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Qual a relação entre higiene bucal e Covid-19? Estudos mostram

Por Larissa Serpa
Atualizado em 21 out 2024, 22h27 - Publicado em 29 set 2021, 11h56
bucal
Máscaras, distanciamento, ar livre e... Higiene bucal? Sim, ela também ajuda a prevenir  (cottonbro/Pexels)
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Sem dúvida para a prevenção da COVID-19, as melhores opções são as vacinas e a manutenção dos cuidados individuais (lavar as mãos com água e sabão, usar máscaras, álcool gel e distanciamento social).

Porém, além de prevenir a doença, existe uma busca constante de alternativas que possam contribuir para minimizar a ocorrência das formas graves e/ou auxiliar na recuperação dos doentes.

A saúde oral pode ter impacto direto sobre a infecção causada pelo Coronavírus (SARS-CoV-2). A inter-relação da cavidade oral com o sistema respiratório é enorme, e a boca tem sido apontada como uma das vias de entrada mais importantes para esse agente patógeno causador da COVID-19.

A multiplicação do Coronavírus nas glândulas salivares é uma realidade comprovada cientificamente

As glândulas salivares funcionam como verdadeiros reservatórios para os vírus, assim, a saliva é um ponto focal muito importante.

As gengivites e periodontite figuram entre as doenças orais mais prevalentes da atualidade, atingindo uma grande parte da população mundial. A periodontite ou doença periodontal, é uma infecção bacteriana caracterizada pela inflamação dos tecidos que envolvem os dentes, incluindo o osso de suporte. Em estado avançado, essa doença causa sangramentos gengivais, halitose, mobilidade dental, dores e, se não tratada a tempo, leva a perda dos dentes. Isso sem falar nos reflexos indesejados no organismo como um todo.

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PROBLEMAS GENGIVAIS = MAIS CHANCES DE DOENÇA GRAVE

Um maior índice de mortalidade por COVID-19 tem sido observado em pacientes com problemas gengivais

Um maior índice de mortalidade por COVID-19 tem sido observado em pacientes com problemas gengivais, podendo-se concluir que existe um risco aumentado de morte pela infecção causada pelo Coronavírus em pacientes com doença periodontal.

Vários estudos demonstram que a liberação aumentada de citocinas pró-inflamatórias provocada pela doença periodontal, pode ter relação com a Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto, que, junto a outras desordens respiratórias severas, é a principal causa de morte entre pacientes com COVID-19. Além disso, as bactérias provenientes do periodonto doente aumentam a expressão de ACE2 (enzima conversora da angiotensina 2), que é uma proteína que atua como um receptor do SARS-CoV-2, facilitando a sua entrada no organismo.

Pesquisas ainda sugerem que as bolsas periodontais (localizadas entre os dentes e a gengiva) provocadas pelas bactérias causadoras da periodontite também são um ponto focal de infecção pelo Coronavírus.

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ANXAGUANTES BUCAIS COMO PREVENÇÃO

Alguns estudos têm demonstrado que a utilização  de enxaguatórios que contenham Citrox®, ciclodextrina, clorexidina e ácido hialurônico, podem ter efeitos coadjuvantes positivos, pois, além de sua atividade antimicrobiana específica contra bactérias e vírus, também são capazes de reduzir as inflamações gengivais e a concentração dessas citocinas provenientes das gengivites e periodontites.

Estudos mostram que usar enxaguantes bucais diminui as chances de pegar Covid-19

Assim, a manutenção de uma boa saúde oral através de uma higiene oral adequada, somadas ao uso coadjuvante de alguns tipos de enxaguatórios, podem auxiliar no controle das doenças gengivais e, consequentemente, terem um impacto positivo nos casos de COVID-19.

