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Raissa Santana: sem filtros

Capa de BF de novembro, a Miss Brasil 2016 conta como a terapia a ajudou a enfrentar a pressão estética de suas profissões

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 11 nov 2024, 14h58 - Publicado em 11 nov 2024, 12h00
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 (Michael Willian/BOA FORMA)
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Raissa Santana tem uma bagagem profissional que pode parecer glamourosa ao ouvir as credenciais: Miss Brasil, modelo, Rainha da Beleza, Digital Influencer…

No entanto, a realidade é outra para ela e a baiana faz questão de compartilhar isso com seus mais de 470 mil seguidores no Instagram. Em entrevista à Boa Forma de novembro, a Miss Brasil 2016 assume que sua saúde física e mental não passaram ilesas por suas profissões.

Nos períodos de concursos de beleza, por exemplo, Raissa enfrentou problemas devido às pressões estéticas, levando-a a desenvolver compulsão alimentar e distorção de imagem.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Eu vivia nos extremos de comer quase nada e fazer a dietas bem restritas, ou em episódios de compulsão, comendo muito exageradamente. Quando entrei no Miss, houve uma cobrança muito grande para que eu estivesse sempre magra, então fiz dietas muito restritas para chegar ao peso que eu estava. […] Isso levantou um desgaste emocional muito grande”, contou.

Apostar na terapia, segundo ela, foi o que a ajudou a construir a mulher que é hoje, com mais saúde e empoderamento.

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Ao longo dos anos, fui entendendo qual era meu corpo de verdade, que é esse que eu estou hoje, com curvas — e que está tudo bem, que esse corpo não é feio. É o corpo que eu tenho e amo do jeito que ele é hoje. Foi um processo para chegar onde eu estou”, declarou.

À Boa Forma, a modelo fala sobre as pressões estéticas sofridas desde a infância e como ela se fortaleceu. Leia a seguir a entrevista na íntegra!

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Beleza que influencia

Sua conquista no Miss Brasil foi também uma conquista de representatividade para muitas meninas e mulheres negras. Como foi naquela época a interação com esse público, quando as redes sociais ainda não tinham tanta força quanto hoje em dia?

Foi muito positiva! Lembro que, na época, muitas pessoas que eu admiro, como Taís Araújo e Thiaguinho, por exemplo, compartilharam da minha história, da minha vitória, e isso reverberou na minha rede social também, então ganhei muitos seguidores. Foi tudo muito novo no início. Eu não sabia como lidar com tudo aquilo, porque eu era uma menina de 21 anos que tinha saído do interior do Paraná [onde morava] e foi morar em São Paulo, então a mudança foi muito grande na minha vida, mas eu tentei lidar da melhor forma.  Eu compartilhava muito minha vida, mostrava tudo. Mas acho que na época em que ganhei o Miss Brasil, o Instagram ainda estava em ascensão. Já existia, mas não com a força de hoje. Então acho que eu consegui usar da melhor forma que dava para poder ter contato com essas meninas, para conversarmos e termos essa troca, e também mostrar um pouco do meu trabalho. Eu mudei completamente minha vida e a vida da minha família através dessa ferramenta, que é o Instagram. Então graças a isso pude mudar nossas vidas.

Você trabalha com a sua imagem e uma dúvida que fica na cabeça de todo mundo é: você é adepta de procedimentos estéticos para se adequar à profissão? 

Não sou contra, mas gosto do natural. Não gosto de ficar fazendo muitas coisas. Vou para o lado da prevenção, então faço procedimentos sempre com estimuladores de colágeno, laser para ajudar nas manchinhas e no aspecto da pele… Opto sempre por esse tipo de procedimento que não é muito invasivo. Coloquei botox uma vez, mas não gostei muito do aspecto que ficou na minha pele. Eu não conseguia me expressar muito bem, e sou uma pessoa muito expressiva, então achei que me deixou um pouco congelada e acabei não fazendo outras vezes.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Seu cabelo natural é uma marca registrada sua. Você já chegou a usar ele alisado em algum momento da vida?

