Dá para desligar o botão do estresse?
“Deixa que eu seguro as pontas aqui, pode descansar”. Vira e mexe essa frase sai da boca de umas das minhas parceiras de trabalho quando percebemos o cansaço da outra. Somos um trio muito entusiasmado com o que fazemos e não raro passamos da conta: das horas dedicadas, de mais um projetinho, ou de só mais um vídeo.
Mas tenho a frequente sensação de que ali eu posso relaxar, porque quando a coisa aperta tem algo como um “botão de pânico” bem ao meu lado que me deixa segura. E segurança é o exato oposto do estresse. Eu nunca havia entendido muito bem essa sensação até me deparar com uma pesquisa científica curiosa, publicada quase uma década antes de eu ter nascido.
No estudo, as pessoas precisavam executar uma tarefa complicada em uma sala com um barulho irritante. Essas pessoas foram divididas em alguns grupos em que: um grupo não tinha nenhum controle sobre o barulho; outro grupo poderia apertar um botão para parar o barulho quando se sentisse muito incomodado; e ainda outro grupo poderia pedir a alguém para apertar o tal do botão, mesmo o botão não estando ali por perto. O que os cientistas descobriram é que quando podemos “apertar o botão para parar aquilo que nos estressa” nos sentimos muito melhor. O mesmo se dá quando temos alguém que pode apertar esse botão por nós. Só que o mais curioso deste estudo é que, mesmo podendo, ninguém apertou o botão!
O que aconteceu que fez com que essas pessoas se sentissem melhor era o simples fato de saber que tinham algum controle da situação. Frente a situações estressantes, eu não preciso necessariamente resolver o estresse para que ele pare de me incomodar, preciso apenas saber como fazer para interromper aquela situação ou saber que posso recorrer a alguém para me ajudar.
Alguns botões podem ser sair para arejar a cabeça, fazer uma respiração consciente, ligar para um amigo, desativar as notificações das redes sociais, desligar o computador no fim do dia.
Por aqui um dos meus botões de segurança tem sido a Carol e a Mare. E por ai, já pensou quais e quem são os seus botões?
PS.: o artigo citado no texto é o Behavioral consequences of adaptation to controllable and uncontrollable noise, de David C. Glass e colegas, publicado em 1971.