Treinar com dor: quando é sinal de alerta? Especialista responde

Médico do esporte fala dos pontos de atenção entre dor “normal” e lesão 

Por Maraísa Bueno
19 jun 2025, 10h00
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A dor "normal" pode se tornar uma lesão. É preciso ficar atento (./Freepik)
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Sempre após um treino intenso, as dores musculares surgem, mas é preciso ficar atento caso elas continuem e fiquem crônicas, a ponto de sentir dificuldade para se mover. A dor “normal” e a lesão estão lado a lado, principalmente após um dia de atividade física que exigiu mais do que o esperado. 

Boa Forma conversou com o especialista da BurnUp em medicina do esporte, Dr. Marcial Pereira, que explica o que é a dor muscular e quando ela se torna um ponto de atenção durante o treino e não resulte uma lesão. Além disso, ele trouxe a questão sobre até que ponto é possível treinar com dor. Veja a entrevista a seguir: 

Quando a dor muscular se torna uma preocupação? Por quê?

Dr. Marcial Pereira: A dor muscular após o treino, pode ser um sinal de que os músculos estão se adaptando ao exercício e ficando mais fortes, mas é crucial distinguir entre dor normal e dor que indica uma lesão. Um padrão de dor considerado “normal” após os exercícios, ocorre de 24 a 72 horas após o treino, especialmente após aumentar a intensidade ou tentar um novo exercício. Essa dor é causada por microfissuras nas fibras musculares que se reparam e se reconstroem, levando a ganhos de força. Isso é normal, contudo essa dor “normal” não impede nossas atividades diárias e nem interfere no sono, e geralmente ela desaparece em até 72 horas.

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E quando a dor deve ser encarada como sinal de alerta? Quando é uma dor aguda ou lancinante, uma dor que não é muscular, mas sim na articulação, por exemplo, essa deve ser investigada e tratada. Outro fator é se aparecem “sons”, como estalos, durante o exercício ou atividades do dia a dia, isso também chama a atenção para uma investigação mais aprofundada. Febre e fadiga associadas também chamam a atenção e ligam o alerta para buscar ajuda médica.

Fique atento a outros sinais importantes: inchaço ou dificuldade para se mover podem indicar uma lesão mais séria. Além disso, se a dor, em vez de melhorar em até 72 horas, piora com o tempo ou não melhora mesmo com repouso, isso também pode ser um indicativo de lesão. Caso a dor atrapalhe o sono ou interfira nas atividades do dia a dia, é mais um alerta de que algo não está certo.

Até que ponto é possível treinar com dor? E qual seria um exemplo de ponto de atenção de que a dor não é mais “normal”?

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Dr. Marcial Pereira: Se você sente a dor, está doendo aquela musculatura ou região, sendo um sinal de que você ainda não se recuperou totalmente do treino e o músculo precisa de mais tempo para se recuperar. 

Além de todos os sinais que disse acima, avalie o quanto esse desconforto está te incomodando e, se possível, converse sobre isso com o educador físico da sua academia também. De 0 a 10, o quão intenso está esse desconforto? Mais de 6? Se sim, busque trabalhar outros grupos musculares, outras regiões do corpo. Já passou 48 horas do treino e essa dor, invés de melhorar e ir reduzindo, ela está piorando? Procure atendimento médico.

Quando dizem que o músculo trabalhado na série está “doendo” é sinal de que está fazendo efeito, é mito ou verdade? 

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Dr. Marcial Pereira: Não é necessário sentir dor para ter resultado no treino, mas a dor pode ser um indicador de que o músculo está sendo trabalhado. A dor muscular tardia, que surge no dia seguinte ao treino, é frequentemente associada a um bom estímulo para a hipertrofia, mas a ausência de dor não significa que o treino não foi eficaz. 

A dor muscular é uma resposta normal. Ela é frequentemente desejável ao exercício, indicando que os músculos estão se adaptando e se fortalecendo. No entanto, nossa musculatura também passa por adaptações com o exercício, o que é benéfico. Em termos gerais, é como se a musculatura treinada fosse ficando mais eficiente, por isso a dor pode não ocorrer, até que a musculatura seja ativada com outros estímulos: mudanças de pesos ou dos tipos de exercícios realizados.

Apesar de quem pratica atividade física estar com dor, o profissional responsável pode realizar adaptações no treino para que ela se mantenha ativa?

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Dr. Marcial Pereira: Sem dúvidas. É possível e recomendável ajustar diferentes aspectos do treino para manter a pessoa ativa. Isso inclui a intensidade dos exercícios, os pesos utilizados, a duração das sessões (em horas ou minutos), o grupo muscular trabalhado e até o tipo de exercício priorizado. Para isso, é ideal procurar por atividades que não te levem para o caminho do sedentarismo durante aquela lesão ou período de dor, mas que sejam realizadas com a ausência de dor. Por exemplo: uma tendinite no punho pode te impedir momentaneamente de pegar pesos na academia, mas ainda pode te permitir correr. Uma inflamação na planta do pé te impede de correr, mas se você se sente confortável no pilates ou na academia trabalhando os membros superiores com pesos, opte por manter essas atividades.

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