Como ficar loira sem estragar o cabelo: o guia definitivo
Da preparação, ao clareamento e cuidados pós-procedimento. Veja tudo que você precisa saber para manter os fios saudáveis
“Ficar loiro é um compromisso.” Você já deve ter ouvido essa frase por aí. Isso porque os cuidados que acompanham a mudança devem ser levados — muito — a sério, se você quiser manter a saúde dos seus fios. Mas com celebridades como Jade Picon e Pocah clareando as madeixas, aquela vontade que sempre esteve no fundo da sua cabeça tem falado mais alto, não é?
Pesquisa aponta que mais de 1/3 das brasileiras querem ser loiras. Você é uma delas?
Não é segredo que as brasileiras amam os loiros — mesmo quando a tendência das mechas claras não está em alta pelo mundo, ela ainda é dominante por aqui. Uma pesquisa encomendada pela marca de tintura para cabelos Koleston em 2015 mostrou que 37% das brasileiras querem ser loiras. E isso se intensifica ainda mais conforme o verão vem chegando.
Em uma pesquisa feita no nosso Instagram, 31% das seguidoras de Boa Forma revelaram que têm ou já tiveram o desejo de clarear os cabelos.
ENTENDENDO O QUE FAZ UMA LOIRA
Elas são mais divertidas? Não, não é disso que estamos falando. “O que determina a cor de um cabelo é o tipo de pigmento. Existem dos tipos: a eumelanina e a feomelanina. A combinação entre esses dois pigmentos e a quantidade de cada um é que vai determinar o tom do cabelo”, explica a dermatologista Fernanda Porphilio, da Clínica Vanité.
Temos os pigmentos eumelanina (escuro) e feomelanina (claro) no cabelo, a quantidade de cada um difere e é isso que torna cada tom de cabelo único
A eumelanina é um pigmento maior e mais escuro, que varia do vermelho mais fechado ao preto. Já a feomelanina é um pigmento menor e mais claro, que vai do vermelho vivo ao amarelo. Nós geralmente possuímos os dois tipos, mas em quantias diferentes.
“Para fazer a descoloração, é preciso abrir a cutícula do cabelo e remover esses pigmentos. Isso é feito com solução em água oxigenada (o descolorante) e, nesse processo, o pigmento não é a única coisa removida mas também proteínas, que compõem os fios. Além disso, o cabelo naturalmente é hidrofóbico, ou seja, ele possui uma camada que repele a água. Ao danificarmos os fios, abrindo as cutículas e removendo partes dele, ele se torna hidrofílico, atraindo a água. Isso deixa o cabelo com mais frizz e propenso a quebras”, ensina Fernanda.
O nível de clareamento depende do tempo que deixamos o cabelo na solução. Os mais escuros precisam de mais tempo para descolorir que os claros e os ruivos são os mais difíceis de descolorir, por conta do pigmento avermelhado. Quanto mais tempo, maior o dano.
“Em resumo, a descoloração afeta muito a saúde do cabelo”, diz a dermatologista. Mas isso não significa que está proibida (só em alguns casos, que contamos abaixo). Porém, deu pra perceber como é um processo bem agressivo? Por isso, é necessário o máximo de cuidado antes, durante e depois do clareamento.
Nós te contamos como:
PRÉ-LOIRICE
Antes de tudo, você precisa saber: se você já tem química no cabelo (como algum alisamento), é muito difícil manter a integridade dele adicionando outro procedimento químico (que é o caso do clareamento). Mas tudo vai depender de cada caso. “O cabelo precisa ser estudado, já que a compatibilidade química depende muito dos procedimentos prévios que foram realizados”, avisa Luigi Moretto, hair stylist de São Paulo.
Ou seja, se você não abre mão nem dos loiros e nem dos lisos, é preciso cuidar e entender como cada uma dessas químicas atua no fio para tomar a decisão com confiança. Mas por que um cabelo com progressiva (ou outras químicas) pode sofrer mais com o clareamento?
Cabelos com progressiva ou outras químicas vão sofrer muito mais e têm muitas chances de quebrar ao serem clareados
A química capilar muda o DNA dos fios, fazendo um processo parecido com o que Fernanda contou, abrindo as cutículas e fragilizando as ligações de proteínas que os formam. Quando você já tem essas ligações fragilizadas por uma química anterior, adicionar outra pode fazer com que elas quebrem muito, causando a quebra química dos fios.
Então alguém que fez progressiva não pode clarear? Não é bem assim. Mas é necessário passar por um período de fortalecimento das fibras antes de partir para o loiro. “É importante fazer máscaras com frequência utilizando produtos que reconstroem a fibra capilar a base de queratina, proteína e aminoácidos, além de, claro, um acompanhamento de perto com um profissional que entenda dos fios que foram submetidos às químicas”, diz Luigi.
Máscaras de fortalecimento e séruns para o couro cabeludo serão seus melhores amigos nesta fase
Além disso, aposte em produtos que fortalecem os fios desde os bulbos, com séruns para o couro cabeludo como o Sérum Resistance, da Kérastase. Comece a aplicar nas raízes dos seus fios com muito antecedência, quando a ideia de ficar loira ainda é apenas isso: uma ideia. Isso porque esses produtos agem fortalecendo os novos fios que crescerão, deixando-os mais aptos a recebem químicas no geral. Mas mesmo os cabelos que já cresceram se beneficiam ao aplicar esses produtos no couro cabeludo. O fio em si pode não ficar mais forte, mas sua raiz sim, evitando quedas.
Mesmo nos cabelos virgens é aconselhado seguir esses passos. Melhor prevenir do que remediar, certo?
