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Bel e as Feras: o caminho das mulheres no esporte

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Por Amanda Ventorin
Atualizado em 24 Maio 2021, 15h16 - Publicado em 21 Maio 2021, 09h00

Nos últimos anos, as mulheres vêm ganhando força e voz em diversos âmbitos profissionais, principalmente no esporte. Suas histórias de superação e dos bastidores – que muitas vezes nós, do público, não fazíamos ideia – ganharam um espaço especial no podcast Bel e as Feras que estreou no dia 8 de março. A cada episódio, uma mulher forte do esporte é convidada a  falar abertamente de sua trajetória de vida.

A idealizadora do projeto, Bel Mota (44), sempre teve uma conexão forte com o esporte. “Meu sonho era ser surfista profissional, ir pro Havaí participar de campeonato. Morava em Blumenau (Santa Catarina) e me dedicava bastante, mas a vida vai traçando caminhos e vamos nos adaptando. Acabei vindo para São Paulo, para ser modelo e acreditava que assim poderia ganhar um dinheiro para realizar meu sonho”, Bel acabou não se tornando surfista profissional. Hoje pratica bodyboard e se tornou uma renomada comunicadora e apresentadora, reportando grandes eventos como UFC, e atualmente é a voz do canal E! Entertainment America Latina.

Bel nunca parou de procurar maneiras para se comunicar mais e trazer maior relevância para aquilo que considera importante: “Eu gosto dessa coisa da mulher, da transformação feminina. Como desde de menina fui para o mundo sozinha, eu me encantei com esse processo da minha própria evolução e aprendi muito”.

Assim, a Bel comunicadora, com toda sua experiência, e a Bel surfista se encontraram para falar sobre mulheres e esportes, surgindo o podcast Bel e as Feras. “Não tinha nada acontecendo nesse seguimento, pesquisei muito e vi que não tinha um programa destinado para mulheres que envolvem o esporte”.

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Bel Mota
(Bel Mota/Divulgação)

A comunicadora sempre teve a consciência da importância do podcast, pois apesar de todos os avanços, ainda existe certos preconceitos que rondam as atletas no meio esportivo. “As mulheres demoraram para ter essa posição que elas tem hoje nos jogos olímpicos, elas suaram lá atrás desde 1922, quando foi a primeira disputa que as mulheres puderam participar. Elas tem uma história doída nos esportes, sempre deixadas para trás, sempre tendo que provar, com muito esforço, que mereciam ter chegado onde chegaram”, conta Bel. “Existem diversas questões como o machismo, a diferença de salário entre homens e mulheres que precisam ser desconstruídas, e eu quis dar a voz para essas mulheres falarem”.

Com entrevistadas marcantes como Glenda Kozlowski, Daiane dos Santos e Barbara Coelho, Bel também deu um grande passo em sua carreira, ganhando ainda mais autonomia. O projeto foi idealizado, produzido e dirigido pela jornalista. “Eu fiz parceria com a produtora F2 Mídia, e eles gravam através de um link, com uma mesa de edição ao vivo, fazendo alguns cortes. Mas o pré-produção sou eu, eu ligo para as atletas, empresárias, mostro o projeto e sobre o que é. Marco a entrevista, produzo todo o roteiro, pesquiso e tenho uma estagiaria, a Micaela, que me auxilia. Tenho esses dois braços, que me auxiliam, mas o post sou eu, eu que limpo e edito o que acho importante.”

O projeto, por conta da pandemia, está sendo todo gravado de maneira remota e apesar das dificuldades como problemas de conexão, horário e todos os outros, Bel sempre encontra sua motivação, e relembra a importância do podcast quando finaliza uma entrevista. ” Toda vez que eu paro de gravar o podcast, eu tenho uma sensação de estar fazendo a coisa certa, é como estar vivendo uma missão e ela  vibrasse no seu corpo. Toda entrevista que eu termino, eu me despeço e aquela pessoa tocou em mim, de alguma fora. Todas elas do seu jeito, com a sua história. é uma unanimidade, eu desligo e penso: ‘Nossa, eu estou fazendo a coisa certa, meu sangue e minha energia vibra pois essa é uma mensagem importante para as mulheres'”, comenta Bel com brilho nos olhos. Ela não esconde que há momentos em que o desanimo bate, mas logo se lembra da sensação e do significado de Bel e as Feras. 

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A ideia principal do podcast é conhecer as grandes mulheres por trás dessas mulheres do âmbito esportivo. É sobre adaptar para o cotidiano de todas as mensagens importantes de superação, transformação e evolução dentro do esporte que encaixem na vida. “Tem horas que eu estou ouvindo o podcast e penso: isso é ótimo para mim. Estou reclamando de uma produção, pré-produção e ela ficou anos treinando oito, nove horas por dia… A gente acaba fazendo uma comparação legal.”

A força e a superação estão presentes em cada detalhe das entrevistadas e do podcast, assim como na apresentadora. “Eu tenho algumas histórias de superação em várias áreas. Eu tive uma história de vida muito difícil onde o tempo todo tive que aprender a me superar. Perdi um irmão com 18 anos, quando eu tinha 8 meus pais separaram e eu tive que ir pro mundo muito cedo, sobrevivente dessa família que foi despedaçando por razões divinas que a gente não entende”, conta Bel. “Eu aprendi a me superar desde muito cedo. Com 17 anos eu estava morando na Coréia do Sul sozinha, modelando. Eu sempre fui muito forte e percebo que tenho muito aprendizado na superação, pois as coisas vem na minha vida de uma forma complicada, mas aprendi a olhar para isso com positividade e me transformar”. A comunicadora acredita em quatro pilares: Mental, emocional, físico e espiritual, que se entrelaçam a todo tempo durante o podcast com o olhar e a vivência de cada entrevistada.

“Tem muita mulher forte que está fazendo história e precisa ser ouvida e que vai inspirar muito. Meu sonho e meu objetivo com o podcast é que ele chegue em um ranking legal de acesso, que ele seja ouvido. Que a minha voz e a voz dessas mulheres sejam ouvidas, é o momento da voz feminina ser ouvida. É isso que quero proporcionar, que ele seja ouvido e que a voz feminina grite para todos os cantos do mundo pois nossas historias são importantes, fazem a diferença e ajudam muita gente, principalmente nós mesmos porque só quando as escutamos é que percebemos os caminhos que passamos e como precisamos de autocompaixão e abraçar nossa história pois tem muita mulher por aí que tem vergonha da sua história” Bel também afirma que esse é um outro lugar onde quer chegar, mostrar que não se deve ter vergonha do caminho que já se percorreu, por mais árduo que ele tenha sido. “Espero que o podcast acesse o coração de todas as mulheres que estão precisando de um abraço nesse momento”, finaliza Bel Mota.

 

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