Flávia Alessandra: “Chegar na menopausa é um bom sinal, significa que estamos vivendo bem!”
Capa de Julho da Boa Forma, a mãe, empresária, atriz e amante atividades físicas mostra a rotina de bem-estar de quem não tem rotina

Aos 51 anos, Flávia Alessandra está em um dos seus melhores momentos: mãe, atriz, empresária, apresentadora de podcast…
Essa correria e falta de rotina é o que torna o dia a dia de Flávia algo que ela adora. Mas, apesar de amar essa vida, a atriz entendeu que precisava ter seu momento de autocuidado no meio da loucura: “eu tinha que estabelecer isso na minha vida, ter um momento de bem-estar, mas sem aquela rigorosidade, sem a utopia dos tutoriais que assistimos na internet, da pessoa que acorda 4h30 da manhã, faz o próprio suco-verde, leva o filho para a escola, faz yoga, pratica outras atividades e ainda nem são 7h30 da manhã…”, brinca a atriz.
Flávia, que voltou às telinhas como a vilã Sandra na novela “Êta Mundo Melhor”, conversou com Boa Forma sobre a vida corrida, projetos, maternidade e autocuidado. Veja a entrevista a seguir:
Autocuidado, treinos e alimentação

Sempre ao acordar, Flávia já faz seu skincare diurno: não deixa de lavar o rosto e, claro, usar protetor solar sempre “Afinal, eu moro no Rio de janeiro”, brinca a atriz, que também adora aplicar produtos no cabelo antes de dormir.
Além disso, a apresentadora treina de 2 a 3 vezes por semana, mas não tem um esporte 100% fixo. “Uma hora é academia, outra hora, uma yoga, outra, uma corridinha rápida…. E sempre me me certificando de ter uma alimentação saudável. Mesmo não comendo todos os dias em casa, eu opto sempre por comidas mais leves durante a semana, para no fim de semana eu poder esbaldar mais. Às vezes, até durante a semana eu saio um pouco dessa rotina de alimentação saudável, quando encontro com amigos, mas eu tento ter um equilíbrio maior durante a semana”, revela.
Foi na pandemia que a atriz compreendeu que praticar atividades físicas a salvavam. “Foi uma época que eu treinei muito a distância e a minha pequena [sua filha mais nova] espichou horrores. Ela foi perdendo equilíbrio, ficando magrela… Então, eu fazia atividade com ela duas a três vezes por semana para dar mais fortalecimento e equilíbrio pra ela”, contou.
Cuidados acessíveis para todos

A partir dessa rotina, Flávia percebeu que muitas pessoas não têm acesso nem mesmo ao conhecimento básico sobre atividades físicas mas, creditando seu poder econômico, a atriz teve acesso a grandes instrutores e personais, adquirindo noção para saber como não se lesionar.
“A partir disso, eu criei o aplicativo Utreino, no qual eu gravei vários vídeos — são mais de 300 vídeos de treinos na plataforma. Eu fiz uma vertical de conhecimento onde eu levava especialistas para falar sobre tudo, desde saúde mental, atividade física… Esse aplicativo no início era pago, fizemos um lançamento maneiro, um negócio meu e do meu marido”.
Após a cirurgia do marido, Otaviano Costa [diagnosticado com um aneurisma na aorta], Flávia conta que os médicos ficaram impressionados com o preparo físico dele. “E, de novo vimos a importância da atividade física. Então pegamos todo o conteúdo da Utreino e postamos no YouTube, deixando acessível para as pessoas 100%. A partir disso, veio a ideia de criarmos o Meu Ritual [lançado no último 7 de julho], que é esse portal onde temos todos os conteúdos, com colunistas que estão comigo desde sempre”.
“Chegar na menopausa é um bom sinal!”

Ao abordar sobre envelhecer com saúde, a apresentadora revela que nunca tinha ouvido sobre menopausa vindo de sua mãe — não havia esse tipo de assunto entre elas. Além disso, a menopausa, para Flávia, chegou por um sintoma que nem ela conhecia: a insônia. “Eu passei a acordar três da manhã e não dormia mais. A partir disso, eu comecei a ler vários livros e conteúdos sobre menopausa, e ela se tornou uma pauta muito importante”.
Por isso que ela destaca que é preciso mais voz das mulheres ao falar sobre as pesquisas sobre reposição hormonal, já que elas são feitas e bancadas por homens para falar sobre algo que acontece com o sexo feminino. “Ainda mais agora que a nossa expectativa de vida é maior, a reposição é importante em diversos outros quesitos. Temos que falar e trazer a tona cada vez mais. Se a gente chega na menopausa é um sinal bom, porque estamos vivendo bem!”
Mãe e filhas: trocas e aprendizados

