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Como lidar com o desgaste emocional provocado pela TPM

Psicóloga ensina como lidar com o fenômeno e cuidar da saúde mental

Por Giovana Santos
8 abr 2022, 10h33

Cada mulher sente de uma forma, mas quando ela chega, todas sabem o nome: TPM (Tensão Pré-Menstrual). Composta por uma lista de sintomas nada agradáveis, o que muitas mulheres não imaginam é que ela vai além da flutuação hormonal. Inclusive, é um fenômeno repleto de questões sociais e psicológicas. Entretanto, por mais difícil que seja de domar, a TPM não é invencível.

Oscilações de humor, dores por todos os lados, acne, choro fácil e apatia são apenas alguns dos sinais que anunciam sua chegada. Mesmo a TPM sendo uma ‘velha conhecida’, não é difícil cair em estigmas sociais gerados a partir dela, afirma Sabrina Amaral, psicóloga da Epopéia Desenvolvimento Humano.

“Acompanhei de perto os impactos que uma crise de TPM causa na vida das pessoas. Também vi como, muitas vezes, ela se torna uma ‘muleta’, para que algumas mulheres não olhem para questões que as incomodam, principalmente na esfera do sentir. Já escutei muitas falas do tipo ‘são os hormônios’, ‘todo mês é assim’, ‘vai passar’, ‘sei que há um exagero, é normal’.”

COMO ACONTECE A TPM?

Acredite, a Tensão Pré-Menstrual não é algo restrito ao corpo físico, e sim um fenômeno Bio-Psico-Social. Apesar de o nome assustar um pouco, a explicação é simples, como detalha a psicóloga Sabrina Amaral:

1

BIOLÓGICO

Sim, mulheres sofrem muito com as questões hormonais e os impactos biológicos do ciclo menstrual. O aspecto fisiológico precisa ser compreendido e levado em consideração. “Quando ouço alguém falar que a ‘a culpa é dos hormônios’, parece que eles são uma espécie de possessão incontrolável, mas na prática, há muitas outras coisas envolvidas”, destaca.

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Uma consulta com um médico é sempre bem-vinda para entender se está tudo bem com a sua saúde e os seus hormônios.

2

PSICOLÓGICO

Questões psicológicas e emocionais estão inclusas aqui. Para Sabrina, cada pessoa possui uma espécie de ‘cofrinho emocional’. “Ao longo do mês, ela vai colocando moedinhas lá dentro, representando todas as situações com as quais ela não quer lidar: carência, insegurança, ciúme, baixa autoestima, dificuldade de dizer não… Só que, quando chega aquela época fatídica do mês, a pessoa explode o cofrinho — e aí, é moeda para todo lado”, pontua.

3

SOCIAL

A sociedade já enxergou a existência da TPM, mas entende como se, nesse período do mês, existisse uma permissão para ‘explodir’. Como se fosse justificável ter crises de choro, explosões de raiva, comportamentos impulsivos, atitudes que não seriam aceitas em ocasiões ‘normais’.

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Oscilações exageradas de humor devem ser analisadas e tratadas com a ajuda de um profissional, uma vez que elas podem indicar questões mais sérias (como uma depressão).

CHEGOU A HORA: 3 PASSOS PARA DOMAR A TPM

Depois de compreendida a formação do fenômeno, é hora de pegar o seu “cofrinho emocional” e aprender a cuidar melhor de você ao longo do período. Para isso, a psicóloga Sabrina Amaral dá as dicas:

1

JUNTE E CONTE AS SUAS MOEDINHAS

Em vez de encher seu cofrinho emocional com moedas de insatisfação, observe seus sentimentos diariamente. Uma ótima ferramenta para isso é o journaling, o famoso diário. Não, isso não é coisa de adolescente. É um recurso precioso de autoconhecimento. Significa criar o hábito de, ao final do dia, olhar para os acontecimentos e tomar consciência de como você percebeu cada um deles.

Assim, fica mais fácil identificar o que te deixou feliz e, principalmente, o que não te deixou feliz. Encare isso como um “extrato diário” da sua conta emocional, para entender se você está com crédito ou no vermelho.

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2

AVALIE O CÂMBIO DO DIA

Bem, agora que você sabe quantas moedas estão no seu cofrinho, e como elas foram parar lá, você precisa observar o “câmbio do dia”. Isso quer dizer que você vai pensar sobre os comportamentos que você teve e que te levaram ao lugar de insatisfação.

Depois disso, é preciso analisar que escolhas ou atitudes diferentes poderão ser adotadas no futuro para não acumular esse lixo emocional. A dica aqui é não cair na tentação de ficar ruminando a culpa, e sim, focar em ações simples e factíveis que estejam a seu alcance.

3

DIVERSIFIQUE SEUS INVESTIMENTOS

Chegou o momento de fazer “experimentos”. A beleza deles é o fato de não serem definitivos. E mesmo que não se chegue ao resultado almejado, basta abandonar o plano e simplesmente voltar ao estado inicial, ou seja, o pior que pode acontecer é: nada.

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Pensando nisso, a psicóloga faz uma recomendação: “Permita-se testar hipóteses, comportamentos, falas, atitudes, posturas, isto é, tudo aquilo que você acha que pode ajudar a minimizar o impacto da sobrecarga emocional na sua vida. Em um primeiro momento, pode surgir medo de agir diferente ou de sair da zona de conforto, mas, na prática, o medo é bem maior na sua cabeça do que na realidade. Acredite.”

4

ASSUMA O PROTAGONISMO

Ao percorrer os três passos anteriores, a TPM deixa de ser a protagonista no seu ciclo menstrual e na sua vida. “É algo que acontece com você, mas não define quem você é. E que quando os hormônios se exaltarem, você vai estar mil vezes mais preparada”, conclui Sabrina Amaral.

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