maioria das doenças tem uma piora com o estado emocional, mas só a condição de estresse e ansiedade não são o suficiente para causar doença. “A doença precisa ser tratada com o médico específico (como dermatologista para psoriase e gastro para os problemas intestinais) com os medicamentos necessários e o apoio psicológico ou psiquiátrico para ajudar”.

E TEM COMO EVITAR?

De acordo com Gisele, nem sempre é possível o paciente conseguir controlar sozinho a alergia emocional e, muitas vezes, o tratamento requer acompanhamento profissional multidisciplinar. “O nutricionista, por exemplo, poderá auxiliar com os ajustes na alimentação e, se for o caso, na identificação dos alimentos mal tolerados, bem como entrando com suplementação individualizada. O trabalho do psicólogo é muito importante para ajudar o paciente a lidar com as emoções e, em alguns casos, pode ser necessária intervenção médica psiquiátrica e até de um dermatologista ou gastroenterologista, dependendo da gravidade dos sintomas”.

Há chás com ação adaptógena que podem ser indicados para modulação do cortisol, bem como para auxiliar no relaxamento, mas devem ser prescritos de acordo com as necessidades individuais por um profissional, pois se o paciente já utiliza medicação antidepressiva, podem haver interações. “Uma estratégia que costumo usar com meus pacientes, combinada com outras, para auxílio na modulação da cascata de inflamações no organismo é a inclusão de especiarias no dia a dia, como: açafrão da terra, canela e gengibre. Podendo ser usadas para temperar as refeições, bem como no preparo de shots e chás” divide Gisele.

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