O inverno é a hora de apagar os vasinhos
Eles devem ser eliminados preferencialmente no inverno para evitar manchas dificílimas de serem removidas. Confira novas técnicas produzem resultados rápidos, eficientes e, melhor, com bem menos dor.
Ter ou não vasinhos depende da genética?
O fator hereditário desempenha um papel importante no surgimento dessas veias finíssimas, que se dilatam e marcam a pele. No entanto, o fato de a mãe ter vasinhos (ou telangiectasias) não significa necessariamente que a filha apresentará essa característica. “Pode pular uma geração e reaparecer na neta”, explica o cirurgião vascular Pedro Puech Leão, coordenador do Centro de Tratamento de Veias do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e professor titular de cirurgia vascular da Faculdade de Medicina da USP.
Em que idade é mais comum surgirem essas marquinhas?
Eles podem aparecer em qualquer idade. “Em mulheres com essa tendência, os primeiros vasinhos podem despontar ainda na adolescência por causa do turbilhão hormonal do estirão da puberdade e se multiplicam ao longo da fase reprodutiva, também sob a ação dos hormônios”, afirma o cirurgião vascular Cristiano Schmitt, do Angiocentro, de Curitiba. Os hormônios “relaxam” o tônus dos vasos sanguíneos, que se dilatam e podem ficar visíveis. É o mesmo efeito que protege as mulheres de doenças cardíacas, aqui, porém, com consequências indesejáveis. O cirurgião vascular Celso Bregalda Neves, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular e médico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, estima que, até os 70 anos, pelo menos 70% das mulheres acabam apresentando o problema.
Calça justa contribui para que eles apareçam?
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Isso é puro folclore, de acordo com os três especialistas entrevistados nesta reportagem. “Já a depilação com cera quente pode ter algum papel desencadeante”, observa o cirurgião vascular Pedro Puech.
A alimentação pode influenciar?
Não. Mas o excesso de peso pode agravar o problema. “Uma pessoa que engorda muito ganha um aumento no volume sanguíneo, acarretando uma sobrecarga nas veias”, explica o cirurgião Cristiano Schmitt.
Há relação entre o uso de anticoncepcionais e a quantidade de vasinhos?
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Bola dividida. Para o médico Pedro Puech, não há comprovação científica. O cirurgião Celso Bregalda acredita, porém, que mesmo as pílulas de baixa dosagem hormonal vão se somar ao “caldo” de hormônios femininos, dilatando as paredes das veias e abrindo caminho para que os vasinhos se destaquem. O mesmo vale para a reposição hormonal, lembra ele. Então, peça para seu ginecologista avaliar o seu caso.
Sedentarismo pode agravar o problema?
Sim. A falta de atividade física regular deixa a musculatura flácida, especialmente a da panturrilha, importante para ajudar no bombeamento do sangue de volta para o coração, o retorno venoso. “É como se a panturrilha fosse o coração da perna”, compara Celso Bregalda. O bom condicionamento físico contribui para que o sangue não se acumule, congestionando e dilatando as veias.
Que exercício ajuda a melhorar o problema?
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Não é que melhore, já que os vasinhos vão continuar lá até que você resolva secá-los. Mas exercícios aeróbicos beneficiam a circulação sanguínea, tonificando as veias e dificultando a dilatação delas. Musculação é recomendada com cautela. “Quando praticado sem orientação, o esforço físico pode predispor ao aparecimento de vasinhos. É preciso que ele seja bem orientado e progressivo”, alerta Celso Bregalda.
Massagem faz bem para quem tem vasinhos?
De novo: eles vão continuar aparentes até que você decida combatê-los para valer com tratamentos mais invasivos. Mesmo assim o cirurgião vascular Celso Bregalda recomenda sessões de drenagem linfática (realizada por um profissional competente e especializado) como forma de reduzir o edema (inchaço) nas pernas. “Essa técnica não evita o aparecimento dos vasinhos e não os trata, mas alivia a sensação de cansaço e de peso nas pernas que muitas mulheres têm.”
Vasinhos doem?
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Algumas mulheres relatam ardência, especialmente no período pré-menstrual. Mas, apesar de considerados uma doença varicosa, os vasinhos não doem. Numa escala de 0 a 6, eles ocupam a categoria 1 (0 é atribuído às felizardas que não têm nenhuma marquinha sequer à vista e 6 aos casos gravíssimos com feridas abertas). Um ecodoppler venoso, exame simples de imagem que mapeia o sistema venoso dos membros inferiores, ajuda no diagnóstico e na definição do tratamento. Se o problema for em um vaso nutridor, de maior calibre, que se irradia para as demais veias, provocando a dilatação delas, não adianta apenas secar o vasinho que está aparente.
É necessário secá-los em consultório?
Essa é uma decisão meramente estética, já que os vasinhos não se transformam em varizes. Mas prefira secá-los nos meses frios, quando a exposição ao sol é menor. Os raios ultravioletas podem fazer com que os hematomas resultantes virem facilmente manchas difíceis de tratar. Se não tiver jeito e você ao sair ao sol, tenha o cuidado de usar um filtro solar de altíssima proteção.
Quais são as técnicas adequadas para apagar esses sinais?
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A escleroterapia é um tratamento que consiste em injetar nos vasinhos uma substância que os agride, provoca inflamação e faz com que sejam absorvidos pelo organismo. “O medicamento mais usado é a glicose hipertônica a 75%, que não causa alergias – o que pode ocorrer com outras substâncias, como o polidocanol, que tem ação detergente e pode apagar um vasinho em apenas três segundos”, informa Celso Bregalda. O laser também vem sendo bastante empregado. “Associar aplicações de glicose e laser acelera o tratamento”, explica o cirurgião vascular Pedro Puech. “Uso a glicose para secar os vasos mais grossos e o laser para os mais finos.” Outra possibilidade é secar com o laser combinado com a crioanalgesisa – um jato de ar a menos 18 oC disparado sobre a região tratada para atenuar a dor provocada pelo feixe de luz do laser. Também é possível combinar polidocanol com glicose, produzindo uma agressão potente contra os vasinhos.
As meias de compressão evitam o problema?
Não. De qualquer maneira, o médico Celso Bregalda aconselha o uso de meia de compressão durante o dia. Mas você deve ser orientada por um profissional da área a escolher um modelo na extensão, na compressão e no tamanho adequados, para diminuir a sensação de dor e o edema (inchaço) e aumentar o bem-estar.
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