Com sua própria maternidade, Flávia quer fazer diferente de sua mãe, abrindo o diálogo. A atriz conta que nunca foi uma mãe que impôs o Não e exigiu obediência apenas “porque eu mando”. Em vez disso, entre ela e as duas filhas, há um local de troca e aprendizado. “Eu escuto elas e as faço argumentar. Tanto com a Jujuba [Giulia, 25 anos], quanto com a Olívia [14]. E uma coisa que eu faço muito com elas é assistir filmes e séries juntas, porque é a forma de a gente abrir canais de conversa por meio da cultura e da arte”.
Giulia x Flávia: uma “caipirinha maravilhosa”!
Recentemente, Giulia, filha mais velha de Flávia, contou em entrevista que sofreu comparações com a mãe, tanto no tema profissional, quanto no estético. Ao ser questionada sobre essa comparação, Flávia conta que sua maior preocupação é saber se a filha mais velha já havia encontrado eu seu caminho.
“Eu não queria influenciar as minhas filhas para elas seguirem o que eu sonhava, eu acho que um grande desafio na nossa vida é de fato descobrir o que a gente quer fazer, o que a gente gosta. E quando a gente descobre, é um trunfo. E a Jujuba descobriu isso muito cedo, comigo sempre a apoiando”, disse Flávia.
Sobre a comparação, Flávia acredita que isso chega a ser algo doentio. “Uma coisa é falar que lembra o pai e a mãe e outra é comparação em termos sexuais e corporais e isso é algo doentio mesmo. Eu digo que as pessoas começaram a plantar essa rivalidade entre a gente, que a gente não se dava bem, e a gente pegou e fez uma caipirinha maravilhosa, estamos nos divertindo em nosso podcast em uma terapia de portas abertas pra todo mundo. Que bom que optamos por esse caminho”.
Autoestima trabalhada

“Nós mulheres temos que trabalhar muito as nossas cabeças, temos que nos apoiar e colocar em palavras os elogios. Eu digo que, se a gente não tem algo positivo pra falar pra outra pessoa, a melhor coisa é ficar calada. É tão gostoso quando a gente ouve algo positivo, que preenche a alma de quem está do outro lado. Não é pra ser falsa. Sempre vai existir uma beleza, que vai estar na imperfeição. É a gente olhar essa imperfeição e colocar elas em palavras”.
Para Flávia, as mulheres precisam apoiar mais umas às outras. “Vamos elogiar mais! Elogie, porque a gente sabe como é a nossa vida e receber ou fazer o elogio pode mudar o seu dia!”
Outro ponto importante para a autoestima da atriz — e, como ela acredita, para todas as mulheres — é a independência financeira. Para Flávia, a saúde financeira não é estar no azul, mas também ter autonomia. “Eu tenho visto um movimento retrógrado de mulheres que querem voltar para um lugar que não existe mais. Eu acho que trabalhar não significa que você precise deixar de ser mãe, de cuidar de casa, mas sim, que você tem a sua independência financeira, porque isso é fundamental para a nossa saúde e bem-estar em um todo. Achar o equilíbrio é outro pilar fundamental para gente”, disse.
20 anos de Alma Gêmea: Cristina, uma vilã amada pelo Brasil

Recentemente, Flávia trouxe em seu perfil no Instagram uma homenagem aos 20 anos da novela Alma Gêmea, com diversas fotos dos bastidores. E relembrou como Cristina foi um grande personagem em sua vida. “Foi muito desafiador pra mim, em um momento da vida que eu sabia que eu tinha que mostrar um diferencial e eu arrisquei. Podia não ter dado certo e o universo inteiro conspirou para dar certo. E junto com o Walcyr, com o Jorginho, a Cristina se tornou reconhecida”.
Além disso, ela pode reviver Cristina na homenagem aos 60 anos da Rede Globo, onde se viu no meio de outras atrizes que também interpretaram vilãs que foram amadas pelo Brasil. “Eu lembro que eu encontrei umas amigas e falei que eu tinha que prestar muita atenção para eu não virar uma espectadora no dia, porque eu estava no meio das maiores vilãs da televisão brasileira! Foi muito emocionante, foi maravilhoso, criativo, algo especial”.
O retorno de Sandra em Êta Mundo Melhor
Para o presente, Flávia guarda uma volta ao passado: poderemos ver a atriz revivendo a vilã Sandra, em “Êta Mundo Melhor”, que estreou no último 30 de junho. “Quando eu fui chamada para fazer a Sandra lá atrás pelo Walcyr, na primeira versão da novela, eu tinha dito pra ele que era loucura em fazer uma vilã quase na mesma época da Cristina, mas eu aceitei o desafio e eu acho que na construção do texto dele, da intenção da personagem, figurino, conseguimos construir uma vilã totalmente oposta a Cristina. A Sandra é fútil, usa de sedução para conseguir as coisas, ela é supérflua, só quer grana e se dar bem”, relembra.
E se você acha que Sandra melhorou seu comportamento, Flávia já destaca que não é bem isso! “Ela [Sandra], que já era um capeta, ficou ainda pior, porque ela volta em um território que é adverso: ela acabou na prisão e a novela começa com ela ainda na prisão que não é um habitat dela, que é uma pessoa fútil. Ela se tornou ainda mais rancorosa, mais malévola e ainda mais desumana. Ela vai aprovar bastante”.
Foto: Cássia Tabatini
Lighting designer: Márcio Marcolino
Assistente de fotografia: Diego
Retouch: RZ STUDIO
Make/hair: Gabriel Ramos