Mesmo com todos os cuidados pré-tratamento, não deixe de fazer o teste de mecha sempre antes de clarear, para avaliar se seu fio foi fortalecido o suficiente para aguentar a nova química. Se seu cabelo se tornou quebradiço ou elástico nesse teste, você NÃO deve clarear.
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O PROCESSO DE CLAREAMENTO
Já fez todo o indicado pré-procedimento? Agora é hora de clarear. Mas cuidado! Há coisas que podem ser feitas durante o clareamento para minimizar qualquer dano.
1. Entenda que é um investimento
Todo o processo, para ser o mais saudável possível, vai precisar de investimento de tempo, esforço, pesquisa e também dinheiro. Em primeiro lugar, investir em um bom cabeleireiro é crucial.
Reserve um tempo para sentar-se com mais de um, antes de começar, para discutir o que você quer fazer e o que é melhor para o seu cabelo, antes de decidir por um profissional. Além disso, investir em produtos realmente bons pode fazer a diferença. Principalmente o descolorante, ele deve ser de muito boa qualidade — cheque qual o cabelereiro usa e pesquise sobre ele. O mesmo vale para os produtos usados no pós-tratamento.
2. Tratamentos durante o processo
Os tratamentos usados no descolorante também podem ajudar seriamente a reduzir os danos. Alguns profissionais adicionam tratamentos à água oxigenada para ajudar a proteger e reparar as ligações proteicas.
Quando você clareia os fios, o descolorante quebra as ligações de proteínas do cabelo, como já insistimos. Mas você já deve ter ouvido falar do Plex, um produto que é adicionado na mistura para proteger as proteínas naturais do seu cabelo e tornar o processo de clareamento mais seguro e menos prejudicial.
Como? Ele ajuda a fortalecer as ligações das proteínas e, portanto, as protege e evita que elas quebrem na remoção do pigmento.
3. Não faça isso rapidamente
A verdade é que uma grande parte de ficar loira sem realmente danificar seu cabelo é ser paciente e não fazer isso de uma vez. É importante criar um plano com seu cabeleireiro para iniciar o processo gradualmente e não ir direto do escuro para o platinado, por exemplo. O processo de clareamento é melhor realizado um pouco de cada vez, com mais de uma sessão e tratamentos intermediários (com máscaras de fortalecimento) para ajudar a combater os danos.
Sim, vai demorar mais tempo e você pode ter algumas fases estranhas entre a transição da cor (do preto para marrom, para caramelo, para loiro escuro, para loiro claro…) Mas esse processo, além de te ajudar a se acostumar com a mudança, vai proteger sua fibras.
PÓS-CUIDADOS
O resultado ficou lindo e saudável? Ótimo, mas saiba que o cuidado ainda é necessário e vai ser constante. Isso porque, por mais que você tenha seguido todas as etapas, para clarear, seu cabelo teve as estruturas fragilizadas e isso não dá para reverter, mas dá para fazer reparações constantes, afim de certificar que aqueles danos não ficarão perigosos.
1. Shampoo, condicionador e máscaras
O cabelo vai ficar delicado e vai precisar que você use bons produtos que vão nutri-lo e protegê-lo ainda mais. Evite os muito abrasivos (de limpeza profunda) e invista em produtos que sejam realmente de boa qualidade, muito hidratantes e que incluam óleos naturais. Também é aconselhável conversar com seu cabelereiro para que ele te passe um cronograma capilar, em que você vai se comprometer a fazer máscaras capilares de nutrição, fortalecimento e hidratação, cada uma na frequência que seu cabelo pede — o profissional vai saber analisar e te dizer a frequência ideal de cada.
2. Matizadores
Eles são produtos com pigmentos que ajudam a manter a cor. Isso porque, com o tempo e os agressores como sol e poluição, o tom loiro oxida, deixando a cor amarelada ou alaranjada. Os matizadores usam as cores opostas do pigmento indesejado para neutralizar esses tons.
Apesar de o matizador violeta ser o mais conhecido, ele não é o único no mercado e a escolha certa vai depender do subtom do seu loiro. O pigmento violeta neutraliza o amarelo e é ideal para loiros acinzentados mas, se você é uma loira de subtom dourado, por exemplo, é melhor optar por matizadores azuis, que vão tirar apenas o alaranjado dos fios. Fale com seu cabelereiro para que ele veja o melhor para seu caso.
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3. Proteja-o do calor
Se você usa ferramentas de calor no cabelo regularmente (como secador e chapinha), deve ser extremamente cuidadoso. Certifique-se de usar um protetor térmico para não estender os danos. Também tente usar uma configuração suave com eles — com temperaturas de no máximo 170 graus e pressão baixa (no secador). E, claro, qualquer outra ferramenta que você use, como sua escova de cabelo, deve ter cerdas macias, menos sujeitas a causar quebras.
4. Retoques
Quando se trata de retocar o cabelo depois de tingi-lo para manter a cor, o equilíbrio é fundamental. Não faça retoques muito regularmente, mas também não espere muito tempo por eles.
Se você esperar muito tempo entre os retoques, corre o risco de obter uma ‘faixa’ de tons ligeiramente diferentes de loiro em volta da sua cabeça, o que exigirá um trabalho de descoloração completo para corrigir.
Ao mesmo tempo, fazer retoques cedo demais pode fazer mais mal do que bem. É mais difícil para os coloristas clarearem as raízes mais curtas sem sobrepor o clareador na parte já descolorida e essa sobreposição de descolorante vai deixar seus fios piores do que quando você chegou.
Idealmente, se você puder fazer um retoque a cada quatro a seis semanas, é o ideal.
Esse especial faz parte da edição de setembro de 2021 de Boa Forma,
que traz a jogadora de vôlei Carol Gattaz em sua capa.
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