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Saúde sem estresse, por Regina Chamon

Regina Chamon une a medicina com as práticas de bem-estar para te inspirar a cultivar corpo, mente e coração mais saudáveis
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O ritmo dos áudios, o ritmo da vida

Por Regina Chamon
22 Maio 2023, 13h49

Não costumo ouvir áudios acelerados. Gosto de sentir o ritmo das pessoas, a música da voz. As pausas. As acelerações naturais. Sempre pensei que acelerar áudios é um desrespeito com quem os mandou.

Mas esses dias eu estava com uma agenda mais do que lotada. Tinha 4 aulas para preparar, muitos pacientes para atender, uma quantidade enorme de artigos para estudar. Resolvi então dar uma pequena acelerada na vida: coloquei todas as mensagens de áudio e os vídeos que eu precisava ouvir e assistir na velocidade 2x.

No começo achei meio esquisito, tudo muito apressado, um pouco engraçado. Mas em pouco tempo eu me acostumei. Tudo mais rapidinho pareceu fazer sentido em um momento em que o relógio mordia meus calcanhares para eu agilizar o tempo.

Comigo aqui eu pensei: “não é nada demais, só estou otimizando o tempo!”

Por mais cômico que possa parecer eu estava assistindo uma aula sobre como lidar melhor com o estresse e desacelerar a vida em velocidade 2x! Por alguns segundos sorri internamente. Mas os minutos que se seguiram foram de crise: venho há anos estudando, praticando e ensinando as pessoas a desestressarem e em um momento mais atribulado eu escorreguei bonito.

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Respirei fundo algumas vezes, revi a agenda, resolvi redimensionar tudo para fazer apenas aquilo que caberia nas 24 horas do meu dia e então algo muito estranho aconteceu: voltei os vídeos e áudio para o ritmo normal e eles pareceram MUITO lentos. Como se as vozes e as pessoas estivessem escorregando
va-
ga-
ro-
sa-
men
-te
em um pote de mel bem espesso.

Fiquei com a sensação que o ritmo normal era tão demorado que me deixava tanto agoniada quanto entediada. Então dei alguns passos para trás e observei o ritmo das pessoas, das redes, das esperas em elevadores e semáforos. Observei o ritmo da vida.

Me surpreendi ao perceber que aceleramos tanto que o tempo, de repente, pareceu lento demais para ser vivido. Percebi que perdemos o parâmetro de uma vida boa. De tanto acelerar, desaprendemos o ritmo natural de sermos humanos.

Ansiedade, fadiga, alteração do sono, dor de estômago, comer demais para compensar, comer de menos porque não dá tempo, beber/comprar/acimular para ocupar nossos vazios. Talvez todos sintomas de uma vida em ritmo 2x.

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Ali, naquele momento de passos atrás, percebi que muitas das minhas angústias e das queixas dos meus pacientes estão relacionadas com um descompasso: estamos vivendo em 2x e desaprendemos o ritmo normal.

Tentei uma estratégia para ressincronizar. Por aqui funcionou, então te sugiro tentar também: desacelerei tudo que era possível para a velocidade 0,5x. Fiquei alguns dias nesse ritmo até a velocidade 1x, o ritmo normal da vida, me pareceu adequado, confortável e principalmente respeitoso comigo e com todos ao meu redor.

Fica aqui meu convite para uma vida em velocidade 1x!

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