Comer muito fast-food afeta leite materno e saúde do bebê

Estudo mostrou que, para as mulheres que engravidam com este mal hábito alimentar, o leite materno é afetado – e a saúde do bebê também

Por Claudia Amoroso
Atualizado em 21 out 2024, 16h34 - Publicado em 15 set 2022, 08h15
Mulher bebendo leite - Leite no pós-treino
 (DenizA/Thinkstock/Getty Images)
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Você já sabe que tornar as refeições do fast-food uma rotina é extremamente prejudicial para a saúde. Não obstante todos os danos que já conhecemos, uma dieta rica em açúcar e gordura, como hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes, pode afetar negativamente a fertilidade (as chances de conceber um filho) e, também, o leite materno de uma nova mãe e a saúde do bebê antes mesmo de a criança ser concebida. Essa é a conclusão de um trabalho recente da Universidade de Cambridge (Inglaterra).

“A nutrição é um fator fundamental para mulheres que querem engravidar com saúde e sabemos por meio de estudos que quem come menos frutas e mais fast-food demora mais para engravidar, com menor propensão de conceber dentro de um ano. Agora, esse estudo mostrou que mesmo o consumo de uma dieta de fast-food em um período relativamente curto afeta a saúde das mulheres, reduzindo sua capacidade de produzir leite materno com bom teor nutricional após o parto. Isso pode afetar o bem-estar do recém-nascido, além de aumentar o risco de mãe e filho desenvolverem condições potencialmente fatais, como doenças cardíacas, derrame e diabetes mais tarde na vida”, explica o especialista em Reprodução Humana Dr. Fernando Prado.

Os pesquisadores ressaltaram no estudo que mesmo as mães com peso saudável podem estar sofrendo de problemas ocultos, como fígado gorduroso (visto em pessoas com sobrepeso ou obesidade) por comer uma dieta rica em alimentos processados, que tendem a ser ricos em gordura e açúcar. Isso pode levar a cicatrizes avançadas (cirrose) e insuficiência hepática.

“As mulheres que fazem dietas que tendem a ter alto teor de açúcar e gordura podem não perceber o impacto que isso tem em sua saúde, especialmente se não houver uma mudança em seu peso corporal. Elas podem ter maior adiposidade – níveis mais altos de massa gorda – o que sabemos ser um preditor de muitos problemas de saúde. Em alguns casos, isso pode não afetar abertamente sua capacidade de engravidar, mas pode ter consequências para o crescimento do bebê antes do nascimento, e a saúde e o bem-estar do bebê após o nascimento”, diz o médico.

O estudo foi feito com camundongos. “A obesidade já foi recriada em camundongos antes, mas a maioria dos estudos se concentra nos efeitos de dietas crônicas, com alto teor de gordura e alto teor de açúcar. Neste novo estudo, um grupo de camundongos foi alimentado com uma dieta de rações processadas ​​com alto teor de gordura com leite condensado em períodos mais curtos, por apenas três semanas antes da gravidez, durante a gravidez de três semanas e após o nascimento. Esta dieta foi projetada para imitar o conteúdo nutricional de um hambúrguer de fast food, batatas fritas e refrigerante açucarado”, diz o médico. O objetivo foi determinar os impactos na fertilidade, crescimento do feto e resultados neonatais em um uso por curtos períodos de alimentos de más características nutricionais.

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Já é reconhecido que uma dieta ‘estilo ocidental’ rica em gordura e açúcar está contribuindo para uma pandemia de índice de massa corporal (IMC) elevado e obesidade não apenas em países desenvolvidos, mas também em países em desenvolvimento em processo de urbanização. Como resultado, pouco mais da metade das mulheres (52,7%) em muitas populações ao redor do mundo estão com sobrepeso ou obesas quando concebem, levando a problemas tanto na obtenção quanto na manutenção de uma gravidez saudável. “Os pesquisadores descobriram que mesmo uma dieta rica em gordura e açúcar de curto prazo impactava na sobrevivência dos filhotes de camundongos no período inicial após o nascimento, com uma perda maior durante o tempo em que a mãe estava alimentando sua prole. As proteínas do leite são extremamente importantes para o desenvolvimento do recém-nascido, mas a qualidade foi considerada ruim em mães de camundongos que comiam a dieta rica em gordura e açúcar”, diz o Dr. Fernando.

Segundo o médico, o estudo é particularmente interessante, pois quando uma mulher acima do peso está grávida, os médicos geralmente estão mais preocupados com o risco de diabetes e crescimento anormal do bebê. “Mas em futuras mamães que parecem saudáveis, independentemente da ingestão de alimentos, mudanças sutis, mas potencialmente perigosas na gravidez podem passar despercebidas. A orientação pré-concepção é fundamental, assim como o cuidado com a alimentação durante a gravidez e no período de amamentação”, finaliza o médico

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