Nanda Costa e o reencontro com a própria beleza
Entre a correria da atuação e a realização do sonho da maternidade em dose dupla, Nanda Costa tem se permitido olhar para si mesma com mais carinho
“Fazia tempo que não me arrumava por mim, para me ver e poder falar: ‘Uau, estou bonita’.” Depois da sessão de fotos com Lorena Dini para a capa de CLAUDIA e para esta edição especial de Boa Forma, a atriz Nanda Costa, 37 anos, experimentou um reencontro com sua própria beleza.
Brilhando na carreira – ela estreia na segunda temporada da série Justiça, ao lado de Paolla Oliveira, no início do próximo ano e já planeja a adaptação para o cinema do livro O Ano em que Morri em Nova York, de Milly Lacombe, Nanda tem muito a celebrar também na esfera familiar. Ela e a esposa, Lan Lanh, são mães das gêmeas Kim e Tiê, de 2 anos, e desfrutam de uma convivência cheia de harmonia.
Mas a correria do dia a dia nem sempre combina com separar um tempo para grandes produções de make, como feito por Vanessa Rozan para as fotos, ou looks, aqui selecionados pela stylist Fabiana Leite.
“No dia a dia, uso um protetor com base, que já resolve. No rosto, passo lip tint, dois pinguinhos aqui no lugar de blush, para dar um ar mais saudável, e é isso. Não posso perder mais do que 3 minutos”, conta. “A não ser que as meninas estejam dormindo”, diz, fazendo graça.
O ponto de atenção é o hair care: “Cabelo é a coisa que mais perco tempo arrumando. Gosto dele curto, me sinto bem e é mais prático. Mas agora estou deixando ele crescer, daí me incomoda. Faço rabinho, arrumo, passo cerinha, óleo, bagunço…”
Para Nanda Costa, porém, beleza vai além das aparências. Tem a ver com autenticidade e compreensão da trajetória de cada um. “A maturidade traz isso. No começo, fazia fotos e sempre achava que não estava magra o suficiente, bonita o suficiente. Tinha dificuldade em ver beleza no todo.”
O processo de reencontro com a beleza passou também pelo enfrentamento de preconceitos. “Tenho a energia do trabalho, do esporte. E alguém inventou que isso é masculino”, afirma. Com o trabalho de atriz, outras experimentações vieram. “Um feminino mais estereotipado veio com personagens que fiz, que me trouxeram isso de começar a me maquiar mais, por exemplo. Mas o feminino mesmo, para mim, está nesse lugar de poder acolher. Ver minhas filhas falarem “Mãe, me ajuda”. Mãe é a coisa mais poderosa do mundo, a palavra mais linda, mais feminino que isso não tem.”
“Amo menstruar, amei ficar grávida, amei amamentar, amo ser mãe.”
Nanda Costa
A sonhada maternidade não foi concretizada sem muitos desafios. “Tudo foi tão difícil. Tive pré-eclampsia, o parto foi às pressas, minha pressão continuou alta depois, meu rim estava parando, tive depressão”, lembra. “Meu medo era que acontecesse alguma coisa com as meninas. Era desespero. Precisei de ajuda.”
Difícil para muitas mulheres, a fase da amamentação foi mais tranquila para Nanda: “Depois disso tudo, conseguir amamentar era meu momento de maior prazer. Pensava: ‘Estou nutrindo as minhas filhas’. Elas resolveram parar aos 6 meses, fiquei triste, mas respeitei.”
“Quando a gente se torna mãe, vai deixando de ser protagonista na nossa vida.”
Nanda Costa
Colocar na agenda um momento de autocuidado passou a ganhar um novo sentido: o de manter-se saudável para acompanhar cada fase do desenvolvimento das filhas. “Fico muito feliz quando eu treino, consigo suar e me exercitar. Mas ao mesmo tempo, estou tão cansada que não tenho força para treinar. Daí vou cansada mesmo e depois fico disposta.” Difícil não se identificar, não é?
Praticar muay thai, jogar futebol e mergulhar no mar são coisas que lhe fazem bem. Assim como a terapia, encaixada na rotina geralmente uma vez por mês. ”Quando preciso, acabo ligando.”
A relação com a alimentação também mudou muito com o passar do tempo – e depois com a chegada de Lan Lanh na sua vida. “Sempre comi de forma super saudável. Quando criança, fazia esporte, andava de bicicleta, nadava, morava numa rua que não passava carro, jogava capoeira. Não me preocupava em emagrecer.”
“Sou muito pé no chão. Amo andar descalça, estar confortável.”
Nanda Costa
Com a adolescência, a pressão estética começou a dar as caras: “Minha mãe abriu uma lanchonete quando eu comecei a entrar na pré-adolescência. Hambúrguer, cheeseburger, batata frita, refrigerante, comecei a engordar. Com medo do bullying, da cobrança por ser gordinha, comecei a fazer dietas malucas. Fazia a dieta da proteína, evitava carboidrato, mas estava sempre cansada”.
Quando trocou o foco na dieta pelo foco na alimentação saudável, tudo mudou: “A Lan Lanh come super bem, faz feira, ama cozinhar. No começo do nosso relacionamento, chegamos a morar em casas separadas no mesmo condomínio. Daí a geladeira dela estava sempre melhor, com salada, legumes. Eu ia para lá! Ela faz um café da manhã incrível, com sucões incríveis. Comecei a me alimentar melhor. Foi também uma preparação para engravidar.”
O cuidado com o que coloca no prato não significa abrir mão da batata frita e da caipirinha (ainda bem!). Com o reencontro com a beleza e sua própria identidade, Nanda vem descobrindo também onde seu coração se sente mais em casa.
“Quando chego na Bahia e passo o bambuzal do aeroporto, já fico mais calma, não quero mais ar condicionado. É o lugar que eu me sinto melhor. Lá, faz calor mas tem brisa. Amo tanto que casei com uma baiana, para garantir meu passaporte (risos).” A verdadeira beleza, Nanda prova, está mesmo na felicidade.
Texto: Helena Galante
Fotos: Lorena Dini (Group Art)
Styling: Fabiana Leite
Edição de moda: Paula Jacob
Beleza: Vanessa Rozan e Grasiela Paz
Produção de objetos: Ina Ramos e Andréa Silva
Direção de arte: Kareen Sayuri