Alisei meu cabelo com 11 anos. Minha mãe tinha um salão de beleza em casa e eu queria ter o cabelo liso porque sofria muito bullying na escola. Eu achava que se alisasse o cabelo, iam parar de me “zoar”, e aí fiz escova progressiva. Fiquei com o cabelo liso por uns três anos mais ou menos e eu era fissurada nisso. Ele tinha que estar sempre alinhado. Eu levava a chapinha para escola dentro da bolsa e na hora do recreio ia ao banheiro para passar na minha franja, para estar com o cabelo alinhado. Com uns 13 ou 14 anos, decidi passar pela transição capilar. Foram mais ou menos dois anos para meu cabelo crescer e eu assumir meus cachos, e foi um processo ainda mais longo até eu realmente assumir como hoje, com volume. Na época, eu deixava cacheado, mas ainda usava a franja lisa e com bastante creme, então foram alguns anos até eu realmente assumir meu cabelo, amá-lo do jeito que ele era e conseguir acabar usando isso como uma bandeira para ajudar outras meninas que me acompanham no meu Instagram.

No Miss Brasil seu cabelo já era natural. Você sentiu que houve uma identificação de outras meninas na ocasião?

Foi um choque para mim. Fiquei muito feliz e não imaginava que junto com o título de Miss viriam meninas de todas as partes do Brasil falando: “Deixei meu cabelo passar pela transição porque um dia estava assistindo televisão, te ganhando o Miss Brasil e vi que você era parecida comigo”. Ouvi isso de muitas meninas ao longo da minha trajetória e até hoje escuto. Falo que isso foi um presente de Deus, porque deu sentido a toda minha trajetória, a ter chegado até ali, a ter passado por tudo que passei na infância e adolescência, para poder conversar com essas meninas, saber que elas passaram por coisas parecidas e que hoje assumiram seus cabelos e se sentem bonitas do jeito que são. Para mim isso foi realmente um presente. Recebi inúmeras mensagens, não só no Instagram, mas também presencialmente. No início, eu não conseguia perceber o quanto aquilo era poderoso, mas depois de um tempo fui entendendo o quanto impactou a vida dessas meninas que me acompanham.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Saúde física e mental em dia

Como você se fortaleceu para lidar com bullying da infância?

Eu sofria o bullying por diversos aspectos. Na verdade, hoje mais madura, eu consigo entender que o que eu sofria [dos colegas na escola] não era bullying, mas sim racismo. Como eu era de uma cidade muito pequena do interior da Bahia, não tinha contato com o racismo. Eu não sabia direito o que era isso, só depois de grande que entendi que era racismo, porque eu sofria pela minha aparência no modo geral, não só por meu cabelo. Era pelos meus traços, minha testa… E além disso eu sou nordestina, sou baiana, então também tinha o sotaque. Eram várias coisas que acabavam levando aquelas pessoas a fazer aquilo comigo. Então quando resolvi passar pela transição, foi justamente por ter passado por muitos episódios onde me senti presa dentro daquele cabelo liso. Eu me via numa prisão, e aí falei: “Não quero mais viver isso”. Foi bem difícil, porque meu cabelo cresceu e ficou com as pontas lisas e em cima cacheado. Acho que eu tive muita coragem mesmo para passar pela transição e hoje dou graças a Deus por ter tido essa coragem, porque estou livre. Hoje posso ter meu cabelo do jeito que eu quiser.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Você chegou a ter algum tipo de cuidado profissional com a saúde mental no passado?

Durante a minha vida, passei anos participando de concurso de beleza e trabalhando com moda, então com toda a pressão estética que existe nesse universo eu acabei desenvolvendo algumas questões. Logo depois que ganhei o Miss Brasil, eles [a organização do concurso] me deram suporte psicológico, mas antes disso eu não tive nenhum tipo de suporte. Eu venho de uma família muito humilde, então a gente não tinha acesso a essas coisas. Só depois que ganhei o concurso que tive contato com a terapia. Faço terapia até hoje e realmente me ajudou a passar por muitas coisas ao longo dos anos, que vinham desde a minha infância, como ansiedade, questões alimentares… Acabei desenvolvendo compulsões alimentares por conta da pressão estética de estar sempre magra e acabei desenvolvendo algumas outras questões, mas que hoje com a terapia e com apoio da minha família também, consegui passar por tudo. Mas sim, acabei tendo alguns resquícios de tudo que passei na juventude.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Então as pressões estéticas que você viveu ao longo da carreira influenciaram de alguma forma na sua relação com a comida. Conta mais sobre isso?