O ácido hialurônico, por exemplo, é uma molécula encontrada naturalmente no organismo que atua em diferentes processos, incluindo a regeneração tecidual, cicatrização e regulação das respostas imunológicas e inflamatórios. Pesquisadores da universidade Lyon, na França, produziram um estudo, que foi publicado na revista médica Clinical Microbiology and Infection, para verificar se o uso de um enxaguatório oral seria eficaz na redução da carga viral do Coronavírus na saliva. No estudo, os pesquisadores concentraram-se principalmente em produtos que continham ação antiviral conhecidas, como por exemplo, o Citrox®  e a ciclodextrina. O Citrox® é composto por bioflavonóides e é um agente antimicrobiano com potente eficácia bactericida, antifúngica e antiviral. A ciclodextrina possui ação antiviral específica, já que é capaz de desestruturar as proteínas que revestem a parede celular dos vírus. Para validar a hipótese levantada, os pesquisadores incluíram no estudo participantes que testaram positivo para SARS-CoV-2 nos oito dias que antecederam o início da pesquisa. Esses indivíduos formam divididos em dois grupos e realizaram bochechos três vezes ao dia, durante uma semana.

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Apenas um dos grupos utilizou o enxaguatório contendo Citrox® e ciclodextrina, enquanto o chamado grupo controle realizou bochechos com substância placebo. Ao longo desse período, amostras de saliva foram colhidas para comparação da carga viral entre o grupo que utilizou o enxaguatório antiviral e o grupo que utilizou o placebo. Os pesquisadores descobriram que um único bochecho com o enxaguatório foi capaz de reduzir a carga viral na saliva em 71% após 4 horas da utilização. Os bochechos subsequentes foram capazes de manter a baixa carga viral alcançada com o primeiro uso.

A descoberta foi realmente promissora, pois, esse estudo demonstrou “in vivo” o efeito do enxaguatório oral com esses componentes na redução do risco de transmissão pela saliva de agentes patogênicos, especificamente do vírus causador da Covid-19.

Nesse contexto, a utilização de um enxaguatório, por exemplo, como o PerioPlus+ Regenerate, pode ter uma ação coadjuvante importante, pois, além de ciclodextrina e Citrox®, ainda traz na composição a clorexidina a 0,09% (que é considerado um agente antimicrobiano padrão-ouro na Odontologia), e o ácido hialurônico (que acelera a regeneração dos tecidos orais).

A falta de cuidados com a higiene oral leva ao surgimento de doenças periodontais que, por sua vez, podem favorecer o surgimento e agravamento de condições sistêmicas que também figuram como fator de risco para casos graves de COVID-19. Como explicamos anteriormente, a presença de gengivas inflamadas, problemas periodontais e infecções orais promovem a liberação de citocinas na corrente sanguínea que causam um processo inflamatório até mesmo em órgãos distantes, agravando e/ou até promovendo o desenvolvimento de condições de risco para os pacientes (diabetes, doenças cardiovasculares, aterosclerose, doenças cerebrovasculares, AVC e até doença de Alzheimer).

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Por esses motivos, a realização de cuidados diários com a saúde oral e uma boa higienização oral têm se mostrado cada vez mais importantes em meio a pandemia do Coronavírus. Quem já sofre com a doença periodontal, deve buscar auxílio de um cirurgião-dentista o quanto antes, pois, além de impedir a evolução da periodontite e a consequente perda dental, pode reduzir também o risco de infecção pela COVID-19 e, em caso de contágio, promover a diminuição da sua gravidade. Assim, para o tratamento da periodontite, além dos cuidados realizados em consultório, com a raspagem e remoção de cálculos dentais, deve-se incluir principalmente opções não medicamentosas, como higiene oral diária com escovas dentais de boa qualidade, uso de escovas interdentais e a utilização coadjuvante de enxaguatórios orais com eficácia antimicrobiana.

RESPONDIDO POR:

*HUGO ROBERTO LEWGOY: Especialista, Mestre e Doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; Professor Colaborador do Instituto de Pesquisas Nucleares (IPEN); Pós-graduado em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); Instrutor da filosofia individually Training Oral Prophylaxis (iTOP); Pós-graduado em Implantodontia pela Miami University e University of Berna; Membro do International Team of Implantology (ITI); Consultor Científico da Curaden Swiss.

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