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Treinar descalço: afinal, é bom ou não? Especialistas esclarecem

O contato direto com o solo durante as atividades físicas ainda gera polêmica. Afinal, é bom ou não treinar descalço?

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 23 out 2023, 07h46 - Publicado em 20 out 2023, 11h44

Não é incomum ver alguém treinar descalço na academia. Porém, ao ver este tipo de cena, a pergunta que muitos alunos fazem é: vale a pena? A verdade é que existe uma série de pesquisas sobre esse tema, e enquanto algumas defendem a escolha, outras alertam para o risco.

Treinar descalço: vantagens e desvantagens

De acordo com Rodrigo Fenner, fisioterapeuta, coordenador e professor do curso de Biomecânica e Cinesiologia da Faculdade UNIGUAÇU, a diferença entre treinar calçado e descalço é basicamente o fato de o treino sem tênis proporcionar maior estímulo da musculatura dos pés para a estabilização corporal e da amplitude.

“Essa estimulação melhora o controle dos membros inferiores de maneira mais eficiente, a captação sensorial dos pés com o solo ajuda a controlar a postura, auxilia na recuperação da consciência corporal e a estimular os mecanismos de propriocepção (capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo)”, detalha ele.

Um artigo publicado em setembro de 2023 na Revista Muscles, Ligaments and Tendons, afirma que o treino sem calçados é eficiente e melhora a força, a potência e a performance. Para não deixar dúvidas o teste foi realizado com tênis e descalço, com homens e mulheres e utilizou dois tipos de metodologias: baropodometria (identifica as alterações biomecânicas nos pés nas posições ortostática, estática e dinâmica) e estabilometria (mensura as oscilações na postura ortostática).

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“Analisamos homens e mulheres treinados, todos realizaram o exercício de levantamento terra descalço e com tênis com uma carga de 80% do peso corporal”, apontou o PhD Alex Souto Maior, um dos principais pesquisadores na área de treinamento de força para alta performance, prevenção de lesões e reabilitação, e responsável pelo estudo.

“Os resultados confirmaram que a estratégia contribui para a menor oscilação anteroposterior, oscilação laterolateral e a diminuição da pressão da superfície plantar (máxima e média), de ambos os sexos proporcionando maior estabilidade e resultando em maior desenvolvimento de força e potência.”

Os dados contribuem para a compreensão qualitativa e quantitativa de que treinar descalço deve ser recomendado no fitness, na alta performance e na reabilitação por contribuir significativamente com a estabilidade.

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Vale para todos os casos?

Não. Segundo Rodrigo Fenner, o treino descalço é justificável apenas para alguns exercícios de membros inferiores (agachamentos, terra, leg press, elevações pélvicas), ou seja, o tênis continua sendo um item necessário. É importante ressaltar que é fundamental ter o auxílio de um profissional de Educação Física e estar atento para evitar acidentes, tanto com a estruturas dos aparelhos ou de possíveis riscos com a queda de pesos e anilhas.

E para quem tem dúvida de qual tênis usar para o treino na musculação, a melhor opção são os com solados com menos amortecimento, pois quanto menor o amortecimento, mais solicitação do pé, que impactam o conforto e proteção, mas com relação à eficiência, melhor descalço.

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“Vale lembrar que o pé humano tem um arco capaz de suportar a rigidez e deformação de acordo com os terrenos. Desta forma, armazena e libera energia por meio de ligamentos, aponeurose e tendões, a fim de realizar um trabalho eficiente muscular durante o movimento”, esclarece Alex Souto Maior, Doutor em Fisiologia do Exercício pela UFRJ, coordenador e professor do curso de Ciência da Alta Performance da Faculdade UNIGUAÇU.

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