A aparência como vilã: como a sociedade ainda culpa o corpo feminino
O IMC continua sendo o ideal de sucesso mais desejado do que a casa própria ou a independência financeira

Mulheres seguem culpando roupas pelos “nãos” dos homens. Seguem objetificando e idealizando corpos como solucionadores de problemas. O IMC continua sendo o ideal de sucesso mais desejado do que a casa própria ou a independência financeira.
Empréstimos são feitos para pagar o Mounjaro, que promete um passaporte para a terra prometida da beleza, do respeito, da aceitação, dos bons relacionamentos e sim, daquela roupa de dez anos atrás que você guardou como medida e expectativa de um futuro que provavelmente não aconteceu.
Um futuro que não tem a ver com a balança, e sim com o ciclicismo da vida, das coisas que projetamos e que a realidade nem sempre confirma.
Mas seguimos culpando a aparência como nossa grande vilã. Não parecer com as outras virou o motivo dos maus relacionamentos, da carreira que não tomou o rumo esperado, do sucesso que você imaginava alcançar vestindo um jeans 38.
Deixamos nossos futuros nas mãos das canetas, que chegam como trombetas apocalípticas da saúde, prometendo curar onde dói.
Terapeutas em guerra, diagnosticando dores não palpáveis.
Nossas curvas viram papel, recebendo jatos solucionadores que escrevem um novo destino, a casca fica boa, aceita, mas os livros têm apenas mudado de capa.
O interior, muitas vezes, é consumido por traças pequenas, escondidas nas costuras, mas refletidas nos espelhos. Anos de negligência ocular: vítimas do medo de olhar pra dentro, pra si, e de tratar a saúde como um todo, física e mental.
Mudar de manequim não apaga a falta de amor. A substância emagrecedora rasga a superfície, mas olhar pra dentro cura o reflexo. Cura a distorção de tratar o corpo apenas como estética, e não como templo.
O ano é 2025 e as canetas estão escrevendo futuros, muitas vezes, assustadores.
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