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Teste genético para predisposição a câncer: devo fazer? Como?

Estima-se que, em 2040, os casos de câncer aumentem 47% em relação a 2020.

Por Larissa Serpa
Atualizado em 21 out 2024, 16h36 - Publicado em 10 Maio 2021, 09h00
teste dna cancer
 (Andrew Brookes/Getty Images)
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Mais de 50 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo o mundo, segundo a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) e, apesar dos avanços nas pesquisas para o tratamento estarem avançando, a doença não espera. Para 2040, a IARC estima que 28,4 milhões de novos casos surjam. Um aumento de aproximadamente 47% em relação a 2020.

Em países com IDH média ou baixo, o crescimento é ainda mais expressivo: é esperado 96% de aumento na incidência de novos casos para 2040.

Segundo o Real Instituto de Oncologia, essa projeção reflete o envelhecimento populacional, exacerbado por aumento dos fatores de risco. Por isso, ainda segundo o instituto, é preciso se preparar para o impacto com adoção de medidas de prevenção, diagnóstico precoce e alocação de recurso para tratamento adequado.

Um dos métodos mais eficazes para prevenir e se preparar é o teste genético para detectar alterações no DNA.

DIGNO DE HOLLYWOOD

Alguns anos atrás, Angelina Jolie ganhou os holofotes por uma razão outra que grandes filmes: a atriz removeu o tecido mamário devido aos resultados de um teste de DNA que apontavam que ela tinha uma chance de 87% de desenvolver câncer de mama — contra 7% da população média.

A decisão, polêmica na época, foi uma maneira de cuidar não apenas da sua saúde física mas também da mental, já que o medo de desenvolver a doença pode ser paralisante. “Algumas mulheres já possuem um histórico familiar — ou tiveram contato com alguém que já recebeu o diagnóstico de câncer — e isso pode trazer medos e angústias muito graves”, aponta Marília Zendron, psico-oncologista da Clínica de Oncologia Médica (Clinonco).

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Segundo estudo, o medo de não saber pode levar a aumento de ansiedade, depressão, suicídio e disfunções neurocognitivas e sexuais

Segundo estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute, dos Estados Unidos, há evidências de aumento de ansiedade, depressão, suicídio, disfunções neurocognitivas e sexuais em mulheres com câncer de mama até mesmo após a cura, e isso se dá, em parte, pelo medo de desenvolver novamente a doença.

Por isso, fazer o teste pode ser a melhor maneira de cuidar da sua saúde mental e também da física, uma vez que tendo os resultados, você consegue adaptar seus hábitos para evitar a doença.

DEVO FAZER O TESTE?

Foi o que eu me perguntei quando recebi o convite para realizar o mapeamento pelo laboratótio meuDNAMinha avó materna morreu de câncer de mama e eu já removi um tumor benigno do seio direito aos 20 e poucos anos, então o pensamento “será que eu quero saber?” vem à cabeça.

“Será que não é melhor ficar no escuro? Será que a ansiedade de saber não é pior?” foram perguntas que me fiz

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Mas, após o emocional tomar conta, a conclusão racional é a que prevalece: é melhor saber. Saber te dá o poder de tomar decisões agora que podem salvar sua vida no futuro. Além disso, o teste detecta ainda sua pré-disposição a outros tipos de câncer e doenças que pode ser minimizada com a adoção de um estilo de vida mais saudável.

Descobrir se você tem uma tendência genética ajuda não só você mas toda sua família

Pesquisadores descobriram que mutações em genes específicos tendem a levar não só a uma maior predisposição a câncer mas também a formas mais agressivas dele. E descobrir se você tem essa tendência ajuda não só você mas toda sua família. Se você tem uma marcação perigosa nesses genes, é encorajado que outros membros diretos de sua família também façam o teste para descobrir. Assim, você consegue tomar decisões para salvar não apenas você mas quem você ama.

O TESTE

meuDNA
A caixa com o kit completo | (meuDNA/Divulgação)

O teste meuDNA Saúde utiliza a tecnologia Exoma, um mapeamento genético que lê todas as milhares de letras dos seus genes — apenas para câncer de mama, ovário e próstata, ele analisa mais de 15 mil letras nos genes BRCA1 e BRCA2.

Isso permite que ele determina sua pré-disposição genética para câncer de mama, de ovário, de próstata, colorretal, de endométrio, de pele melanoma (o mais comum no Brasil) e de estômago, além de pré-disposição a alto nível de colesterol ou de triglicerídeos e à doenças de Wilson (caracterizada pelo acúmulo de cobre no organismo, que causa alterações nos órgãos como fígado, cérebro, olhos e rins).

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teste dna
Amostra da saliva para o laboratório buscar | (meuDNA/Divulgação)

COMO FAZER

Os tempos de ir até um laboratório já passaram. Hoje, empresas como meuDNA enviam o kit na sua casa para que você mesmo possa fazer a coleta, com todas as instruções — uma medida que se mostra ainda mais necessária agora, com o isolamente social.

O “cotonete” do kit já vem preparado em uma solução para você apenas raspar por dentro da boca e devolver à solução. Depois, é só enviar um e-mail com seu endereço para a empresa fazer a retirada, enviar pelos correios gratuitamente com o código fornecido ou devolver você mesmo no laboratório (para quem está na capital de São Paulo).

Depois disso, é só aguardar os resultados (os meus saíram em cerca de duas semanas) que ficarão disponíveis na sua área dentro do site.

OS RESULTADOS

Os meus apresentaram um alívio não só para mim, mas para toda minha família: eu não apresento pré-disposição a nenhum tipo de câncer ou outra doença detectada pelo teste.

O RESULTADO NÃO É UM DIAGNÓSTICO

Apesar de não apresentar nenhuma mutação nos meus genes, isso não significa que eu não desenvolverei as doenças.

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Como alertado no próprio site do meuDNA: “Este teste identifica o risco de desenvolver certas doenças com base em análises genéticas específicas. Mesmo se o seu resultado não apontar mutações nos genes analisados, fatores externos e/ou alterações em genes não analisados ainda podem causar o aparecimento de doenças. Se o seu resultado mostrar um risco aumentado, tenha calma: isso não significa que você definitivamente terá a doença.”

O resultado negativo nas alterações genéticas não dá carta branca para viver um estilo de vida ruim mas, com certeza, dá uma tranquilidade

Mutações em outros genes, não analisados neste teste, também podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de mama e ovário. É possível que você tenha uma mutação ainda não descrita pela ciência ou em outros genes não investigados neste teste.

Além das mutações genéticas, outros fatores, como histórico familiar, ambiente e estilo de vida, também estão envolvidos. 

meudna
Meu risco de desenvolver câncer de mama ou de ovário | (meuDNA/Reprodução)

O que isso significa, em suma, é que não é porque você não tem uma mutação genética que você pode ter comportamentos de risco para o desenvolvimento, como uma vida sedentária, alimentação ruim ou fumar e beber com frequência.

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O resultado negativo nas alterações genéticas não te dá carta branca para viver um estilo de vida ruim mas, com certeza, dá uma tranquilidade a mais e ajuda na saúde mental, diminuindo a ansiedade em relação a desenvolver essas doenças.

Um resultado positivo te dá o poder de decisão, junto a seu médico, sobre o que fazer para não desenvolver a doença

Por outro lado, um resultado positivo te dá o poder de decisão, junto a seu médico, sobre o que fazer para não desenvolver a doença, seja remover o tecido por inteiro ou apenas mudar os hábitos.

Nesse caso, conhecimento realmente é poder.

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