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Sal adicionado aos alimentos aumenta em 28% risco de morte prematura

Adicionar sal aos alimentos à mesa é um comportamento alimentar comum, mas fazer isso com frequência pode representar um riscos, mostra estudo

Por Claudia Amoroso
24 ago 2022, 08h41

As pessoas que adicionam sal extra à comida na mesa correm maior risco de morrer prematuramente por qualquer causa, de acordo com um estudo com mais de 500.000 pessoas.

Em comparação com aqueles que nunca ou raramente adicionam sal, aqueles que sempre adicionam sal à comida têm um risco 28% maior de morrer prematuramente.

RISCOS DO SAL

“O sal é a maior causa de hipertensão arterial (pressão alta). Além de causar retenção de líquidos, o sal causa constrição (estreitamento) das arteríolas, com consequente elevação da pressão arterial. A hipertensão de longa data lesa os rins e seus diversos vasos, ou seja, ocorrem lesões de órgãos-alvo, como acontece no coração e no cérebro. Dados recentes mostram que o sódio (sal) também modula o funcionamento de células imunológicas, apoiando a teoria do aumento inflamatório no organismo”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva, pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, e em Clínica Médica/Medicina Interna.

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CONSUMO IDEAL

Segundo a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas por dia — ou 2 gramas de sódio, mineral que compõe o sal.

“Só que o brasileiro ingere quase o dobro disso: em média 9,34 gramas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O consumo excessivo é um perigo para a saúde, pois o sal está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas e silenciosas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais, entre outras, que podem evoluir com risco aumentado de morte precoce”, explica a Dra. Marcella Garcez.

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“Avaliar a ingestão geral de sódio é notoriamente difícil, pois muitos alimentos, principalmente alimentos pré-preparados e processados, têm altos níveis de sal adicionados antes mesmo de chegarem à mesa. Então todo sal que é colocado a mais nos pratos já prontos tornam-se excessivos com risco de seu consumo crônico lesar alguns órgãos”, explica a médica nefrologista.

ALTERNATIVAS

Os pesquisadores desse mesmo estudo descobriram que os riscos tendiam a ser ligeiramente reduzidos em pessoas que consumiam as maiores quantidades de frutas e vegetais, embora esses resultados não tenham sido estatisticamente significativos. “Frutas e vegetais são as principais fontes de potássio, que tem efeitos protetores e estão associados a um menor risco de morte prematura”, explica a Dra. Caroline.

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Dra. Caroline também argumenta que, além de diminuir o sal extra adicionado após as preparações, o ideal é, na medida do possível, preparar as próprias refeições, uma vez que dessa forma dá para diminuir a quantidade de sódio. “Nunca conseguiremos ter controle da quantidade de sal adicionado em uma refeição comprada em restaurante, fast-foods e delivery. Em casa, na preparação, uma dica é preferir temperos naturais para dar sabor à comida, como: alho, cebola, salsinha, cebolinha, coentro, limão ou outros de sua preferência. Devemos evitar também todos os alimentos que são altamente processados e ricos em sódio, como embutidos, temperos e molhos prontos, enlatados, conservas, queijos amarelos, sopas de pacote e macarrão instantâneo, carnes salgadas, salgadinhos para aperitivos, bolachas salgadas ou doces recheadas, margarina ou manteiga com sal, requeijão normal ou light, maionese pronta, patês, produtos com glutamato monossódico, como molho de tomate pronto, salgadinhos, sardinha em lata, farofa e temperos prontos”, conta a médica. “Assim como devemos adequar o paladar doce para reduzir os excessos de açúcar, o acréscimo de especiarias e temperos proporcionará sabor, sem excessos de sal. Temos ciência de que estratégias de redução de sal no nível social reduzirão os níveis médios de pressão arterial da população, resultando em menos pessoas desenvolvendo hipertensão e suas consequências, lembrando que a pressão alta é a primeira principal causa de insuficiência renal”, finaliza a médica nefrologista.

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