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Saúde no Trabalho, com Bianca Vilela

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A fisiologista do exercício Bianca Vilela dá dicas de exercícios e abordagens para melhorar a saúde no trabalho

Microplásticos na gestação: um perigo invisível!

Por Bianca Vilela
5 jul 2025, 14h00
Microplásticos na gestação
Microplásticos na gestação: um perigo invisível! | (tirachardz/Freepik)
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Nos últimos anos, a ciência tem revelado aquilo que, por muito tempo, esteve escondido aos olhos: substâncias microscópicas que se infiltram silenciosamente em nossos corpos.

A mais recente descoberta deixou especialistas, gestantes e profissionais de saúde em estado de alerta. Pesquisadores identificaram a presença de micro e nanoplásticos na placenta, no leite materno e até nas fezes de recém- nascidos.

Um dado que nos faz parar e refletir: o que, de fato, estamos entregando às novas gerações? Será que estamos subestimando os efeitos da poluição invisível no início mais precioso da vida?

Se essas partículas plásticas já estão presentes em organismos tão vulneráveis quanto um feto ou um bebê, que impacto terão no desenvolvimento neurológico, no metabolismo e no sistema imunológico dessas crianças?

O corpo humano está se adaptando a esse novo “ingrediente” da modernidade ou estamos nos encaminhando para uma crise de saúde silenciosa e progressiva?

Um estudo publicado em 2023 na revista científica Environment International identificou fragmentos de microplásticos em todas as amostras de placenta analisadas, sugerindo que essas partículas são capazes de atravessar barreiras biológicas que, até então, se acreditava serem protetoras.

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A equipe de pesquisadores italianos liderada por Antonio Ragusa revelou que os fragmentos plásticos variavam em forma, cor e tamanho, levantando preocupações sobre os efeitos tóxicos cumulativos dessas substâncias em organismos em formação.

A presença de microplásticos em tecidos humanos representa um novo capítulo nos desafios da saúde pública. Diferente de uma bactéria ou vírus, essas partículas não são “combatidas” pelo nosso sistema imunológico. Elas se alojam, interferem, inflamam.

E, embora seus efeitos ainda estejam sendo estudados em profundidade, os indícios apontam para riscos no desenvolvimento neurológico, na regulação hormonal e na função metabólica.

É como se o corpo estivesse sendo programado, desde o útero, para lidar com um mundo onde o plástico é parte da biologia.

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Além disso, o impacto não é apenas físico, mas também emocional. Para mães que buscam o melhor para seus filhos, saber que algo tão nocivo pode estar presente até no leite materno — um símbolo de nutrição e proteção — é devastador.

E o mais preocupante é que a contaminação não vem apenas do que comemos, mas do que respiramos, tocamos, aplicamos na pele e armazenamos em casa. A exposição é diária, contínua e, em muitos casos, inevitável.

Plástico no prato e na rotina

Será que estamos conscientes do quanto estamos cercados por plástico — e do quanto isso afeta nossa saúde? Ao contrário do que muitos pensam, essa não é uma realidade distante ou apenas dos grandes centros urbanos.

Ela está em todo lugar: nos talheres descartáveis, nos cosméticos, nas roupas sintéticas e até na água potável.

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Segundo levantamento do Instituto Akatu, em parceria com a WWF Brasil, cada brasileiro ingere, em média, 1 grama de microplástico por semana — o equivalente a um cartão de crédito.

Sim, um cartão de crédito inteiro entrando silenciosamente em nosso organismo a cada sete dias. A maior parte disso vem da água, tanto da torneira quanto engarrafada.

O dado é alarmante e reforça a urgência de rever nossos hábitos de consumo e de exigir regulamentações mais rígidas sobre os materiais que usamos.

Esse cenário expõe uma desigualdade: populações de baixa renda, muitas vezes, são as mais expostas e menos informadas sobre os riscos. Falta acesso a produtos livres de plásticos tóxicos, a opções sustentáveis e, principalmente, a informação qualificada.

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O desafio é coletivo, mas a proteção começa no indivíduo. Escolher melhor os produtos que levamos para casa, questionar embalagens, buscar alternativas naturais — tudo isso já é um começo.

A boa notícia é que a ciência está evoluindo. Pesquisas sobre materiais biodegradáveis, alternativas ao plástico e tecnologias de filtragem estão ganhando força.

No entanto, a mudança real começa com consciência e educação. Não se trata apenas de salvar o planeta, mas de proteger nossos corpos — e o futuro dos nossos filhos.

A descoberta de microplásticos em gestantes e recém-nascidos nos obriga a reavaliar o que consideramos “seguro” no nosso dia a dia.

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Precisamos falar sobre isso, ampliar o debate, levar essa conversa para dentro das escolas, das casas, das empresas. A saúde do futuro exige decisões no presente — e não há mais tempo a perder.

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