Pasta de dente em pó e porque os dentistas não indicam
Usadas como uma alternativa sustentável ao creme dental padrão, o pó dentário ainda divide opiniões entre especialistas
Você já ouviu falar sobre pasta de dente em pó? Vista como uma alternativa sustentável ao creme dental (cujo tubo demora 450 anos para decompor), ela é normalmente composta por princípios ativos naturais e ou orgânicos como carvão ativado, menta, canela, bicarbonato de sódio, mistura de ervas ou cascas secas e trituradas.
A pasta de dente em pó substitui a pasta de dente ou gel dental com a função de proporcionar um sabor agradável após a higienização e ajudar a eliminação do excesso de bactérias bucais como em todo o processo de escovação.
Os produtos mais conhecidos são os que prometem ter uma ação anti-inflamatória ou clareadora a base de carvão ativado.
“Existem muitos tipos hoje à venda, com sabores como de especiarias ou refrescantes e também com indicações, por exemplo, para adultos, crianças e para clareamento. Isso deve ser bem observado e deve-se tomar cuidado pra que não ocorra danos a superfície dental” explica Cláudia Christianne Gobor, cirurgiã dentista.
POSSÍVEIS DANOS
Os danos a superfície dental que a profissional menciona se dá pelo fato de que o carvão ativado — muito usado como uma alternativa “natural” de clareamento — é extremamente corrosivo e abrasivo.
Ele desgasta a superfície do dente (esmalte dentário) gerando essa sensação de clareamento dentário e na verdade pode estar provocando um hipersensibilidade dentária e irritação na mucosa.
PERIODICIDADE
Cláudia ressalta que a pasta (ou pó) dental deve conter componentes bioativos e bactericidas para uma melhor ação. “Mas devemos lembrar que a proteção da saúde bucal deve ser feita com uma higienização correta, o que inclui escovação ideal, seja ela com o pó dental ou com outro veículo, uso do fio dental e se for o caso, enxaguante”.
INDICAÇÃO CONTROVERSA
A empresária e dentista Patrícia Baptista tem uma opinião dividida: “Na minha opinião, ele até pode substituir a pasta dental, pois sua composição é natural e teoricamente não oferece riscos, mas é muito importante que seja feita uma boa escovação, e não seja deixado de lado o uso do fio dental. Mas é importante lembrar que esses pós dentais não possuem base científica e estudos que comprovem a eficácia, por isso eu não os indico para meus pacientes.”
Henrique Lanat, dentista da clínica Dr. André Braz, é mais incisivo e não acha que são bons produtos: “Além de não trazer benefícios, ainda pode acabar sendo prejudicial a saúde da cavidade oral. Vale ressaltar que tais produtos não tem nenhum artigo cientifico publicado”, ele fala, concordando com Patrícia.