Tenho uma alimentação muito melhor do que já tive. Antigamente, ou eu vivia nos extremos de comer quase nada e de fazer a dietas bem restritas, ou estava em episódios de compulsão, comendo muito exageradamente. Passei por um processo de aceitar meu corpo, porque eu sempre fui uma mulher normal, sempre tive curvas, e quando entrei no Miss houve uma cobrança muito grande para que eu estivesse sempre magra, um pouco além do que eu já sou, do meu natural. Então fiz dietas muito restritas para chegar ao peso que eu estava. Para você ter noção, no Miss Universo eu estava pesando 60 kg, e hoje eu devo estar com 75kg mais ou menos. Então eu emagreci muito por conta da pressão para estar com o “corpo perfeito” entre aspas. Perfeito para o que eles queriam, e isso levantou um desgaste emocional muito grande. Depois disso, passei por vários processos na terapia para entender tudo. Acabei desenvolvendo também uma distorção de imagem, que é quando você vê seu corpo no espelho e enxerga que ele está diferente do que ele realmente é. Eu me via gorda e estava super magra, mas não conseguia enxergar a magreza e queria emagrecer mais cada vez mais. Passei por isso no Miss Universo e aí quando voltei para o Brasil tive suporte emocional e psicológico. Aí, ao longo dos anos, fui entendendo qual era meu corpo de verdade, que é esse que eu estou hoje, com curvas, e que está tudo bem, que esse corpo não é feio. É o corpo que eu tenho e amo do jeito que ele é hoje. Foi um processo para chegar onde eu estou hoje, não só com meu corpo, mas também com a comida.

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Hoje você se alimenta de forma saudável?

Sim. Eu venho de uma família nordestina, então minha mãe sempre fez comida de verdade em casa. Gosto de comer bem, me alimentar bem, então não é um sacrifício me alimentar saudável. Só tento manter o equilíbrio porque gosto de comer também meu docinho ou algo diferente de final de semana, então tento equilibrar. Mas também gosto de me alimentar de coisas saudáveis e esse é um hábito que tenho na minha vida normalmente, não é algo que eu faça para emagrecer ou por outro motivo. Gosto mesmo de me alimentar dessa forma por minha saúde. Sinto que me alimentar assim me ajuda a ter mais energia. Quero ter uma vida longa e saudável, então sei que me alimentar assim também vai me ajudar nessa questão da saúde.

Como são seus principais cuidados com a saúde?

Gosto muito de treinar e isso, para mim, vai muito além da beleza. Para mim, o treino é realmente um lugar onde descarrego minhas energias. Gosto muito de fazer muay thai. Gosto de luta, então o treino vai além da aparência, ele me ajuda muito na questão emocional e a lidar com as questões do meu dia a dia. Eu tento manter uma rotina equilibrada, também beber bastante água… Tomo muita água, em média de três a quatro litros por dia. Também parei um pouco de consumir leite, queijo e glúten. Não tirei, mas diminuí esses alimentos, e senti uma diferença bem grande na minha pele.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Antes de entrar para o mundo da moda, você era jogadora de basquete. De onde veio essa relação com o esporte e como ela é hoje em dia?

Eu era uma criança muito doente. Quando pequena, eu tive bronquite asmática durante muito tempo da minha vida e o médico falou que eu teria que fazer algum esporte. Na época, ele disse que eu devia fazer natação, mas eu não tinha condições para fazer, então entrei para o basquete, que era gratuito na escola. Comecei com uns 11 anos e joguei até os 17. Cheguei a jogar no time da minha cidade, viajei para jogar… Eu amava, foi uma paixão mesmo. Eu só parei porque tive que trabalhar para ajudar minha mãe e minha família. Com 14 anos eu comecei a trabalhar e foi ficando um pouco difícil de lidar com a escola, o basquete e o trabalho. Então com 17 anos eu parei para trabalhar. Eu gosto muito de praticar esportes. Gosto de muay thai, já fiz jiu-jitsu também, vôlei de praia… Teve uma época em que eu corria bastante, então gosto muito de corrida. Então sempre preferi os esportes à academia. Acho mais dinâmico e gosto de fazer coisas em grupo. Acho mais interessante do que só fazer musculação.

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Feminismo negro

Hoje em dia, com seu alcance nas redes sociais, como é sua relação com meninas e mulheres negras? Vocês trocam bastante por lá?

