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Como funciona o cérebro de uma pessoa mentirosa?

Quando feito em excesso, o ato de mentir pode ser um sintoma de alguns transtornos

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h38 - Publicado em 9 abr 2024, 10h00
Entenda tudo sobre os transtornos relacionados com o ato de mentir
Entenda tudo sobre os transtornos relacionados com o ato de mentir (wayhomestudio/Divulgação)
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Não dá para negar que, às vezes, acontece de soltarmos uma mentirinha ou outra por aí, afinal, mentir é um comportamento muito comum do ser humano. Porém, quando feito em excesso, pode apontar para sintomas de certos transtornos.

“A mentira é um comportamento mental normal do ser humano. Ela envolve vários processos cerebrais, como o controle da linguagem e a tomada de decisão. No entanto, seu uso excessivo ou patológico pode indicar problemas, como transtornos de personalidade ou psicológicos”, afirma Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências e membro da Royal Society For Neuroscience.

Como o cérebro cria uma mentira?

De acordo com o profissional, que também é autor do artigo “Mitomaníaco: como lidar com crianças que mentem o tempo todo”, o cérebro utiliza diversas áreas para decidir mentir, formular a mentira e mascará-la.

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“Para contar uma mentira, o cérebro passa por diversas etapas. Primeiramente, o córtex pré-frontal, ventromedial e orbitofrontal, responsáveis pela análise de valores, decidem omitir fatos e optar por algo mais favorável, nessa etapa a pessoa opta por mentir”, ele aponta.

E completa: “Em seguida, para formular uma mentira mais verossímil às outras pessoas, o lobo temporal examina memórias, emoções e imagens visuais, enquanto o córtex cingulado anterior exerce autocontrole e o lobo frontal adiciona racionalidade à história. Essas regiões trabalham em paralelo para utilizar trechos da verdade para montar uma mentira mais crível”.

Por fim, Agrela explica que, para passar uma imagem de verdade, o córtex cingulado anterior é ativado, controlando o sistema límbico relacionado à culpa e potenciais sinais de nervosismo, em uma tentativa de esconder sinais físicos da mentira.

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Transtornos por trás da mentira

A mentira, quando usada de forma muito excessiva e constante, pode indicar uma série de transtornos, que devem ser analisados por um profissional para que seja realizado o tratamento adequado.

Transtornos de personalidade, como o narcisista, borderline ou antissocial podem ter a mentira constante como um sintoma, indicando um padrão de comportamento disfuncional, utilizado para manipulação, obtenção de ganhos pessoais ou para encobrir sentimentos de inadequação.”

Além disso, existe um transtorno específico que envolve as mentiras, a mitomania. Ela é um distúrbio psicológico marcado pela compulsão de mentir de forma recorrente e sem motivo aparente. “Indivíduos com mitomania costumam inventar histórias elaboradas e fantásticas, sem considerar as consequências”, finaliza Fabiano de Abreu Agrela.

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