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Endometriose: a doenças que afeta até 15% das mulheres

30% a 50% das mulheres com endometriose são inférteis

Por Amanda Ventorin
Atualizado em 21 out 2024, 16h37 - Publicado em 1 abr 2021, 09h00
mulher deitada no sofá com as mãos na barriga, com dor.
 (Moyo Studio/Getty Images)
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Cólica, fluxo intenso e inchaço. São sintomas que muitas mulheres enfrentam no ciclo menstrual e que são considerados comuns, mas esses podem também ser indícios de endometriose.

A doença ocorre quando as células do endométrio (mucosa que reveste a parede do útero) não são devidamente expelidas durante a menstruação e se espalham pelo aparelho reprodutivo e até mesmo outras regiões como intestino, apêndice e bexiga, trazendo diversas consequências para a saúde da mulher, entre elas, a infertilidade.

Apesar de afetar cerca de 10 – 15% de mulheres em idade reprodutiva, a endometriose ainda não possui uma causa definida. 

Sintomas da endometriose

A doença tem como principal sintoma dor pélvica intensa, que geralmente não recebe atenção por ser confundida com cólicas menstruais. “Isso faz com que o diagnóstico da condição seja realizado muito tardiamente, quando as mulheres encontram alguma dificuldade para engravidar. Por isso, o acompanhamento ginecológico regular desde cedo é fundamental”, destaca o especialista em reprodução humana, Rodrigo Rosa. Outros sintomas de alerta são cólicas intensas, dores lombares e dores para evacuar ou urinar.

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Além disso, é a principal causa de dores na relação sexual, em especial na profundidade da vagina. “Em algumas pacientes, as dores podem vir também fora do período menstrual, principalmente no período da ovulação, ou mesmo durar o mês todo”, completa Tomyo Arazawa, médico especializado em Ginecologia e Obstetrícia.

Sintomas não tão comuns podem envolver fadiga, indisposição e distensão do abdômen

picolé vermelho derretendo em fundo rosa
Sangramento fora de hora é sinal de alerta | (Erol Ahmed / Unsplash/Divulgação)

Causas da endometriose

Apesar de não ter uma causa específica definida, existem diversas teorias que tentam explicar a origem da endometriose. “Uma das teorias mais importantes, porém ainda uma das menos conhecidas, é a origem embrionária da doença. Ou seja, muitas mulheres já nasceram com essas lesões, mas só a partir da adolescência os sintomas começam a aparecer”, explica Tomyo. 

Há teorias que relacionam um fluxo menstrual em direção às trompas, podendo assim deixar focos de endométrio fora do útero. Também acredita-se que alterações no sistema imunológico, que causam exacerbação de inflamação ao redor desse tecido, resultando em aderências, fibroses e um quadro clínico de dor, possam ser uma das causas”, evidencia o ginecologista e obstetra, César Patez.

Endometriose x Infertilidade

A endometriose é a principal causa da infertilidade entre as mulheres. Por conta do espalhamento do endométrio (mucosa que reveste a parede do útero) pelo aparelho reprodutivo, a implantação do embrião fecundado pode ser comprometida. 

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Estima-se que cerca de 40 a 50% das mulheres com endometriose terão dificuldades para engravidar. Entre as mulheres que já estão com dificuldade para engravidar, cerca de 40% têm endometriose, muitas vezes sem saber. O diagnóstico e tratamento precoce pode minimizar as chances desse impacto realmente acontecer”, explica Tomyo. 

A laparoscopia, procedimento minimamente invasivo que visa eliminar os cistos causados pela doença, pode ajudar aquelas que desejam engravidar. Mas vale ressaltar que o tratamento da endometriose não é definitivo, atuando apenas no alívio dos sintomas e controle dos focos da doença. Logo, os sintomas e a dificuldade de engravidar podem retornar após algum tempo. “Além disso, apenas 50% das pacientes tratadas por meio da laparoscopia possuem chances de engravidar futuramente”, alerta Rodrigo Rosa.

A melhor alternativa para mulheres que desejam engravidar mas sofrem com endometriose é a busca por tratamentos de reprodução, como a fertilização in vitro. “O processo de fertilização in vitro em pacientes com endometriose é igual a qualquer outro, com a coleta dos óvulos após indução medicamentosa da ovulação, para que sejam fecundados em laboratório e, em seguida, implantados de volta no útero. E a boa notícia é que as taxas de sucesso do procedimento em mulheres com a condição são as mesmas de quando a fertilização é realizada por outros motivos, sendo assim um excelente método para aumentar as chances da paciente de ser mãe biológica”, explica. 

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Tratamentos 

Há três principais frentes sobre o tratamento para a endometriose. A primeira é a adequação do estilo de vida. Fatores como alimentação, qualidade do sono, gerenciamento do estresse, atividade esportiva regular contribuem para a redução da inflamação e melhora da dor e da imunidade.

“Uma alimentação balanceada e com ômega 3 (como peixes, castanhas e folhas verdes escuras), fibras e proteínas brancas é ideal para quem tem endometriose. Assim, a doença pode ser evitada em quem apresenta predisposição genética e, caso já tenha o diagnóstico, esses alimentos ajudam a controlar as dores e o controle da expansão da doença”, indica Gustavo Patury, médico especialista em aparelho digestivo, que ressalta a importância de fazer um acompanhamento com nutricionistas. “A alimentação balanceada é importante também no controle de peso, já que o aumento de quilos produz excesso de hormônios femininos que pioram a endometriose.”

A segunda frente é o uso de medicamentos, que vão desde pílula anticoncepcional, analgésicos até anti-inflamatórios. “Importante ressaltar que essas duas frentes têm como objetivo controlar os sintomas e tentar controlar a progressão da doença. Não farão ela sumir”, completa Tomyo Arazawa. 

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E por último, o tratamento cirúrgico, que é a única forma de realmente remover a condição. Como a cirurgia para endometriose pode ser muito trabalhosa e complexa, recomenda-se que seja realizada por equipes especializadas e deve ser realizada por laparoscopia ou robótica, com remoção das lesões em toda a sua extensão e profundidade, técnica chamada de excisão. “Importante ressaltar que cauterizar (queimar) as lesões não é considerada uma técnica eficaz atualmente, pois muitas das lesões podem persistir e, com isso, os sintomas também. Uma boa cirurgia irá minimizar as chances de recidiva da doença, e consequentemente a necessidade de novas cirurgias no futuro”, finaliza o especialista. 

 

 

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