Meu público é bem variado, mas a maioria são mulheres de 25 a 35 anos. Eu tento manter uma troca com elas de compartilhar um pouco da minha rotina, de mostrar minha vida real. Eu sempre falo no meu Instagram que a gente vive em um universo onde acabamos vendo vidas perfeitas, então tento mostrar [a realidade] para minhas seguidoras, tento não adoecê-las com a minha vida, porque sei que o quanto isso é prejudicial para nossa saúde mental. Então o que tento mostrar para as meninas que me acompanham é minha vida real, meu dia a dia. Quando vou para as Semanas de Moda, também mostro a vida real: eu pegando ônibus, andando de bicicleta [risos]. A gente já vive num mundo tão complicado hoje, em que vemos tantas coisas nas redes sociais que acabam nos adoecendo, que eu não quero fazer parte dessa parcela que adoece as outras pessoas. Por isso tento mostrar minha vida real. Por mais que não dê para mostrar 100%, tento compartilhar o que dá e mostrar para elas que a minha vida é real, que tenho problemas como elas, que tenho dificuldades, mas também tentando ser esse apoio e inspiração para elas seguirem seus sonhos. Muitas delas vêm do mesmo lugar que eu vim, de lugar pobre, humilde, periférico, e hoje pude alcançar meus sonhos e ajudar minha família, então tento inspirar isso nelas também. Tento mostrar que não importa onde elas estejam, dá para sair desse lugar e alcançar seus sonhos, mas sem pintar o mundo colorido, como se só existisse a parte boa. Tem a parte difícil também e está tudo bem! A vida é assim e é o que tento mostrar para as meninas que me acompanham. Elas sempre compartilham isso comigo, falam que é legal que mostro o que acontece por trás, nos bastidores, e não só a parte bonita e o glamour dessa vida, porque a gente sabe que não é só isso.

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Existem muitas histórias sobre rivalidade feminina no mundo da moda. Como foi essa experiência para você?

No Miss não. As pessoas têm a ideia de que o Miss é como no filme “Miss Simpatia”, em que as meninas brigam [risos]. Elas têm uma ideia completamente diferente, de que a gente se odeia lá dentro, que acaba brigando e que tem muitas “picuinhas”, mas não tem. Eu fiz muitas amizades lá e a gente se apoiava muito, porque cada menina que está ali tem uma história de vida, e muito difícil às vezes. Tem meninas que não têm suporte financeiro, por exemplo. Então a gente se apoia muito durante os concursos e não existe esse tipo de rivalidade dentro dele. Tem uma ou outra ali, que está mais “assim”, né? [risos]. Mas a porcentagem é bem pequena dentro de toda a união que acabamos tendo lá. Nós nos ajudamos muito, não só no Miss Brasil, mas também no Miss Universo. É um momento em que a gente realmente se une muito, porque vai ganhar a melhor e quem tiver melhor naquele dia. Cada um tem uma história, uma trajetória… No Miss Universo tiveram meninas que eu encontrei no aeroporto e que estavam ali porque batalharam muito, que não tinham condições financeiras e não tinham o mesmo suporte que eu tinha para estar lá, mas mesmo assim estavam pelo sonho. Então vemos muitas histórias e a gente acaba se compadecendo umas pelas outras e se ajudando mesmo durante o confinamento. Então nesse concurso de beleza, essa questão de rivalidade das mulheres é super tranquila. E ao longo da minha vida também não vivi nada muito específico dentro da moda também. Sempre fui uma pessoa de fazer amizades fácil, então para mim essa questão na parte de trabalho sempre foi tranquila.

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Você já declarou que existe uma diferença na valorização de modelos brancas e negras. Como isso aconteceu? Você se impôs?

