Intolerância à lactose e alergia ao leite: entenda as diferenças essenciais
Ambas exigem cuidados alimentares diferentes. Nutricionista explica

O leite de vaca é um alimento que está sob a mesa de muitas pessoas, além de ser usado em receitas por ser considerado completo do ponto de vista nutricional. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em um relatório técnico, o leite contribui para a saúde óssea (devido a forte presença de cálcio) e nutrição (fonte de vitaminas B12, B2 e D), além de possuir diversos outros minerais, como fósforo, potássio e zinco.
“O alimento contém macronutrientes como a lactose (carboidrato) caseína e proteínas do soro (fração proteica), triacilgliceróis, colesterol (gorduras), bem como micronutrientes (cálcio, magnésio, sódio, potássio, fósforo, ferro, zinco, cobre, selênio e vitaminas A, D, E e K)”, explica a nutricionista da Jasmine, Karla Maciel.
Porém, apesar de todas as qualidade nutricionais citadas acima, o leite pode desencadear reações no corpo, devido a alguns de seus componentes serem considerados alérgicos. E isso pode desencadear a Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) ou a Intolerância a Lactose (IL).
Como surge a intolerância à lactose (IL)?
A lactose é conhecida como principal carboidrato no leite de vaca, mas, muitas pessoas desconhecem seus efeitos no organismo. A nutricionista explica que após a ingestão, ela é hidrolisada em monossacarídeos (ou seja, glicose e galactose) por uma enzima chamada lactase.
“Os monossacarídeos são posteriormente absorvidos no sangue a partir da mucosa intestinal. A lactase é expressa apenas em células intestinais maduras, pelo menos com 34 semanas de idade gestacional no bebê. A Intolerância à lactose (IL) é reflexo da má digestão por conta da baixa atividade ou ausência da enzima lactase”, elucida a nutricionista.
Nos bebês prematuros, a IL geralmente acontece porque a produção da enzima ainda não é suficiente. Mas a intolerância também pode surgir em qualquer fase da vida e ter intensidades diferentes — leve, moderada ou grave — dependendo da quantidade de lactase que a pessoa produz. “Existem pessoas que conseguem produzir a lactase, embora em baixa quantidade, e há pessoas que não produzem nenhuma concentração da enzima. A “dietoterapia” será indicada de acordo com o grau da intolerância”, complementa.
Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) X Intolerância a Lactose IL)
A nutricionista esclarece que a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) se relaciona com a fração proteica do leite. “Trata-se de uma reação do sistema imunológico ao consumir as proteínas do leite, principalmente à caseína, à beta-lactoglobulina e à alfa-lactoalbumina”.
O que difere as duas é que, enquanto a IL está relacionada à má digestão a nível intestinal do carboidrato lactose, a APLV se relaciona com um processo exacerbado do nosso sistema imunológico quando recebe a proteína do leite, que desencadeia sintomas extra intestinais (fora do intestino)”, compara.
“Vale lembrar que a alergia às proteínas do leite de vaca (APLV) é mais frequente na primeira infância, principalmente em crianças com idade inferior a 3 anos. Esta alergia é geralmente transitória, sendo que a tolerância se desenvolve até no terceiro ano de vida”, acrescenta ainda.
Restrições alimentares para os dois casos
A alergia às proteínas do leite de vaca e a intolerância à lactose exigem cuidados alimentares diferentes. Na intolerância à lactose, que relativamente é mais simples de monitoramento, Karla pontua que o consumo de leite e derivados pode ser realizado de duas formas:
1
Escolhendo opções no mercado que já são isentas de lactose.
“Hoje encontramos diversas marcas que facilitam a rotina alimentar do público e já disponibilizam produtos sem lactose identificados pelo ícone presente no rótulo das embalagens” , detalha.
2
Uso de suplementos com base da enzima lactase para administração via oral
Responsável por promover a digestão da lactose quando existir o consumo concomitante de leite e derivados contendo a lactose.
Atenção: No caso da APLV, é necessária a exclusão total de leite de vaca e seus derivados, uma vez que o processo alérgico acontece com quantidades mínimas de consumo da proteína. Sendo assim, estes alimentos devem ser substituídos por leites de origem vegetal, com base em oleaginosas, cereais e leguminosas.
Rotina alimentar adequada
Para suprir os nutrientes presentes no leite, como micronutrientes e proteínas, principalmente, é possível encontrar diversas opções de leites vegetais no mercado. Eles são feitos à base de oleaginosas como amêndoas, castanhas e nozes, cereais como aveia e arroz, são sugestões para substituir o leite de vaca, seja para consumo in natura, ou para uso em receitas variadas.
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