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Adicionar cor ao prato diminui o declínio cognitivo e demência, diz estudo

Estudo da Academia Americana de Neurologia mostra que quem tem dieta rica em flavonoides pode ter um risco 20% menor de declínio cognitivo

Por Larissa Serpa
Atualizado em 21 out 2024, 16h33 - Publicado em 12 set 2021, 12h00
memória
Alimentação correta é aliada contra a perda cognitiva (Huyen Nguyen, Unsplash/Reprodução)
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Um novo estudo mostra que pessoas que seguem uma dieta que inclui pelo menos meia porção por dia de alimentos ricos em flavonoides, compostos naturais antioxidantes e anti-inflamatórios encontrados em alimentos in natura coloridos, como morangos, laranjas, pimentões e maçãs, podem ter um risco 20% menor de declínio cognitivo.

A pesquisa foi publicada na edição online no final de julho de 2021 da Neurology, a revista médica da American Academy of Neurology, e avaliou mais de 65 mil pessoas com um acompanhamento de 20 anos.

O estudo analisou vários tipos de flavonoides e descobriu que flavonas e antocianinas, dois tipos de flavonoides, podem ter o efeito mais protetor. “Há cada vez mais evidências sugerindo que os flavonoides são potentes quando se trata de evitar que suas habilidades de raciocínio diminuam à medida que você envelhece”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Segundo o estudo, fazer mudanças simples em sua dieta pode ajudar a prevenir o declínio cognitivo. “Muitos alimentos têm ação de proteção neuronal e nootrópicas. O termo nootrópico foi usado pela primeira vez em 1972 pelo psicólogo e químico romeno Corneliu Giurgea para se referir a uma droga que aumentava capacidades intelectuais sem causar efeitos colaterais; ele recorreu ao grego nou, que significa ‘mente’, e tropo, que pode ser traduzido como ‘direção’. Sempre que possível devemos incluir esse tipo de alimento na rotina, ainda mais quando existe histórico familiar de declínios cognitivos e/ou síndromes demenciais associados a idades”, explica o médico geriatra Dr. Juliano Burckhardt, Médico Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

COMO O ESTUDO FOI FEITO

O estudo avaliou 49.493 mulheres com idade média de 48 anos e 27.842 homens com idade média de 51 anos no início do estudo.

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O estudo acompanhou quase 50mil pessoas ao longo de 20 anos

Ao longo de 20 anos de acompanhamento, as pessoas responderam a vários questionários sobre a frequência com que ingeriam vários alimentos. A ingestão de diferentes tipos de flavonoides foi calculada multiplicando o conteúdo de flavonoides de cada alimento por sua frequência. Os participantes do estudo avaliaram suas próprias habilidades cognitivas duas vezes durante o estudo, usando perguntas como: “Você tem mais dificuldade do que o normal para se lembrar de eventos recentes?” e “Você tem mais dificuldade do que o normal para lembrar uma pequena lista de itens?” Esta avaliação captura problemas iniciais de memória quando a memória das pessoas piorou o suficiente para que percebessem, mas não necessariamente o suficiente para ser detectada em um teste de triagem.

O geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, explica que certos genes podem aumentar o risco de sofrer com declínio cognitivo e desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer. “Nascemos com suscetibilidades diferentes. Entretanto, qualquer suscetibilidade genética pode ser amenizada com hábitos saudáveis”, afirma o geneticista.

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As pessoas que se encaixavam no grupo dos 20% que mais consumiam flavonoides, em média, tinham cerca de 600 miligramas (mg) de flavonoides em suas dietas por dia, em comparação com as pessoas dos 20% que menos consumiam (cerca de 150 mg em suas dietas a cada dia). Morangos, por exemplo, têm cerca de 180 mg de flavonoides por porção de 100 gramas, enquanto as maçãs têm cerca de 113 mg. “Depois de ajustar para fatores como idade e ingestão calórica total, as pessoas que consumiram mais flavonoides em suas dietas relataram menor risco de declínio cognitivo. O grupo de maiores consumidores de flavonoides teve 20% menos risco de declínio cognitivo autorrelatado do que as pessoas do grupo mais baixo”, diz a Dra. Marcella.

Os pesquisadores também analisaram os flavonoides individuais. As flavonas, encontradas em algumas especiarias, frutas e vegetais amarelos ou laranja, tinham as qualidades protetoras mais fortes e estavam associadas a uma redução de 38% no risco de declínio cognitivo, o que equivale a ter três a quatro anos mais jovem. “Pimentas têm cerca de 5 mg de flavonas por porção de 100 gramas. Antocianinas, encontradas em mirtilos, amoras e cerejas, foram associadas a uma redução de 24% no risco de declínio cognitivo. Os mirtilos têm cerca de 164 mg de antocianinas por porção de 100 gramas”, diz a médica.

As pessoas no estudo que se saíram melhor ao longo do tempo comeram em média pelo menos metade de uma porção por dia de alimentos como suco de laranja, laranja, pimentão, aipo, toranja, suco de toranja, maçãs e peras. “Embora seja possível que outros fitoquímicos estejam trabalhando aqui, uma dieta colorida rica em flavonoides – e especificamente flavonas e antocianinas – parece ser uma boa aposta para promover a saúde do cérebro a longo prazo. E nunca é tarde para começar, porque o estudo mostra essas relações protetoras, quer as pessoas consumissem os flavonoides em sua dieta há 20 anos, quer tenham começado a incorporá-los mais recentemente”, finaliza a médica nutróloga.

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