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Lipedema: parece celulite, mas não é e atinge 5 milhões de mulheres

Confundido com celulite, gordura localizada e obesidade, o lipedema é causado por desequilíbrio hormonal e genética

Por Victoria Theonila
Atualizado em 21 out 2024, 16h35 - Publicado em 19 jul 2021, 09h00
lipedema
Lipedema é uma doença progressiva que mostra o acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo (Barcroft Media / Colaborador/Getty Images)
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O lipedema é uma doença vascular crônica e genética, cuja a principal característica visível é o acúmulo excessivo de gordura em regiões do corpo, como pernas, coxas, joelhos e braços. “Diferente da celulite, da gordura localizada e da obesidade, o lipedema não atinge o corpo inteiro e sim regiões específicas. Mesmo ao perder peso, a paciente não perde a gordura na região afetada”, explica a nutróloga e especialista em Medicina do Esporte, Andrea Ferri Catib.

Segundo o diretor do Instituto Lipedema Brasil e um dos pioneiros no tratamento de Lipedema no Brasil, dr. Fábio Kamamoto, as principais características do Lipedema, que possui quatro estágios, são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. “A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões”, comenta.

Dados da Sociedad Española de Medicina Estética (SEME), estimam que essa doença atinge 10% das mulheres no mundo, sendo cerca de 5 milhões só no Brasil. A nutróloga explica que o diagnóstico é clínico e feito por meio da história clínica da paciente, com um exame físico e outros exames solicitados para descartar outras possíveis doenças. 

O que causa o lipedema?

A doença pode ser causada por desequilíbrio hormonal, como puberdade, gestação, uso de anticoncepcional e menopausa. “Esse desequilíbrio faz com que a doença atinja o tecido adiposo (responsável por armazenar gordura) e faz com que as células adiposas cresçam em excesso. “Com o crescimento das células, nódulos doloridos são formados e isso gera o tal acúmulo de gordura e inchaço”, comenta Catib. 

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Além do desconforto físico, que atinge principalmente os membros inferiores, o lipedema pode atingir o emocional, uma vez que em muitos casos, a doença é confundida com outras condições e a procura pelo diagnóstico demora a ser feito. “Para confirmar o diagnóstico da doença, é essencial procurar ajuda especializada. Logo, ao sinal dos primeiros sintomas procure um especialista para fazer alguns dos procedimentos que identificam o lipedema, como tomografia, dosagem de gordura ou cintilografia”, aponta. 

Sintomas

Desconforto físico, inchaço e nódulos doloridos são apenas alguns dos sintomas causados pelo lipedema. Hematomas, sensação de queimação e desconforto ao apalpar a região com acúmulo de gordura, são outros deles. Em estágios mais graves e quando não tratada, a doença causa retenção de líquido, deformidade nos pés e atrapalha até a mobilidade da paciente. 

Não existe um especialista específico para identificar a doença, então é necessário passar por diferentes médicos, como endocrinologistas, cirurgiões, nutricionistas e até ginecologistas. “Para ações multidisciplinares da terapia do lipedema, inclua consultas com fisioterapeutas e educadores físicos também. Em alguns casos, recomenda-se médicos vasculares e psicólogos”, completa a nutróloga. 

Tratamentos

Há dois tipos de tratamento para o Lipedema, o clínico e o cirúrgico.

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O clínico é composto por:

  • dieta anti-inflamatória (legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas);
  • uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões;
  • drenagem linfática para tirar o excesso de líquido e, por fim;
  • a técnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto.

Estas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes. Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e é definitiva.

“Uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de lipoaspiração até 7% do peso corpóreo. Ou seja, um paciente de 100 quilos poderia remover até 7 litros de gordura”, ressalta dr. Kamamoto.

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