Leve uma vida leve
Eu começo o texto contando pra vocês que a cada pauta que escrevo aqui na coluna, meu mundo desdobra em acontecimentos contendo questões que permeiam o tema escolhido. Quando Larissa Serpa, editora de BOA FORMA, me contou que neste mês BOA FORMA iria trazer abordagens para uma vida mais leve e com menos cobranças, eu ri e pensei: “Bem, eu me cobro demais!!”. Depois de alguns dias de reflexões antes de escrever, fui relembrando que na verdade eu me cobro muito além do necessário.
A compreensão que tenho hoje é que a origem da minha autocobrança vinha da “necessidade” constante de garantir a sobrevivência e de provar pros outros minha capacidade de “vencer na vida” — de ser notado, reconhecido e amado por isso. O retrato dessa história é mais ou menos assim: nasci prematuro com 06 meses, fiquei as primeiras semanas em UTI, sempre ansioso, tenho uma deficiência auditiva, gay, não tinha grana e morava no interior do menor estado do Brasil. Um menino lindo, cheio de amor, aspirações e sonhos que foi se dedicando e estudando bastante pra ir conseguindo bolsas e ganhar o mundo. Um caminho com incontáveis desafios e lições sim, mas tudo foi acontecendo dentro do que eu precisava aprender e tenho colecionado experiências extremamente positivas.
Só que comecei a perceber com mais maturidade, que eu ainda mantenho uma corrida ansiosa pela vida mantendo uma cobrança muito grande que já não precisa. E a vida, claro, passou a ser aquela auto exigência em que eu me colocava à prova sempre. A autocobrança para atender minhas expectativas e às do mundo dá uma canseira danada, porque era como se eu tivesse ainda lutando para sobreviver no escuro contra um inimigo que nunca existiu. Viver esses anos em São Paulo também aumentou muito essa pressão, claro. Compreendo que sim, existe uma corrida cotidiana, mas que eu posso escolher viver de maneira mais leve e em qualquer lugar.
Pela compreensão espiritual, alguns acontecimentos em nossa vida funcionam como gatilhos que despertam vivências passadas e memórias mais profundas que estão registradas em nosso DNA, por isso, muitas vezes o momento presente pode nos lembrar e desencadear lições de casa ou situações específicas que estão pendentes de aprender ou de compreender melhor. Muitas vezes, situações específicas ganham proporções maiores do que realmente são, pois podem ativar gatilhos que estão registrados no íntimo da nossa consciência, justamente com a necessidade de impulsionar nosso desenvolvimento.
Estou contando essa história para esclarecer — e encorajar — que cada pessoa carrega motivações profundas e diferentes em seu interior, que muitas vezes a razão da cobrança tamanha fica incompreendida. E para melhor entender nossas próprias cobranças, o autoconhecimento é um excelente caminho tanto para motivações mais simples (que você pode identificá-las com reflexões) ou mais profundas (aquelas que estão em nossas memórias akashicas ou as que requerem um pouco mais de profundeza de investigação). E a resposta sobre porque nos cobramos tanto, como você já deve imaginar, é que não existe uma rota única para todos, pois somos seres únicos mesmo vivendo uma experiência coletiva.
Autoconhecimento é o caminho
Reflexões para entender porque nos cobramos tanto
Acredito que a autocobrança pode ser saudável até certo ponto já que nos impulsiona e motiva as mudanças positivas que precisamos fazer na vida – sob um olhar atento de quem se predispõe a crescer e ser melhor a cada dia.
Quando vamos longe demais, cruzamos fronteiras onde essa cobrança passa a ser exagerada, o que não é muito saudável, nem leve. Se há uma autocobrança, há também uma motivação para que ela exista.
Reflita se essa autocobrança na verdade não é uma necessidade de provar algo, de controlar a vida, de ser reconhecidx e amadx, de corresponder expectativas criadas, de alcançar status ou prestígio social, dúvida sobre sua capacidade ou se você só precisa relaxar mais mesmo. Portanto a dica é: mergulhe na motivação e vá além da justificativa que você dá pra ela.
Leve uma vida leve
Veja como você pode ser mais gentil consigo
Desacelere e pegue mais leve com você.
Nem sempre você “tem que” fazer algo, isso começa com a condição de obrigação. A priorização e o equilíbrio das escolhas ajuda a decidir o que pode fazer e o que você não pode fazer. Nem sempre dá pra responder a todos, fazer a aula de yoga, bater todas as metas, fazer supermercado, faxina, cuidar da casa, da família, do cachorro e do gato, ao mesmo tempo.
Se a gente não pegar leve agora, quando poderemos ser mais leves, afinal?
Se gastamos a maior parte do nosso tempo nos cobrando ao invés de buscar formas mais leves e conscientes de viver – e dar atenção ao que realmente importa – precisamos lembrar de uma coisa: que a vida acaba, e pode ser amanhã.
Estamos vivendo em constante crescimento individual e coletivo.
Se enxergarmos a vida como uma escola e que toda a existência está se transformando o tempo todo, logo, pode ser que o conceito de perfeição que criamos e idealizamos não existe, seja algo irreal e pequeno demais diante de tudo.
Nem todo dia a gente tá bem.
E está tudo bem, a diferença é como você compreende o seu processo e busca formas de se equilibrar cada vez mais, assim é um equilíbrio de polaridades que vai ganhando uma fluidez melhor com menos oscilações.
A gente não precisa ter resposta pra tudo e podemos dizer não.
E também está tudo bem com isso.
Feito é: nem mal feito, nem perfeito.
Dê esse novo olhar para suas ideias, tarefas, compromissos e projetos.
Não viver o momento presente é ir ao teatro e não assistir ao show.
Quantas coisas que estavam no futuro realmente aconteceram como imaginávamos? Ou quantos momentos deixaram de ser contemplados porque nossa atenção estava no que já passou?
Há um plano maior para estarmos aqui
A vida acontece a partir de um plano cósmico que acordamos para o desenvolvimento individual e coletivo de nossa experiência, senão estaríamos à deriva. Quanto mais fluímos dentro de nossa essência e natureza (conexão coração-espírito-mente), seguiremos mais naturalmente com os sinais e acontecimentos que precisamos experienciar, mudar e/ou seguir. O que mais precisamos fazer, talvez seja soltar o controle e parar de achar que controlamos tudo. Deixe que a “mágica” do universo aconteça – você contribui deixando que essa fluidez ocorra, do que tentando nadar contra essa corrente.
Talvez você não precisa ir aonde todos também estão indo.
Outras histórias podem nos inspirar, mas você pode e deve construir sua própria história a partir de quem você já é, que é tão genuína e tão sua. Às vezes, a gente corre demais para ser alguém que imaginamos ou para alcançar algo que não necessariamente precisa ser nosso. Ao reconhecer isso, talvez seja o momento mais apropriado para você poder olhar pra dentro, cuidar de si e entender quem você é de verdade. Aos poucos e naturalmente, os ajustes são realizados e passamos a caminhar mais próximos da nossa essência, sem correr nem se cobrar tanto por isso.
PS.: Tudo o que eu escrevo serve pra mim também, então tá anotado.
Até a próxima!
Mateus
Sobre o autor
Mateus Morais é formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e tem atuado nos últimos anos com Marketing de Projetos em grandes organizações. É facilitador da imersão Despertar da Vida com Propósito, uma jornada de vivências de autoconhecimento. Estuda sobre espiritualidade e desenvolvimento humano e realiza consultoria sobre empreendedorismo consciente e sessões de Cura Interdimensional. Você pode acompanhá-lo pelo Instagram.