Eu trabalhei como modelo antes de me tornar Miss Brasil. Depois acabei me “aposentando”, entre aspas, porque o Miss em si tomar muito tempo e acabei ingressando para o mercado da influência, então minha carreira de modelo acabou ficando meio de segundo plano. O tempo em que trabalhei como modelo, que foi dos meus 16 aos 20 anos, foi lá no interior do Paraná, então não tenho muito cenário daqui, de São Paulo, porque não trabalhei aqui. Mas lá eu sofri algumas questões relacionadas a questões raciais. O Paraná é um estado majoritariamente branco, então eu estava trabalhando em um universo completamente fora do meu padrão de beleza. Então já sofri sim algumas coisas lá, mas aqui em São Paulo acabei não trabalhando muito como modelo porque foquei mais na parte da influência.  Mas acho que em 2020 nós passamos por um ano muito difícil relacionado às questões raciais, e a partir dali as pessoas começaram a ter um olhar diferente para essa pauta, com a gente se unindo mesmo, levantando nossa bandeira e falando sobre esse tema que é tão importante. Acho que conseguimos mudar um pouquinho do olhar do mercado, mas hoje já vejo que está um pouquinho mais complicada essa questão, que vemos um regresso. Até conversando com algumas amigas e profissionais da área, também sentimos um regresso nessa questão racial. A gente acabou ganhando mais espaço nas propagandas, na televisão, em todos os lugares, mas no último ano sentimos que houve sim um regresso, e eu acho que isso reflete muito a sociedade. Isso reflete o que estamos vivendo e, por isso, é um assunto tão importante, que a gente não deve parar de falar. Se paramos de falar, acontece isso, temos uma regressão de tudo aquilo que demoramos anos para construir. Mas acredito muito em cada um fazendo sua parte, entendendo o quanto isso é importante, o quanto a representatividade é importante para que as pessoas se sintam representadas.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Por que você acha que aconteceu esse regresso?

Não consigo enxergar muito bem o porquê disso acontecer, mas acho que talvez a razão seja o silêncio das pessoas. Por muito tempo estivemos ali, falando sobre isso, e chega uma hora que todo mundo cansa um pouco. Eu converso com minhas amigas e a gente fala assim: “Nossa, às vezes eu só quero existir. Não quero ficar militando, estamos cansadas”. Então acredito que acabamos ficando mais quietinhas porque realmente é cansativo ficar falando o tempo todo sobre essas questões. Talvez seja por isso.

O que você diria para mulheres mais jovens que também enfrentam esse tipo de situação na profissão?

Acredito que temos sempre que focar em nós mesmos, porque se olharmos para o lado, acabamos desanimando por muitas coisas que vemos ao longo do caminho. Então se eu puder dar um conselho, é: “Foque em você, não olhe para o lado. Foque em ser melhor todos os dias e seja sua maior competidora, você com você mesma”. Tento fazer isso comigo, não olhar para o lado e ser minha maior “rival”. Tento ser melhor todos os dias em minhas questões, porque sei que fazendo isso, vou fazer bem para mim e acabar me destacando. Então tento sempre dar o meu melhor, dar 100% em tudo o que vou fazer. As pessoas brincam que [nós, pessoas pretas] temos que ser melhores duas vezes, né? E realmente isso é verdade. Então temos sempre que estar nos provando, e eu tento fazer isso. Tento fazer tudo com muita excelência no meu trabalho, entregar um bom conteúdo para as marcas… É isso que tento fazer e é o conselho que posso dar para quem está no mercado: faça tudo com excelência, dê o seu melhor e o resultado também acaba vindo.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Quais são seus próximos projetos?

Gosto muito de modelar e acabei deixando essa profissão em segundo plano por conta do Miss e da influência, então gostaria de voltar a modelar. Em paralelo a isso, também estou estudando para quem sabe futuramente acabar indo para a TV. Quero fazer teatro e estou estudando um pouco mais sobre esse universo. E também tenho planos de criar minha marca própria. Ainda não sei de qual segmento, mas gostaria muito de ter minha marca própria no universo da moda ou da beleza.

E quanto a seus sonhos para a vida profissional e pessoal, quais são eles?

Já realizei muito sonhos: há dois anos, construí a casa da minha mãe, a casa da minha irmã e também tenho minha própria casa. Já viajei para vários países, que também era um dos meus sonhos e que continuo realizando. Esse é um dos sonhos que sempre tive, desde pequenininha. Profissionalmente falando, com certeza é ter minha marca. Acho que esse é meu próximo objetivo e é um sonho muito grande. Também tenho o sonho de casar, ter minha família, meus filhos… Isso faz parte também dos meus desejos desde pequena.

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(Michael Willian/BOA FORMA)

Fotógrafo: Michael Willian
Stylist: Carol Oliveir
Make & Hair: Raissa Santana
Agenciamento e Imprensa: Iconic

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