Síndrome metabólica pode favorecer o surgimento de câncer. Entenda
Hipertensão, colesterol alto, obesidade ou diabetes são algumas das doenças metabólicas que podem desencadear câncer

Câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento de células anormais pelo corpo. Sabe-se que há diversos tipos e tratamentos, mas um fator chamou a atenção: o aumento da mortalidade pela doença.
De acordo com o artigo “Transition towards cancer mortality predominance over cardiovascular disease mortality in Brazil, 2000–2019: a population-based study”, publicado na revista científica The Lancet Regional Health Americas, a mortalidade por câncer está se aproximando de doenças cardiovasculares, em 727 municípios brasileiros.
Mas, por que parece que o câncer está em ascensão?
Para o Dr. Ramon Andrade de Mello, médico oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil, há fatores de risco modificáveis para câncer, incluindo nutrição, obesidade, diabetes e o microbioma.
“As chamadas doenças metabólicas (obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto e triglicerídeos altos) são consideradas um fator-chave no início e na progressão de muitos tipos de câncer. Existe até um termo médico, a síndrome metabólica, para descrever pessoas que têm três ou mais dessas condições”, explica.
De acordo com o oncologista, a incidência dessa síndrome tem aumentado há décadas e a dieta ocidental combinada com um estilo de vida inativo são em grande parte os culpados. “É importante destacar que hoje não consideramos o câncer uma doença puramente genética. Agora sabemos que o câncer também é uma doença metabólica com necessidades metabólicas únicas”, completa.
Estilo de vida está ligado à doença
Para o Dr. Ramon, o risco do aparecimento de um câncer aumenta quando não há um estilo de vida mais saudável e, para isso, o ideal é aumentar o consumo de vegetais e frutas, ricos em polifenóis e substâncias antioxidantes, e fibras, que melhoram a saúde intestinal, além de praticar atividade física, modular o estresse, dormir bem e cuidar da saúde mental.
“Apenas 5 a 10% dos cânceres estão ligados a uma mutação genética específica, e nenhuma mutação única está associada a todos os cânceres. Alterações metabólicas, por outro lado, ocorrem em quase todos os cânceres. Então, faz sentido que as taxas de câncer estejam aumentando junto com a crescente epidemia de doenças metabólicas”, explica o oncologista de São Paulo.
Um exemplo: a obesidade está associada a altos níveis de inflamação que danificam tecidos saudáveis e pode desencadear até 13 tipos de câncer: “Estudos mostram que mulheres obesas têm um risco três vezes maior de câncer endometrial e um risco 2,5 vezes maior de câncer renal em comparação com suas contrapartes metabolicamente saudáveis e de peso normal. O excesso de gordura corporal, especialmente ao redor da região central, impulsiona o aumento da inflamação, do açúcar no sangue e da produção do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), todos os quais estão ligados a certos tipos de câncer”, diz Dr. Ramon. “Os mecanismos podem ser diferentes para diferentes tipos de câncer, mas a disfunção metabólica é o denominador comum”, completa.
E continua: “O estilo de vida, por exemplo, pode mudar a resposta do seu corpo à insulina e o quão bem você converte energia dos alimentos em combustível utilizável. Estudo após estudo relaciona estresse, sono interrompido, inatividade e solidão com cânceres de todos os tipos, independentemente do peso ou índice de massa corporal”.
O que fazer para evitar a doença
A compreensão dos cientistas sobre os fundamentos metabólicos do câncer continua a evoluir. “Portanto, monitorar níveis de açúcar no sangue, pressão arterial e colesterol, e tomar medidas para reprogramar a disfunção metabólica pode ajudar os médicos a encontrar o câncer mais cedo, ou até mesmo preveni-lo completamente”, relata Dr. Ramon.
“Além disso, tornar-se metabolicamente saudável por meio de estratégias de estilo de vida pode melhorar as chances de sobrevivência para quem já tem câncer. Com inúmeras maneiras de melhorar os fatores de risco metabólicos, os pacientes podem assumir o controle de sua saúde, pelo menos até certo ponto. As decisões que eles tomam todos os dias podem fazer uma diferença dramática em seu risco de desenvolver câncer e outras doenças”, finaliza o médico.
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