A importância do psicólogo no uso do Mounjaro: um olhar profundo sobre a obesidade

“Medicamento não é uma solução mágica”, afirma psicóloga

Por Maraísa Bueno
Atualizado em 25 jul 2025, 16h52 - Publicado em 23 jul 2025, 12h00
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Profissional fala da importância da presença de psicólogos no acompanhamento de quem consome Mounjaro (./Freepik)
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Após a aprovação da Anvisa para que o Mounjaro seja utilizado no tratamento contra a obesidade e sobrepeso, a medicação se tornou mais acessível em farmácias, claro, com prescrição médica. 

O Mounjaro, que antes era utilizado para o tratamento de diabetes tipo 2, precisa de diversos cuidados para quem estiver consumindo. E, dentre os profissionais que devem acompanhar esse tratamento, o psicólogo também possui uma função importante, principalmente se houver algum transtorno alimentar que desencadeia sobrepeso ou obesidade, além também de combater a dependência desse tipo de medicamento.  

 

 

Para a psicóloga Brunna Dolgosky, essa crescente procura por medicamentos como o Mounjaro reflete sobre a questão de mudar o corpo a qualquer custo. “Embora a ciência avance com soluções cada vez mais eficazes no controle da obesidade, não podemos ignorar o risco de transformar um recurso médico em mais uma tentativa de apagar sintomas que têm origem muito mais profunda”.

E completa: “A perda de peso rápida pode até atender a um desejo imediato, mas não é capaz de curar o sentimento de inadequação, a rejeição internalizada ou a culpa crônica que muitos carregam em relação ao próprio corpo”.

Uso prolongado x efeitos colaterais 

Além disso, a profissional destaca que o uso prolongado de substâncias que interferem diretamente no apetite e no metabolismo pode desencadear efeitos colaterais importantes, como alterações hormonais, flacidez muscular, desnutrição silenciosa, distúrbios digestivos e até o enfraquecimento da percepção corporal. “A médio e longo prazo, o que era para ser um auxílio, pode se tornar mais uma prisão”, ressalta.

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Importância de um profissional 

Para Bruna, a presença de um psicólogo é essencial nesse processo. “O sobrepeso e a obesidade não são apenas condições fisiológicas, mas também carregam consigo aspectos emocionais, crenças inconscientes, traumas e padrões de comportamento enraizados. Muitas vezes, o alimento ocupa um espaço simbólico de compensação, segurança ou anestesia emocional”.

Além disso, o acompanhamento desse profissional permite também que o paciente entenda as origens de seu comportamento alimentar, ajuda a identificar gatilhos emocionais e também desenvolver estratégias saudáveis para lidar com as emoções. “Emagrecer com consciência é mais do que mudar o corpo, é reescrever a relação que se tem com ele”, ressalta.

Psicólogo x Mounjaro 

Bruna destaca que, para tratamentos como medicamentos, como o Mounjaro, a presença de um psicólogo é ainda mais importante. “O Mounjaro tem ganhado visibilidade por seus efeitos sobre o apetite e a perda de peso, mas nenhuma medicação é capaz de ressignificar sozinha os motivos que levaram o paciente a desenvolver uma relação disfuncional com a comida”. 

Por isso, a presença de um psicólogo é importante, pois ele ajuda a evitar que a medicação seja vista como uma solução mágica. “Quando o emocional não é cuidado, o peso até pode diminuir, mas a sensação de insatisfação permanece. O risco é que o paciente transfira a dependência do alimento para a dependência do remédio. Por isso, é fundamental trabalhar a estrutura emocional por trás do ganho de peso, para que a mudança seja duradoura e genuína”, conta a profissional.

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Psicólogo ajuda a compreender seu sintoma 

Bruna destaca que o psicólogo precisa conduzir o paciente a compreender que todo sintoma esconde um problema mais profundo e que o sobrepeso pode ser apenas a ponta do iceberg, na maioria dos casos. 

“O paciente pode até ser o que se vê no espelho, mas por trás dele existe, quase sempre, uma cadeia emocional silenciosa que precisa ser escutada. Em consultório, atendi mulheres que sofriam com compulsão alimentar severa, mas ao acessar as camadas mais profundas da mente por meio da hipnose terapêutica, revelaram que a verdadeira raiz estava na infância”, relata. 

Para a psicóloga, muitas pessoas possuem o efeito rebote após procedimentos como a cirurgia bariátrica ou uso de medicamentos como o Mounjaro, devido a essas feridas que precisam ser tratadas. 

“O corpo emagrece, mas a mente continua adoecida. E uma mente adoecida sempre encontrará um novo lugar para manifestar sua dor: às vezes na comida, às vezes em vícios, às vezes na culpa. A verdadeira transformação só acontece quando tratamos a causa, não o sintoma”, finaliza. 

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